Lusail — Do "Voa, canarinho, voa" na Copa do Mundo de 1982, ao "Deixa a vida me levar" na campanha do pentacampeonato, em 2002. O Brasil jamais abriu mão de uma batucada liderada pelo maestro Júnior, pelo irreverente Ronaldinho Gaúcho ou por algum animador de ônibus da turma do fundão como Daniel Alves, que, ao contrário do Capacete e do jogador eleito duas vezes melhores do planeta, dificilmente entraria em campo no Catar.
Ontem, Daniel Alves lançou candidatura a mestre da bateria em 2022. Aos 39 anos, o capitão dos reservas do Brasil no duelo com Camarões, às 16h, no Estádio de Lusail, virou meme depois da convocação por ser o percussionista da vez e contra-atacou com ironia as críticas da convocação por Tite para a disputa no Oriente Médio.
Terceira opção do treinador para a lateral direita atrás de Danilo e do zagueiro Éder Militão, o jogador do Pumas, do México, se tornará, hoje, o segundo jogador vinculado a um clube da Concacaf a defender o país no Mundial. O outro havia sido o goleiro Julio César na campanha de 2014. Defendia o FC Toronto à época, em uma estratégia mirabolante para não sair do radar de Luiz Felipe Scolari após ficar encostado no Queens Park Rangers.
Tite fez o mesmo. A aposta no veterano aumentou a rejeição. Bolsonarista assumido, teve a imagem desgastada nas eleições e nos vínculos com atual governo antes de se apresentar para a Copa com o rótulo de que merecia ser cancelado. Sincerão como sempre, o baiano deu de ombros para os ataques. "Se for para tocar pandeiro, vou ser o melhor pandeirista que existe", riu Daniel Alves.
A declaração encerrou a tese de que ele veio ao Catar para concluir um ciclo. "Minha missão é entregar o meu melhor. Temos 26 jogadores com a mesma capacidade de executar, mas, a cada momento, temos um plano. E esse é o plano: saber como joga o Brasil e como vai demandar o meu serviço", filosofou o jogador que se tornará o mais velho a entrar em campo pela Seleção em Copas. Quebrará o recorde do zagueiro Thiago Silva.
Daniel Alves é o último dos laterais direitos acima da média do futebol brasileiro. Ele encerra uma era dourada iniciada por Leandro em 1982, Jorginho (1994), Cafu (1998, 2002 e 2006) e Maicon (2010) — principal concorrente nas edições de 2010 e 2014. Nem os 42 títulos como profissional, incluindo o ouro olímpico em Tóquio-2020, atenuam a presença de Daniel Alves entre os 26 inscritos na fase de maior pressão em 16 anos de Seleção Brasileira.
"Historicamente, na Seleção, alguém sempre teve que pagar a conta. Se eu estivesse no Barcelona, dificilmente esse debate aconteceria. Eles (críticos) erraram porque colocaram na conta de quem mais tem argumentos para pagar. Incomoda, mas não me afeta. Não sou masoquista, não quero que as pessoas falem de mim sem ao menos saber minha dedicação. É fácil para eles fazerem isso, por isso é fácil para mim aceitar ou não. Prefiro ir por outro caminho, que é entregar o meu melhor", desabafou.
Tite blindou Daniel Alves. Embora o veterano seja a terceira alternativa, o técnico fez questão de exaltá-lo. "A gente tem jogadores com características diferentes. Quando ele fala de ataque, eu trato como construção, armação. É um jogador com virtudes técnicas impressionantes. Por isso ele tem essa longevidade em alto nível. A exigência dele não é velocidade. É um jogador técnico em sua essência", sustentou o comandante.
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