COPA DO MUNDO

Com Neymar, Seleção busca quebrar vício de decidir partida apenas no 2º tempo

Em oito exibições sob o comando de Tite na Copa do Mundo, a equipe só balançou a rede na etapa inicial contra Suíça e Sérvia, ambas em 2018, na Rússia. Em todas as demais, os gols só foram marcados nos últimos 45 minutos

Marcos Paulo Lima - Enviado especial
postado em 05/12/2022 03:00
 (crédito: Lucas Figueiredo/CBF)
(crédito: Lucas Figueiredo/CBF)

Doha — Adenor Leonardo Bachi entra na sala de conferência do Centro de Mídia da Fifa, em Doha, com um copo de café na mão direita, uma garrafa de água mineral na esquerda e uma pasta lilás debaixo do braço. Estão ali três dos quatro pontos de apoio do técnico para controlar a mania de apertar as mãos enquanto participa das inquisições pré-jogo.

O quarto desafogo havia ficado no hotel. Sorridente e bem-humorado, Tite pode voltar a se escorar em Neymar na partida de hoje contra a Coreia do Sul, às 16h (de Brasília), no Estádio 974, pelas oitavas de final. Se avançar, o Brasil terá pela frente Japão ou Croácia nas quartas no trajeto rumo ao hexa. Na sequência, Argentina ou Holanda na semifinal.

Aparentemente recuperado da lesão no tornozelo direito, Neymar voltará a campo depois de uma estreia traumática contra a Sérvia. A comissão técnica e o camisa 10 temeram pela sequência do craque na competição. A vigília na fisioterapia e nos demais tratamentos coordenados pelo médico Rodrigo Lasmar levaram Tite a cravar convicto ao ser desafiado pelo zagueiro e capitão Thiago Silva a encerrar o mistério: "Sim, o Neymar vai para o jogo."

O Brasil precisa de Neymar para se livrar de um incômodo vício. O Brasil é time de segundo tempo na Era Tite. Em oito exibições sob o comando dele na Copa do Mundo, a equipe só balançou a rede na etapa inicial contra Suíça e Sérvia, ambas em 2018, na Rússia. Em todas as demais, os gols só foram marcados nos últimos 45 minutos. A dificuldade para resolver as partidas no início provoca situações perigosas como a da última sexta-feira. Camarões abriu o placar no fim da partida e não houve tempo para reação.

Por esses e outros motivos, Tite descarta iniciar a partida com Neymar no banco. Ele admite o risco de a partida contra a Coreia do Sul avançar à prorrogação e até mesmo aos pênaltis, mas prefere contar com o único fora de série desde o apito inicial. "Eu prefiro a utilização do meu melhor desde o início. Eu, e o técnico precisa assumir suas responsabilidades", disse.

Neymar voltará a campo 10 dias depois da lesão contra a Sérvia. O retorno foi condicionado ao comportamento dele no último treino. A atividade foi aberta por meia hora à imprensa. Ele chutou, colaborou na marcação, usou spray analgésico e anti-inflamatórios para aliviar o incômodo na região. "A gente paga o preço de ser melhor, o mais competente, mas não o da saúde. A escalação do Neymar tem o pressuposto da saúde e departamento médico. Deixar bem claro", reforçou Tite ao bancar a utilização de Neymar desde o começo.

O retorno acelerado desafia o ego de Neymar. A Copa do Mundo começa a ver os craques fazerem a diferença. Lionel Messi carregou a Argentina nas costas nas oitavas de final contra a Austrália. Ontem, Kylian Mbappé consolidou a atual campeã França, candidatíssima ao bi.

Cristiano Ronaldo deixou a marca dele na fase de grupos. Falta Neymar apresentar as credenciais dele para concorrer, no mínimo, ao prêmio de melhor jogador desta edição. É preciso tirar o atraso. Mbappé é o artilheiro isolado com cinco gols. Messi tem três.

A convicção para mandar Neymar a campo é a mesma do veto a Alex Sandro. "Ele está fora. Não tem condições médicas e clínicas. A gente não vai colocar porque não tem saúde, e respeitamos a saúde", explicou. Para alívio dele, Danilo recebeu alta. Zagueiro pelo lado esquerdo na última partida da Juventus antes de ele se apresentar a Tite em Turim, o versátil Danilo é o favorito a substituir Alex Sandro. Éder Militão e Daniel Alves concorrem pelo espaço de Danilo na lateral direita. O zagueiro iniciou a partida contra a Suíça. O veterano de 39 anos começou como titular na derrota para Camarões.

Eliminado nas últimas quatro edições por adversários europeus, o Brasil pode ter uma rota sem seleções do Velho Continente até a final — Coreia do Sul, Japão e Argentina, por exemplo. No entanto, Tite evita projeções. "O projeto da Seleção é o jogo contra a Coreia, não colocamos que vai ter esse ou outro adversário. Esse é o nosso objetivo e foco."

Lembra do copinho de café, da garrafinha de água, da pasta lilás e do retorno de Neymar? São as razões para Tite relaxar um pouco em meio à pressão. "Estou em paz em função de saber que estamos preparados para a sequência. Quem ficou fora está mais descansado para o jogo. Quem jogou e jogou bem está mais confiante. Quem jogou e não jogou bem vai ter a oportunidade de melhorar e se preparar", desafiou.

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