FUTEBOL

Romualdo Arppi Filho deixa legado disciplina e respeito no futebol

Segundo brasileiro a apitar uma final de Copa do Mundo, Romualdo Arppi Filho morreu, ontem, aos 84 anos. Dias antes, ao Correio, relembrou o jogo em que domou e ganhou o respeito de craques como Maradona e Matthaus

Victor Parrini
postado em 06/03/2023 03:55
 (crédito: Divulgação/Conmebol)
(crédito: Divulgação/Conmebol)

O sopro da vida se despediu de Romualdo Arppi Filho. O ex-árbitro de futebol faleceu aos 84 anos, ontem, em um hospital de Santos, onde realizava tratamentos renais. Nos tempos de gramado, o paulista colecionou grandes atuações, ganhou admiradores e repetiu o feito que, até 1986, somente um brasileiro havia conseguido: apitar uma final de Copa do Mundo. Na semana passada, pouco dias antes da morte, Arppi relembrou ao Correio aquele 29 de junho, quando comandou o fervoroso Argentina 3 x 2 Alemanha e domou as feras Diego Armando Maradona e Lothar Matthaus.

Romualdo tinha 47 anos quando chegou ao Estádio Azteca, lotado por quase 115 mil pessoas, para conduzir o último ato da Copa do Mundo de 1986. De início, o brasileiro sentiu leve pressão, mas não se deixou abalar. "O impacto em dirigir uma final de Copa do Mundo é muito grande. A responsabilidade do árbitro é enorme. Estar no Estádio Azteca, no México, enorme e com muito barulho foi uma preocupação inicial. No entanto, não houve nenhum tipo de problema durante a partida", recordou.

Arppi Filho não recebeu nenhuma orientação especial da Fifa para a partida. Aplicado, sempre seguiu à risca as regras do jogo em prol da disciplina. O comprometimento gerou reconhecimento. "Lembro que, no vestiário, pedi aos jogadores que puxassem as meias e colocassem a camisa por dentro do calção. Era obrigatório. As equipes sabiam e eram instruídas pela Fifa. Depois, soube, por intermédio de João Havelange, que minha a nota era a maior de todos os árbitros que já apitaram finais de Copas do Mundo", contou orgulhoso.

Nota essa justificada pela atuação segura em um jogo com tudo para sair dos trilhos. A catimba argentina e a imposição física alemã eram preocupações. Um dos grandes momentos da partida foi quando Arppi Filho amarelou um tal de Diego Armando Maradona. "Ele recebeu cartão aos 19 minutos de jogo porque, durante a cobrança de falta, pulou a frente da bola saindo da barreira. No mesmo momento, parei o jogo, Maradona saiu correndo e eu apliquei o amarelo. Após o cartão, os jogadores da Argentina vieram para cima de mim e mandei saírem para não serem expulsos. Em campo, Maradona sempre me respeitou. Craques não reclamam", lembrou.

Romualdo Arppi Filho apitou duas decisões do Campeonato Brasileiro (1984 e 1985), uma final do Mundial Interclubes (1984) e participou de três edições dos Jogos Olímpicos: Cidade do México-1968, Moscou-1980 e Los Angeles-1984. Para ele, o Mundial foi uma inesperada cereja no bolo de uma carreira sólida. "Eu não esperava participar da final da Copa do Mundo de 1986, uma vez que outro brasileiro havia apitado na anterior (Arnaldo Cézar Coelho, em 1982). Para mim, foi uma surpresa e, graças a Deus, correu tudo bem. Tudo o que um árbitro deseja é apitar uma final de Copa do Mundo. Meu desejo foi realizado. Foi um momento de muita alegria", compartilhou.

Ontem, ao Correio, Ricardo Oliveira Arppi, um dos três filhos de Romualdo, falou em nome da família. "Estamos arrasados. É uma perda irreparável. Não só para a família, mas para o futebol mundial. Meu pai é uma referência para mim. Ele sempre dedicou a vida para a família. Minha mãe (Vera Lúcia de Oliveira Arppi) é casada com ele há mais de 50 anos e deixou um legado maravilhoso para todos nós", lamentou. "Sempre foi carinhoso com filhos, sobrinhos e netos. O que pego do meu pai é a competência, a seriedade, a honestidade, o senso de responsabilidade e a correção em tudo o que fazia. Peguei para a minha vida e carrego até hoje."

Em nota, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamentou o falecimento de Arppi Filho e relembrou os grandes feitos da carreira e da vida do ex-árbitro. Nos jogos do Campeonato Candango, por determinação da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), foi respeitado um minuto de silêncio em homenagem ao paulista que fez história pelo Brasil nos gramados de todo o mundo.

 

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