Liga dos Campeões

City faz 1º tempo avassalador, elimina Real e vai à final da Champions

Com sotaque português, os Citizens dão o troco em relação à última semifinal entre ambos e segue para a decisão, em Istambul, no próximo dia 10, onde encara a Inter de Milão

Paulo Martins*
postado em 17/05/2023 17:51
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

Tido como melhor time da temporada, o Manchester City teve a fórmula e o Etihad Stadium como fatores suficientes para superar o atual campeão, Real Madrid, e chegar à final da Liga dos Campeões da Europa, após bater os espanhóis por 4 x 0, na noite europeia desta quarta-feira (17/5).

Quarenta e cinco minutos e um português foram necessários para chegar ao resultado, no conjunto de um futebol envolvente, veloz e dominante, com o lusitano Bernardo Silva em dia de Erling Haaland, como artilheiro do jogo, ao marcar dois gols. Agora, os ingleses seguem para o Estádio Olímpico Ataturk, em Istambul, na Turquia, onde em 10 de junho decide o título continental inédito contra a tricampeã Inter de Milão.

O jogo

O panorama esperado para a partida se confirmou no começo, com um time local apertando territorialmente, usando a habitual paciência com a posse da bola para observar a reação defensiva, com a pressão em campo rival sendo outro trunfo dos britânicos. A retaguarda madridista se provava atenta às investidas, seja por velocidade ou por imposição física, sem se precipitar no próprio terreno.

Entretanto, a intensidade das ofensivas do time de Pep Guardiola era a primeira regra. Assim, na primeira chance com mais campo para jogar, aos seis minutos, Erling Haaland teve uma bola cara a cara com Thibaut Courtois, que logo foi driblado e apenas foi salvo pelo limite do campo, com o norueguês tocando para trás, sem ter um companheiro na área. Em seguida, com mais gente no ataque, o City teve o primeiro chute direto, com Rodri, passando ao lado da meta.

A bola pouco ficava com o Madrid. Sem espaços para subir, logo cedia a posse para os rivais pela falta de opções para trabalhar, sendo cercado pelos numerosos jogadores de azul. Aos 11, John Stones, como volante, testou de fora da área, errando o alvo. No minuto seguinte, Haaland cabeceou, Courtois desviou a bola e David Alaba a tirou quase sobre a linha de gol. O goleiro belga voltou a negar o tento ao artilheiro do campeonato nove minutos depois, mesmo com toque de cabeça na pequena área.

A resistência dos espanhóis parecia questão de tempo para ser em vão, apesar de se notar os locais mais nervosos a cada chance perdida. Aos 23, o gol finalmente apareceu: Kevin De Bruyne achou Bernardo Silva livre na grande área e deu um excelente passe para que o português disparasse para abrir o placar.

Obrigado a abrir-se mais pela desvantagem, o Real cedeu alguns espaços a mais, além de quase nunca ter a bola. Perto de meia hora, os Citizens tinham mais de 80% de posse. Com 31 minutos foi a primeira vez em que os Merengues tiveram a bola na área de ataque, com Vinicius Junior sendo acionado em velocidade, mas perdendo no confronto direto para Kyle Walker, sem conseguir empatar o jogo apesar da boa chance.

Claramente mais adiantado e ciente dos riscos, o time de Carlo Ancelotti partiu para a habitual resposta após a adversidade no marcador pela qual passou nas últimas classificações. Aos 34, quase achou o empate em uma bomba de Toni Kroos de fora da área, parando no toque milimétrico do goleiro Ederson e no travessão que o mesmo defendia.

No lance seguinte, em grande jogada pela esquerda, o Manchester ampliou a vantagem. Jack Grealish acionou Ilkay Gundogan em grande passe e o meia tentou finalizar, tendo o desvio de Éder Militão e a queda de Courtois como suficiente para que a bola sobrasse para Bernardo Silva marcar mais uma vez, agora, de cabeça.

Apesar do cenário complicado, os ibéricos não abriram mão de jogar com os atletas mais espaçados, mantendo a dificuldade de ter a bola e de ter alguma chance de reduzir o prejuízo. O problema com o relógio, curiosamente, para este Real Madrid, era que corresse para acabar o primeiro tempo, logo depois de sofrer mais pressão e riscos de sofrer uma goleada antes do intervalo.

Na etapa complementar, o ensaio inicial de reação dos visitantes pouco a pouco tomava forma, com mais calma e efetividade ao trocar passes e sobretudo pela forma interessante e aguda de chegar rápido à área rival. Aos cinco minutos, Alaba bateu falta perigosa e Ederson salvou os ingleses do começo de uma resposta costumeiramente fatal desta equipe.

O meio físico era uma das alternativas dos madridistas de se impor rapidamente e recuperar a bola, seja com faltas ou com dobra na marcação, além de equilibrar mais a posse. Apesar disso, não conseguia furar o bloqueio imposto pelo rápido e móvel meio de campo e menos ainda chutar a gol com jogadas criadas.

Com o passar do tempo, Ancelotti passou a copiar o esquema de Guardiola para testar outro meio de chegar ao gol: trocou Luka Modric por Antonio Rudiger, aplicando modelo com três zagueiros e liberando os laterais. O nervosismo do banco de reservas saltou para o campo e os Merengues passaram a errar passes e perder as chances de voltar para a partida em si.

A ponto de selar a classificação, Haaland teve o gol negado aos 27 minutos, recebendo passe de clacanhar de Gundogan e parando em uma defesaça de Courtois. Porém, a sorte sorriria de forma definitiva para os ingleses três minutos depois, após cruzamento de De Bruyne em cobrança de falta, desviando acidentalmente em Militão para balançar as redes e definir a passagem à decisão desta edição, sem mais contar com as façanhas milagrosas dos espanhóis no caminho, como o acontecido na temporada 2021/2022.

Outra prova de que as energias estavam a favor dos britânicos foi a dupla defesa de Ederson, nos chutes de Karim Benzema e Dani Ceballos, ambos dentro da área, nas únicas tentativas de um Real Madrid raramente submisso como foi em Manchester. Se existe campeão moral por qualidade futebolística, este é o City. Agora, deverá superar a Internazionale para somar a inédita estrela à camisa, em um sonho que se aparenta próximo à realidade.

Se a tarde não foi do artilheiro da competição, Haaland, seus substituto concretizou a festa no Etihad Stadium. Aos 45, Julián Álvarez recebeu um grande passe de Phil Foden e, livre e cara a cara com Courtois, não desperdiçou a chance, selando a vaga à decisão da melhor maneira possível.

Ficha técnica:

LIGA DOS CAMPEÕES DA EUROPA
Semifinal - Jogo de volta
Manchester City 4 x 0 Real Madrid
Etihad Stadium, Manchester, Inglaterra

Manchester City

Ederson; Akanji, Rúben Dias e Walker; Stones, Rodri, Gundogan (Mahrez), De Bruyne (Foden), Bernardo Silva e Grealish; Haaland (Álvarez)

Técnico: Pep Guardiola

Real Madrid

Courtois; Carvajal (Vazquez), Alaba, Militão e Camavinga (Tchouameni); Kroos (Asensio), Modric (Rudiger) e Valverde; Rodrygo (Ceballos), Vinicius Junior e Benzema

Técnico: Carlo Ancelotti

Gols: Bernardo Silva, aos 23 e aos 36 minutos do 1º tempo, Militão, contra, aos 30, e Álvarez, aos 45 minutos do 2º tempo (Manchester City)

Cartões amarelos: Rúben Dias e Gundogan (Manchester City); Carvajal e Camavinga (Real Madrid)

Arbitragem: Szymon Marciniak (Polônia)

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação