Quando Lionel Messi estreou na Copa do Mundo, em 2006, na Alemanha, faltavam 35 dias para o nascimento de Endrick Felipe Moreira de Sousa, em Taguatinga, no Distrito Federal. O bebê de dona Cintia e seu Douglas tinha dois meses na época em que o craque argentino enfrentou a Seleção pela primeira vez, em um amistoso no Emirates Stadium, em Londres. As carreiras do "Messi" virtual do Brasil e do Messi real da Argentina se cruzarão, hoje, às 21h30, no Maracanã, com um duplo sentimento para quase 70 mil torcedores. Pode ser a estreia do brasiliense no Superclássico das Américas e a saideira do jogador eleito oito vezes melhor do mundo em apresentações no país. Aos 36 anos, o craque entra em cartaz pela 23ª vez em em solo verde-amarelo com o uniforme alviceleste.
Cansados de debater a difícil relação de amor e ódio com Neymar, e à espera do protagonismo de Vinicius Junior na Seleção, os fãs chegam ao duelo com a Argentina carentes de um ídolo para chamar de seu. Gabriel Jesus é questionado. Rodrygo, uma promessa. Raphinha e Gabriel Martinelli não passam de coadjuvantes. A esperança de dias melhores iniciará clássico sentado no banco.
Endrick ouviu conselhos do técnico Fernando Diniz ao pé do ouvido durante a primeira convocação para a Seleção principal. Totalmente compreensível. O caçula do plantel tem idade para estar nas quartas de final do Mundial Sub-17, na Indonésia, mas queimou etapas. Pulou duas categorias e topará de frente com quem, até pouco tempo, era controlado por ele no videogame: Messi, Di María e Lautaro Martínez, por exemplo.
"Fico muito feliz. Só desfrutar desse momento, momento muito importante na minha vida, para a minha família. Tenho que desfrutar o momento, viver o dia a dia. É um sonho que eu tenho desde criança. Espero poder contribuir, ajudar a nossa Seleção, ainda mais diante da nossa torcida. O apoio deles vai ser fundamental para a busca da nossa vitória", convocou Endrick no último domingo, na entrevista coletiva realizada na Granja Comary, em Teresópolis (RJ).
Endrick estreou na derrota por 2 x 1 para a Colômbia, mas uma curiosidade une o atacante e Pelé. Em 1957, o Rei debutou com a camisa canarinha no Maracanã. Saiu do banco de reservas para substituir Del Vecchio e balançou a rede no revés por 2 x 1. O xodó de Diniz também iniciará no banco de reservas — e evita comparações.
"Para mim, o Pelé é o rei, não tem ninguém que vai chegar aos pés dele, para ser comparado. Só agradeço a Deus por ele ter existido e eu ter podido ver filmes dele. Sobre o Messi, é um cara fenomenal, melhor do mundo novamente neste ano. Só quero desfrutar o momento de jogar contra ele, estar no mesmo estádio que ele, um cara que eu só via no videogame. Eu sou mais fã do Cristiano Ronaldo, e o Luis Guilherme (irmão) brincava muito comigo, de o Messi ser o melhor. Vai ser uma experiência maravilhosa ver o Messi de perto", vislumbra o garoto.
Sorte de Endrick e dos 70 mil torcedores privilegiados para testemunhar in loco a possível saideira de Lionel Messi em gramados brasileiros com a camisa da Argentina. O camisa 10 se exibiu em estádios brasileiros 22 vezes. Quatro delas, no Maracanã. Ele e Neymar se apresentaram no estádio a mesma quantidade de vezes. Hoje, o argentino deixará o parça para trás: 5 x 4. O craque também desfilou pelos gramados do Mané Garrincha (Brasília), Mineirão (Belo Horizonte), Beira-Rio (Porto Alegre), Neo Química Arena (São Paulo), Fonte Nova (Salvador), Arena do Grêmio (Porto Alegre), Arena Pantanal (Cuiabá), Olímpico (Goiânia) e Nilton Santos (Rio). São 13 vitórias, 5 empates e 4 insucessos.
A última turnê de Messi é marcada pelo respeito ao Brasil. Ele jamais derrotou a Seleção no país e vem de resultado amargo contra o Uruguai, em La Bombonera. "Temos que nos reerguer e fazer um bom jogo no Brasil. Com o Brasil é um jogo à parte, com muita história. Temos que nos reerguer, sempre respeitando o que eles são", afirmou depois da derrota para a Celeste. Temos que cuidar do que alcançamos e do respeito que ganhamos. Agora vem um jogo diferente, um clássico. Temos uma lembrança linda no Maracanã, mas sabemos que é um jogo difícil", comentou o treinador.
Sem vencer há três partidas, Fernando Diniz tem o maior desafio da carreira: anular Messi. "Não tem como não se preocupar com um jogador desse tamanho. E a gente tem que jogar. Não fugir das características e, ao mesmo tempo, tentar conter a capacidade de criação que ele possui", analisou o técnico.
Messi tem cinco gols contra o Brasil. Todos em amistosos entre as seleções principais. Não balançou a rede da Seleção nas em duelos no solo verde-amarelo. "O Messi é um gênio. Apesar da idade, sempre vai fazer grandes coisas. Estou alertando meus companheiros para tirar cada vez mais as ações dele dentro da partida", afirmou, ontem, o zagueiro Marquinhos.
FICHA TÉCNICA
BRASIL
Alisson; Emerson Royal, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Carlos Augusto; André e Bruno Guimarães; Raphinha, Gabriel Jesus, Rodrygo e Gabriel Martinelli.
Técnico: Fernando Diniz.
ARGENTINA
Emiliano Martínez; Molina, Cristian Romero, Otamendi e Tagliafico; De Paul (Paredes), Enzo Fernández e Mac Allister; Lionel Messi, Julián Álvarez (Lautaro Martínez) e Di Maria.
Técnico: Lionel Scaloni.
Árbitro: Piedro Maza (CHI).
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Onde assistir: Globo e SporTV
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