O Campeonato Brasileiro nunca viveu tão intensamente a Era das Sociedade Anônimas do Futebol (SAF) como em 2023. Dos 20 clubes envolvidos na 21ª edição do torneio nos moldes de pontos corridos, quase metade são geridos no modelo empresarial. Isso, porém, não significa receita para o sucesso. As oito SAFs da elite do país tiveram desfechos diferentes nos extremos da classificação.
América-MG e Coritiba foram rebaixados, enquanto Atlético-MG e Botafogo conquistaram vaga na Libertadores de 2024. O Cruzeiro, além da fuga do rebaixamento, teve o passaporte carimbado para a Copa Sul-Americana. Apesar dos pesares, Bahia e Vasco enxergam o copo meio vazio com a permanência na elite.
O tricolor baiano passou a ser administrado em maio pelo mesmo fundo que comanda o futebol do poderoso Manchester City, na Inglaterra. Houve injeção financeira, mas o choque de filosofias entre o técnico português Renato Paiva e jogadores ficou evidente em campo. O clube buscou um nome de peso. Tricampeão como jogador com o São Paulo e vitorioso como dono da prancheta do Flamengo em 2021 com o Flamengo, Rogério Ceni herdou a responsabilidade. Ainda que aos trancos e barrancos, livrou o campeão de 1959 e 1988 da quinta queda.
Na coletiva após a goleada por 4 x 1 sobre o Atlético-MG, Rogério Ceni compartilhou o apoio recebido pelo CEO do Grupo City, Ferran Soriano. “Ele me ligou e me perguntou como eu estava. Falei que estava triste e chateado. Ele falou que a tristeza tem que durar 24h e disse que, independente de onde a gente acabe, que ele queria que eu continuasse o projeto, na Série A ou B. Isso faz diferença. É muito importante ter o suporte e apoio das pessoas”, desabafou o ex-goleiro.
O “day after” no Vasco também é de alívio, mas de correções de rumos. Diretor esportivo da SAF vascaína, Paulo Bracks foi demitido na manhã desta quinta-feira (7/12). A decisão foi do CEO, Lúcio Barbosa, com membros da 777 Partners — dona das ações do clube. Os executivos avaliam que, apesar da permanência na elite, a meta esportiva para o ano não foi alcançada. O substituto de Bracks ainda não foi anunciado.
Após a vitória sobre o Bragantino, Lúcio Barbosa pôs a boca no trombone. “Essa madrugada, essa manhã, a gente conversou muito e ninguém está feliz no Vasco. A gente está aliviado e muito frustrado por tudo que a gente passou esse ano, e todos somos responsáveis. O que a gente conversou é que a gente não pode mais aceitar isso. O Vasco não merece isso, e ano que vem a gente vai fazer diferente”, garantiu o dirigente.
O lamento de alguns é a alegria de outros. O Botafogo estará de volta à Libertadores após seis anos. O clube do magnata John Textor, porém, entende que o desfecho poderia ser mais feliz. A equipe que liderou o campeonato por 31 rodadas entrará novamente no palco continental, mas jogará a fase prévia para alcançar vaga entre os 32 melhores.
“Acho que fomos uma equipe improvável no primeiro turno. Batemos recordes, fazendo uma campanha realmente maravilhosa, assim como a gente foi improvável no segundo turno, fazendo uma campanha bem abaixo, eu diria pífia”, avaliou o diretor-executivo botafoguense, André Mazzuco.
Dono da caneta da SAF do Cruzeiro, Ronaldo Fenômeno faz balanço positivo. Afinal, a Raposa jogou a Série B nos últimos três anos, conseguiu escapar de nova queda e, de quebra, abocanhou vaga na Copa Sul-Americana. “Nação, o copo está meio cheio! Voltamos à América! Sem vocês não seria possível!”, escreveu nas redes sociais.
Representante do Centro-Oeste ao lado do Goiás, o Cuiabá permaneceu e surpreendeu com a campanha de 12º lugar e nova oportunidade de disputar a Copa Sul-Americana. Diferentemente do Coritiba. Campeão em 1985, o Coxa obteve apenas 26% de aproveitamento dos pontos e se despediu da elite com a vice-lanterna.
SAFs no Brasileirão
América-MG: rebaixado
Atlético-MG: Libertadores
Botafogo: Pré-Libertadores
Bahia: permanência
Coritiba: rebaixado
Cuiabá: Sul-Americana
Cruzeiro: Sul-Americana
Vasco: permanência
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