Futebol Internacional

Guilherme Zimovski: conheça o brasiliense cobiçado pela seleção da Polônia

Entenda por que o jogador de 19 anos nascido no DF pode fazer do contrato com o Radomiak Radom, da elite do futebol polonês, um trampolim para o sonho de vestir a camisa do país do Leste Europeu

O cirurgião dentista Enéas Zimovski chegava em casa depois de atender um paciente, quando recebeu notificação no aplicativo enquanto conversava com o Correio Braziliense, ontem, por volta de 12h50. Era um vídeo do filho Guilherme comunicando ao pai o fim da viagem de 20h de São Paulo à Polônia. Aos 19 anos, o atacante nascido no Distrito Federal havia desembarcado no país do Leste Europeu disposto a investir no sonho do jovem brasiliense de atuar no Velho Mundo. Mais do que isso: o sobrenome do bisavô e o passaporte polonês escancararam as portas para o ex-atleta da base do Capivariano e do Corinthians, recém-contratado pelo Radomiak Radom, 10º colocado na Ekstraklasa (Liga da Polônia), vestir a camisa da seleção do ex-melhor do mundo Robert Lewandoski. A esquadra sub-21 conta com ele.      

O desejo é recíproco. Guilherme Zimovski chamou a atenção de um colega jornalista polonês. O sobrenome e as exibições da promessa na Copa São Paulo Júnior, com gols e dribles vestindo as camisas do XV de Piracicaba e do Capivariano. aguçaram a curiosidade de Tomasz Cwiakala.

O repórter queria escrever um perfil sobre o jogador levado para o Corinthians, onde trabalhou até outubro do ano passado sob o comando do técnico Danilo de Andrade. Elogiado por figurões como Renato Augusto e Fábio Santos num jogo-treino, o atacante teve raras chances com Danilo no ano de contrato e voltou ao Capivariano para a Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano. No meio do caminho, surgiu o interesse do Radomiak Radom, clube fundado em 1910.      

"O avô do meu avô emigrou para o Brasil por causa da guerra. Até recentemente, acreditávamos que éramos de origem ucraniana. Há cerca de seis anos, descobrimos documentos na casa do meu avô que mostravam que o avô dele era, na verdade, polonês e tinha partido por causa da guerra. Graças a isso, obtivemos dupla cidadania. Hoje, o meu avô (paterno) é um fanático pela Polônia. Ele está muito interessado nela. Ele tem 80 anos. Está aprendendo palavras novas para poder me ensinar", conta Guilherme na entrevista ao jornalista polonês.

Arquivo Pessoal -
Arquivo Pessoal -
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Questionado se toparia um chamado para defender a Polônia, Guilherme Zimovski respondeu: "Aceitaria sem quaisquer dúvidas. Eu ficaria muito feliz se fosse convocado, admitiu. Eu tenho um passaporte, eu posso", frisou.

A joia brasiliense aproveitou a entrevista para se apresentar duas vezes aos poloneses. Primeiro, definiu o estilo de jogo. "Sou um ponta que pode jogar pela direita ou pela esquerda. Também posso jogar no meio ou como falso nove. Comparo meu perfil com o do Vinícius Júnior, do Real Madrid, ou do Antony, do Manchester United", afirmou. Zimovski usou até as redes sociais para interagir com torcedores da seleção de lendas como Lato, Boniek, Deyna e Lewandowski, terceira colocada nas Copas de 1974 e 1982. "Olá, poloneses. Gostaria de agradecer sua simpatia. Sou descendente de poloneses. Talvez, um dia, eu jogue pela seleção polonesa, é uma boa ideia, certo?", escreveu no aplicativo X, ex-Twitter.

Guilherme Zimovski pode repetir a escolha de um brasileiro. Com passagem por Corinthians e Flamengo, o ex-lateral Roger Guerrero defendeu a Polônia de 2008 a 2011. Fez quatro gols em 25 partidas. Um deles no empate por 1 x 1 com a Áustria na fase de grupos da Euro-2008.

Família

Enquanto Guilherme Zimovski era recebido com tapete vermelho pela diretoria do Radomiak Radom, a família do atacante controlava a saudade pelo smartphone. "Essa é a parte dura da situação. A gente sabia que uma hora isso aconteceria para a Polônia ou outro país por causa do passaporte europeu. Quando acontece, a gente fica com o coração apertado. No domingo, depois que ele embarcou, eu e a minha esposa (Adriana) conversamos e choramos por vídeo. Não teve como conter, porém foram lágrimas de felicidade, gratidão a Deus", disse o pai, Enéas, em entrevista ao Correio Braziliense.

"É um propósito", acrescenta. "Deus tinha um plano para ele. Foi uma porta aberta. Estamos felizes. Ao mesmo tempo, com sentimento de perda devido à distância. O futebol reserva essas coisas. A vida muda rapidamente de uma hora para oura", conforma-se o pai-coruja.

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