FUTEBOL

Em depoimento na CPI, Textor reforça fraudes em resultados e ataca CBF

Investidor do Botafogo apresenta supostas provas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, mas ouve de senadores que relatórios ainda são "indícios"

O presidente da Sociedade Anônima de Futebol(SAF) do Botafogo, John Textor, deu um depoimento de pouco mais de três horas, como testemunha na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, nesta segunda-feira (22/4), no Senado. O dirigente voltou a falar da existência de fraudes em resultados, ainda que não tenha apresentado provas, e atacou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Para o investidor americano, existe uma "caixa preta" na entidade para a escolha de árbitros da Série A do país.

Textor também compartilhou ter contratado uma empresa estrangeira especializada em monitoramento de comportamento de jogadores no campo, de onde extrai boa parte de suas acusações. Para apresentar as provas que diz ter, o cartola pediu uma reunião fechada com os senadores, sem a presença dos jornalistas e do público. Ele levou relatório com mais de 100 jogos com supostas suspeitas de manipulação, vídeo de lances polêmicos de arbitragem e trechos de conversas dos controladores do VAR.

Após a sessão fechada, os senadores concluíram que o material apresentado por Textor, pelo menos até agora, são indícios de manipulação, que precisam ser investigadas. Durante a audiência aberta, os parlamentares o alertaram que imagens de comportamento do jogador no gramado, como ter afrouxado em determinado lance, não pode ser entendido como prova de qualquer acusação.

"Há indícios e elementos técnicos, que podem não ser provas, mas não há a menor dúvida de que são fundamentais para apresentarmos um diagnóstico e fazer propostas no final", disse o senador Carlos Portinho (PL-RJ). 

Em alguns momentos, falou da virada que o clube carioca levou na partida do returno contra o Palmeiras, em 2023, considerado vital para na pretensão do clube alvinegro ser campeão brasileiro. Após estar vencendo por 3 x 1, e perder um pênalti, o time paulista virou para 4 x 3. Ele se queixou da expulsão de um zagueiro do clube, Adryelson, que teria sido injusta, e culpou o árbitro Bráulio Machado.

"O árbitro precisa acreditar no árbitro de vídeo, e que ele é capaz de enxergar ali, de frame por frame, enquanto o árbitro de campo tem que decidir tudo aquilo em uma fração de segundo. Então, ele avança o vídeo, que mostra que o Adryelson pegou primeiro a bola, e deliberou se ele realizou a jogada, se ele era o último defensor. E o que ocorreu ali, naquele momento, foi muito perturbador", declarou Textor.

O chefe da SAF do Botafogo, em outro momento, levantou suspeitas sobre jogadores do São Paulo, goleado pelo Palmeiras por 5 x 0 mesma competição. Ele afirmou que o vídeo mostra que cinco jogadores são-paulinos atuaram de forma bem diferente do normal. "O computador mostra coisas que o ser humano não é capaz de enxergar. É preciso distinguir um erro humano de outro anormal", defendeu Textor.

Nas críticas à CBF, ele classificou a confederação como uma "caixa preta" e que a entidade tem um muito poder sobre o futebol brasileiro. "Essa logomarca tem um poder imenso", afirmou o dirigente, ao se referir à gestão que envolve escolha e qualidade dos árbitros. "A CBF é a caixa preta dos árbitros. Veja como são escolhidas certas duplas de árbitro (de campo e do VAR). Uma delas foi escolhida para atuarem pareadas entre 16 a 20 jogos", destacou.

Durante a reunião, Textor disse que "nunca fiz acusação sobre qualquer pessoa e clube", mas garantiu que a tecnologia pode provar a manipulação de jogos. "Não quero causar problema a uma pessoa específica", assegurou. Textor também afirmou não ter "evidências de pagamento em dinheiro", afirmou. E completou:
"Digo que os jogos são manipulados, e não o por quê".

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