O retorno do Circuito Mundial de Vôlei de Praia para Brasília após mais de uma década terminou com chave de ouro. As medalhas douradas no peito dos brasileiros foram apenas a cereja do bolo de um fim de semana com confirmação de vaga olímpica, domínio verde-amarelo e festa da torcida no Parque da Cidade. Evandro e Arthur levaram a melhor no masculino, com direito a passaporte carimbado para Paris-2024, e enquanto Ana Patrícia e Duda subiram no topo do pódio feminino.
A disputa do Elite 16 na capital federal trouxe seis duplas do Brasil e todas avançaram para o mata-mata. Os representantes tupiniquins se enfrentaram apenas na chave masculina, na semifinal, quando Evandro e Arthur bateram George e André para avançar à decisão e garantir um lugar nas Olimpíadas, justamente ao lado dos conterrâneos, que haviam garantido a classificação no início do torneio. Na final, eles contaram com o apoio do público para superar os holandeses van de Velde e Immers por 2x1, de virada (parciais de 17x21; 23 x 21 e 15x9).
“Eu e Arthur tínhamos um pacto. Desde o início do ano, a gente vinha conversando bastante e queria carimbar vaga o mais cedo possível. Não veio antes, devido a alguns resultados nossos, o entrosamento, faltavam algumas coisas. Então, nós fizemos o pacto de nos classificar em Brasília, com a torcida do Brasil a favor da gente, nossos familiares, nossa comissão técnica toda aqui. Demos nosso máximo em todos os jogos, nosso time vem em uma crescente bacana, e conseguimos”, revelou Evandro.
Veterano de Olimpíadas, presente no Rio-2016 e Tóquio-2020, o gigante de 2.11m aproveitou para valorizar o companheiro e contou os próximos passos da dupla. “O Arthur é um moleque muito jovem, que está querendo, ninguém está dando nada de mão beijada para ele, ele tem o maior orgulho de estar participando disso. Quando nós iniciamos nosso time, o Arthur estava rodando a primeira vez no Circuito Mundial, mas o que ele está fazendo é incrível, campeão de Elite. Só tenho que aplaudir e agradecer a ele. A gente comemora hoje, mas amanhã já é voltar a trabalhar. A ansiedade era para estar aqui, em Brasília, agora Paris deixa para a comissão técnica pensar”, complementa.
Outra dupla brasileira com vaga nos Jogos, André e George terminaram em terceiro após vencer os alemães Ehlers/Wicker por 2x1.
Entre as mulheres
No feminino, Tainá/Victoria, Carol/Bárbara e Agathe/Rebecca haviam ficado pelo caminho, mas Ana Patrícia e Duda representaram as compatriotas. Com a bola no ar, a decisão contra Nuss e Kloth começou melhor para as estadunidenses, mas bastou as brasileiras ajustarem a recepção para mostrarem o porquê de serem consideradas favoritas sempre que entram em quadra. Dominantes, elas venceram o primeiro set de virada e voaram no segundo para vencer por 2x0 (21x17 e 21x14) e levar o ouro.
Apesar de estarem garantidas nos Jogos de Paris-2024 antes mesmo da disputa em solo candango, a vitória tem sabor especial para as campeãs do feminino. Elas haviam vencido o Brasileiro no fim de semana anterior, mas esta foi a primeira conquista no Mundial em 2024. A dupla ainda precisou superar questões pessoais. Duda havia pego dengue nas semanas anteriores e por isso elas ficaram de fora do Circuito no México. No caso de Ana Patrícia, a jogadora recebeu horas antes do jogo a notícia do falecimento do tio, por isso aproveitou para dedicar o triunfo à família.
Líderes do ranking mundial, as brasileiras reforçaram o motivo de ocuparem o posto e aproveitaram para agradecer o público brasiliense ao longo do torneio. “É muito feliz poder voltar à Brasília, jogamos aqui desde criança, então é especial. A torcida compareceu em peso, desde o começo, todos vibrando e apoiando, ajudou muito nosso resultado”, disse Duda.
Candidatas ao ouro olímpico, voltar a vencer foi mais um passo importante para elevar a moral na reta final da preparação. A previsão é de terem mais quatro campeonatos até os Jogos, mas a dupla pretende participar só de três para ganhar ritmo de jogo antes de rumar para a França.
“A gente sabe que tem um longo caminho pela frente, apesar de faltarem apenas dois meses, mas voltar a ficar em primeiro lugar dá uma força a mais, sempre é bom ganhar. Tem vários torneios pela frente, cada um é uma novidade, coisas para a gente aprender, mas sabemos que nosso foco é em Paris, para representar bem o Brasil”, complementa Duda.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br