A Fórmula 1 desembarca no Canadá para a 9ª etapa da temporada de 2024. Última disputa antes da sequência europeia, que vai de 23 de junho, na Espanha, até 1º de setembro, em Monza, a corrida deste fim de semana acontece no circuito Gilles-Villeneuve, em Montreal, com previsão de chuva após ter tido granizo no treino livre e pista molhada na classificação. A largada, com George Russell em primeiro, será às 15h deste domingo (9/6), com transmissão da Band, BandSports e F1 TV.
Presente no calendário desde 1967, a disputa em solo canadense pode servir como um tira-teima para questões importantes na elite do automobilismo. A principal delas envolve a situação da Red Bull. É exagero falar que a atual campeã de construtores passa por problemas, mas a equipe austríaca não teve o domínio que estava acostumada e viu os rivais Ferrari e McLaren correndo tão bem quanto ou até melhor em etapas anteriores. A depender do resultado, a classificação pode ter um time diferente no topo pela primeira vez desde 2022.
Fato é que todos podem precisar lidar com questões extra durante a prova. Apesar da Pirelli, fornecedora oficial da F1, ter disponibilizado o conjunto de pneus mais macios para a disputa no Canadá, as chances dos carros precisarem calçar os compostos de chuva é de 60%, segundo a previsão do tempo. Não faltaram pilotos escapando da pista e surpresas nessas condições, mas a emoção veio ainda maior na classificação.
Com as duas Ferraris fora da última sessão, eliminadas pela Williams de Alex Albon, o tempo a ser batido era o de George Russell, de 1:12:000. A surpresa veio quando Max Verstappen fez a volta rápida com o cronômetro exatamente igual ao do britânico, mas a pole ficou com o mercedista por ter estabelecido a marca primeiro. Ainda assim, a maior preocupação da Red Bull veio no final do pelotão, com Sergio Pérez. O mexicano vai começar em 16º, aumentando para três a sequência de classificações sem sequer alcançar o Q3.
Começando em 9º no grid, o piloto da casa Lance Stroll é o 11º na classificação da temporada e espera somar pontos na terra natal para se recuperar. Marcando presença na zona de pontuação apenas três vezes em 2024, o piloto da Aston Martin está muito atrás do companheiro de time Fernando Alonso, com o triplo de pontos (33). Nas outras cinco ocasiões em que correu no circuito Gilles-Villeneuve, ele terminou em 9º duas vezes e em 10º outras duas, além de não completar a prova de 2018 por ter batido.
Depois da corrida no Canadá, a Fórmula 1 volta em duas semanas para embalar de vez na turnê europeia. O Grande Prêmio da Espanha, no circuito da Catalunha, em Barcelona, acontece em 23 de junho, às 10h.
A pista
A pista de 4.381 quilômetros, na qual os pilotos percorrem um total de 70 voltas, é uma das mais rápidas da categoria. Com retas longas para os pilotos acelerarem, o percurso possui duas zonas de ativação de DRS (abertura da asa móvel traseira para diminuir o arrasto e dar maior velocidade aos carros) e apenas 14 curvas, mas a maioria de baixa velocidade (baixo downforce) e repleto de chicanes. Ou seja, é muito “freia e acelera”. O melhor giro foi de Valtteri Bottas, que marcou 1m13s078 em 2019, pela Mercedes.
Quando o assunto é pneus, o asfalto não é dos mais agressivos e os pilotos conseguem fazer stints mais longos, mas o problema é o desgaste dos freios. O fator justifica a escolha da Pirelli, fornecedora oficial da Fórmula 1, em disponibilizar os compostos mais macios da categoria, duro C3, médio C4 e macio C5. Ainda assim, a estratégia comum na corrida deve ser priorizar o uso dos de faixa branca (duro) e amarela (médio).
Curiosidades sobre o GP do Canadá
O circuito de Gilles-Villeneuve é a terceira pista a receber a Fórmula 1 em solo canadense. A primeira edição oficial, vencida por Jack Brabham em 1967, foi no Mosport Park, em Ontário, e a seguinte foi no Mont-Tremblant, em Ottawa. A categoria partiu para Montreal apenas em 1978, ano em que o piloto que nomeia a pista foi o vencedor. Desde então, quem mais se destacou por lá foram os heptacampeões mundiais Michael Schumacher e Lewis Hamilton, com sete vitórias cada, seguidos pelo brasileiro Nelson Piquet, com três.
O GP do Canadá foi palco para a primeira vitória de grandes pilotos, como Lewis Hamilton (2007),Thierry Boutsen (1989), Jean Alesi (1995), Robert Kubica (2008), Daniel Ricciardo (2014) e o próprio Gilles Villeneuve, que venceu em casa em 1978. Para a temporada atual, os únicos do grid a ainda não subirem no topo do pódio são Piastri, Tsunoda, Stroll, Hulkenberg, Albon, Magnussen, Zhou e Sargeant.
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Independente do ganhador, o troféu do vencedor em 2024 será uma novidade. Em parceria com a AWS, da Amazon, o prêmio dado ao ganhador terá o design feito por uma inteligência artificial generativa, com a ideia de fazer o design ideal.
Mas além do primeiro lugar, quem precisa ficar de olho, na realidade, são os vencedores do mundial (mas vale para os demais também). A curva 14, na saída da última chicane do percurso, ganhou a fama de “muro dos campeões” após ver a corrida de muitos pilotos terminar por lá, principalmente em 1999. Na ocasião, Damon Hill, Schumacher e Jacques Villeneuve (filho de Gilles) bateram na parede e precisaram abandonar. Rubens Barrichello (2001), Jenson Button (2005) e Sebastian Vettel (2011) também sofreram por lá.
Button, inclusive, foi protagonista de uma das principais provas no Canadá. O Grande Prêmio de 2011 ficou marcado por ser a corrida mais longa da história da Fórmula 1, com mais de 4 horas de duração. A demora foi em razão das fortes chuvas em Montreal, que obrigaram uma bandeira vermelha de 2h. Debaixo de muita água e com vários pit-stops, o campeão mundial de 2009 chegou a ficar na última posição após punições e paradas, mas conseguiu se recuperar e aproveitou um erro de Vettel na última volta para terminar em primeiro.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima
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