Depois de mais um hiato, desta vez de quase um mês desde Singapura, a Fórmula 1 está de volta para o Grande Prêmio dos Estados Unidos, 19ª etapa da temporada de 2024. Dando início a primeira rodada tripla que marca a reta final do campeonato, o fim de semana no Circuito das Américas (COTA), em Austin, será no formato sprint e chega com novidades no grid. Os primeiros compromissos são nesta sexta-feira (18/10), com o único treino livre e a classificação da prova curta, às 18h30. No sábado (19/10), é vez da corrida de sprint, às 15h, e do qualy da principal, às 19h, enquanto no domingo (20/10) será dada a largada oficial, às 16h. Band, BandSports e F1 TV transmitem.
Apesar de restarem apenas seis GPs na temporada, 180 pontos estão em jogo na caça ao líder Max Verstappen, da Red Bull, que ainda mantém uma vantagem de 52 pontos para Lando Norris, da McLaren. O momento, no entanto, é difícil para o atual tricampeão mundial, que não vence há oito corridas e ultimamente briga mais por um lugar no pódio do que pela vitória. Do outro lado, o piloto britânico tem em mãos o carro mais rápido do grid, mas ainda não conseguiu estabelecer o favoritismo e passou por conflitos de prioridade interna com o companheiro de equipe, Oscar Piastri.
A ordem de momento na McLaren é definir a preferência de corrida em corrida, mas quem deve ser beneficiado nos Estados Unidos é Norris. Vencedor em Miami, Holanda e Singapura, ele precisa fazer 8,6 pontos a mais que Verstappen por fim de semana para sonhar com o título. No cenário atual, mesmo que o inglês vença todas, incluindo as sprints, e some o ponto extra de volta mais rápida, basta o holandês terminar em segundo em cada uma delas que será tetracampeão.
Chegando na reta final da temporada, o GP no Circuito das Américas promete ser um dos mais importantes para entender o que virá pela frente até a decisão, em Abu Dhabi. Esta será provavelmente a última etapa em que as equipes levarão um pacote de atualizações maiores aos carros, então o desempenho nos EUA deve ser semelhante ao que será visto nas outras provas, com exceção de Las Vegas, o último circuito de rua do calendário, com características diferentes das demais.
Mas por falar em novidade, a maior delas é Liam Lawson, piloto neozelandês que assumiu o posto de Daniel Ricciardo na Racing Bulls. O jovem de 22 anos retorna ao grid pela primeira vez desde 8 de outubro do ano passado, quando substituiu o próprio Ricciardo, lesionado, por cinco corridas. O australiano é outra ausência para a torcida estadunidense, já que o único representante do país na F1, Logan Sargeant, foi demitido da Williams e deu lugar ao argentino Franco Colapinto.
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Depois dos Estados Unidos, a Fórmula 1 retorna na próxima semana, em 27 de outubro, para o Grande Prêmio do México, no Autódromo Hermanos Rodríguez. A largada está prevista para às 17h. Verstappen lidera o campeonato de pilotos, com 331 pontos, seguido por Norris (279) e Leclerc (245). A McLaren assumiu a dianteira entre os construtores e está com 516 pontos, contra 475 da Red Bull.
A pista
O percurso de 5.513 quilômetros, na qual os pilotos percorrem um total de 56 voltas, reúne traços característicos de várias provas. O intuito foi reunir o que tinha de melhor em outras etapas, por isso existem pontos que remetem o desenho de Suzuka (Japão), Silverstone (Reino Unido), Spa (Bélgica), Istanbul Park (Turquia), Hockenheim (Alemanha) e até Interlagos, no Brasil.
Das 20 curvas, a maioria delas é uma sequência realizada em alta velocidade, além de duas zonas de DRS (abertura da asa móvel traseira para diminuir o arrasto e dar maior velocidade aos carros), uma delas na reta que se estende por 1,2 km. Assim, o Circuito das Américas é palco certeiro para muitas ultrapassagens. Em 2023, por exemplo, foram 78 trocas de posição.
Outro ponto curioso é na reta dos boxes, que tem uma elevação de 41 metros do início, na curva 20, até o final, na curva 1. O tamanho é equivalente a subir 12 andares de escada e é o recorde de diferença de altura entre dois pontos da mesma reta, considerando as sedes da temporada atual.
Já quando o assunto é estratégia, o GP dos Estados Unidos oferece um prato cheio. O asfalto não é dos mais carinhosos com os pneus, por isso a Pirelli, fornecedora da Fórmula 1, escolheu os compostos de “meio-termo” para o fim de semana. Assim, os carros poderão calçar as borrachas duro C2, médio C3 e macio C4. No entanto, as escolhas variam muito, pois o tempo perdido nos pit stops é de apenas 20.3 segundos de média, número menor do que em outros circuitos, por isso as equipes geralmente se programam para fazer duas ou mais paradas.
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Com pneus mais novos, os pilotos podem acelerar sem se preocupar, o que também resulta em maior desgaste e, consequentemente, mais paradas nos boxes.
Curiosidades sobre o GP dos Estados Unidos
Pode parecer estranho falar que a etapa deste fim de semana é o GP dos Estados Unidos, já que o país sedia três corridas no ano, contando com Miami e Las Vegas. Este, no entanto, é o mais tradicional, com a primeira edição oficial da F1 ainda em 1959. Desde então, a prova teve períodos em que ficou de fora do calendário, mas retornou de vez em 2012, em Austin. A cidade no Texas é a sexta a receber o Circuito das Américas, que já foi sediado em Sebring (1959), Riverside (1960), Watkins Glen (1961 a 1980), Phoenix (1989 a 1991) e Indianapolis (2000 a 2007).
Considerando o recorte apenas desde a mudança para Austin, somente dois pilotos venceram por lá em mais de uma ocasião: Lewis Hamilton, cinco vezes, e Max Verstappen, três. O britânico, inclusive, confirmou dois títulos de campeão mundial nos EUA, nas corridas de 2015 e 2019. Se considerar todas as edições desde 1959, o heptacampeão ainda é quem mais vezes viu a bandeira quadriculada primeiro, com seis, seguido por Michael Schumacher, com cinco.
Os brasileiros, claro, não ficam de fora. Ayrton Senna venceu duas vezes (1990 e 1991), enquanto Emerson Fittipaldi (1970) e Rubens Barrichello (2002) garantiram uma cada. O triunfo de Rubinho também ficou marcado por ser uma das cruzadas de linha de chegada mais apertadas da história, com diferença de apenas 0.011s de margem para Schumacher.
Outra vitória marcante foi a de Kimi Raikkonen, em 2018, encerrando a maior sequência sem vencer de um piloto. Na ocasião, o finlandês ficou 114 anos sem saber o que era terminar no topo do pódio.
Entre os vários GPs históricos nos EUA, chama a atenção o de 2005, que teve a menor quantidade de carros. Na época, Michelin e Bridgestone forneciam os pneus da categoria e cada equipe optava por uma. No entanto, aquelas que calçavam os compostos da Michelin recolheram para os boxes após a volta de apresentação alegando falta de segurança. Por isso, apenas seis pilotos, todos de Bridgestone, participaram da prova.
Já fora das pistas, Austin estabeleceu em 2022 o recorde histórico de público em um fim de semana da Fórmula 1, com cerca de 440 mil pessoas ao longo dos três dias.
O que é a sprint?
Implementadas em 2021, as provas de sprint são corridas curtas, com até 100 km de distância e um terço da duração das provas normais. Apesar de dividir os pilotos entre os que apoiam e os que criticam, a bateria curta foi criada com o intuito de gerar mais entretenimento e competitividade.
Serão seis finais de semana de sprint na atual temporada. Além dos Estados Unidos (COTA), o modelo esteve presente nos GPs da China, Miami e Áustria e faz parte do cronograma das etapas no Brasil e no Catar. Nas etapas com a prova curta, o fim de semana tem um formato com apenas um treino livre, na sexta-feira, assim como a qualificação da sprint. Depois, no sábado, é dia da disputa reduzida e do qualy da corrida normal, marcada para domingo.
Apenas os oito primeiros pilotos pontuam, com 8 pontos para o vencedor, 7 para o segundo e assim em diante, até o oitavo ficar com o ponto final. Quem fizer a volta mais rápida não ganha a bonificação. Após a sprint, a prova original acontece normalmente, com o sistema de pontuação tradicional.
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