LIBERTADORES

Botafogo bate o Atlético-MG e conquista o título inédito da Libertadores

Glorioso tem o volante Gregore expulso no primeiro minuto de jogo, mas mantém organização, vê estrela de Luiz Henrique e Júnior Santos brilharem e fatura a taça mais cobiçada do continente com o 3 x 1 no Monumental de Núñez

O êxtase da comemoração botafoguense no gramado e nas arquibancadas do Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires -  (crédito: Luis Robayo/AFP)
O êxtase da comemoração botafoguense no gramado e nas arquibancadas do Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires - (crédito: Luis Robayo/AFP)

Por um dia, o hino do novo campeão da Libertadores poderia ser outro. O trecho “Foste herói em cada jogo, Botafogo” poderia facilmente ser adaptado para “10 heróis no decisivo jogo/ Por isso que tu és e hás de ser nosso imenso prazer”. O enredo da vitória por 3 x 1 no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, neste sábado (30/11), é mais do que uma licença poética para a atualização. 

O Botafogo encerra uma era de gracejos dos rivais. Tornou-se o último grande clube do Brasil a faturar o título e brindou o futebol do Rio de Janeiro com uma era dourada de conquistas seguidas. Em 2022, o Flamengo faturou o tri da América do Sul. No ano seguinte, o Fluminense entrou no panteão dos vitoriosos e libertados. 

A expulsão do volante Gregore no primeiro minuto de jogo, após acertar as travas da chuteira na cabeça do atleticano Fausto Vera, prejudicou o esquema 4-2-3-1 do técnico Artur Jorge e o processo de criação ofensiva botafoguense. Decisivo com gols nos jogos contra Red Bull Bragantino e Palmeiras pelo Brasileirão, o carregador de piano colocou o técnico Artur Jorge em uma encruzilhada: mudar ou não mudar? Eis a questão. 

O português com quase oito meses de América do Sul confiou no que tinha de melhor. Não fez substituição, mas reorganizou o sistema inteligente sistema 6-3-. O objetivo era ter mais amplitude, dificultar o vício do Atlético-MG dos jogos pelas pontas e forçá-los a jogar pelo meio. Deu certo. As melhores oportunidades mineiras no primeiro tempo foram em arremates de longa distância de Hulk. Infiltrou bem com Guilherme Arana, mas a finalização passou longe.

O Atlético-MG teve 79% de posse de bola. A superioridade numérico, porém, era inofensiva. O repertório atleticano era pobre, não passava de toques excessivos e cruzamentos forçados. A postura mineira escancarou um Botafogo organizado e compromissado. O nível de concentração botafoguense não caiu diante da adversidade. Na primeira oportunidade de escapada para o ataque, abriu o placar aos 35 minutos e aliviou a pressão. Luiz Henrique inverteu de lado, abriu pela esquerda, limpou Lyanco da jogada e passou para Marlon Freitas chutar. A bola ricocheteou e sobrou novamente para o camisa 7 estufar as redes.

Dez minutos depois, o Atlético-MG sofreu um apagão e um erro de comunicação custou caro. Guilherme Arana tentou proteger bola na grande área, mas Luiz Henrique foi astuto, quase a pegou e foi derrubado pelo goleiro Everson. O VAR confirmou o pênalti, e Alex Telles converteu. 

Com a desvantagem de 2 x 0 em meio à superioridade de homens em campo, o Atlético-MG precisava mudar. Diferentemente do técnico botafoguense, Gabriel Milito não tinha motivos para manter a mesma equipe. Antes de a bola rolar novamente, promoveu três mudanças: tirou o zagueiro Lyanco para entrada do volante Mariano, sacou o ala Scarpa para o atacante Vargas e substituiu o volante Fausto pelo meia Bernard. Abriu mão do esquema 3-4-2-1. Campeão da Libertadores pelo Galo em 2013, Bernard assumiu a responsabilidade articulador. Hulk era o escape pela esquerda, e Paulinho pela direita. Deyverson e Vargas eram as referências dentro da área. 

As mudanças não demoraram a surtir efeito. Um escanteio aos dois minutos da etapa final renovou o ânimo mineiro. Hulk coloca bola na cabeça do de Eduardo Vargas. Com 1,74m de altura, o chileno cabeceia firme e desconta. A bola caiu no setor em que o volante Gregore (1,81m) normalmente estaria. Mas a alegria do gol do Galo durou pouco. Ao contrário dos cariocas, o Atlético-MG não soube aproveitar o momento da bola na rede. Apressou as jogadas, abusou dos cruzamentos e começou a entrar no momento do desespero. 

O técnico Gabriel Milito abriu mão do amuleto Deyverson e confiou em Alan Kardec. Artur Jorge tirou as estrelas Luiz Henrique e Thiago Almada para colocar o ponta Matheus Martins e o centroavante Junior Santos. A ideia era ter mais velocidade no contra-ataque e capacidade de segurar a bola no ataque. 

No entanto, o Atlético-MG seguiu em cima. Aos 40 minutos, teve chance de ouro com Eduardo Vargas. Mariano teleguiado a bola para o chileno na pequena área e, antecipando-se aos zagueiros, o chileno mandou por cima. Na sequência, aproveitou outra bola longa e batida de cabeça da zaga botafoguense e, de frente para John, isolou. 

Artilheiro da Libertadores e responsável por brilhar no início da campanha do clube, com nove gols, Junior Santos foi o dono do último ato. Assumiu protagonismo pela direita, tirou onda com bela jogada individual contra dois, invadiu a área, chutou, pegou o rebote e estufou a rede. Botafogo campeão. 

  • Botafogo
    Botafogo Foto: ALEJANDRO PAGNI / AFP
  •  Botafogo's players celebrate with the trophy after winning the Copa Libertadores final football match between Brazilian teams Atletico Mineiro and Botafogo at the Mas Monumental Stadium in Buenos Aires on November 30, 2024. (Photo by ALEJANDRO PAGNI / AFP)
    Botafogo's players celebrate with the trophy after winning the Copa Libertadores final football match between Brazilian teams Atletico Mineiro and Botafogo at the Mas Monumental Stadium in Buenos Aires on November 30, 2024. (Photo by ALEJANDRO PAGNI / AFP) Foto: AFP
postado em 30/11/2024 19:01 / atualizado em 30/11/2024 22:07
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