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Roberto Assaf: Zico tem mais títulos do que BH e Arrascaeta

Caneco de BH e Arrascaeta no domingo não faz a dupla ultrapassar Zico. Roberto Assaf mostra os números

Caneco de BH e Arrascaeta no domingo não faz a dupla ultrapassar Zico. Roberto Assaf mostra os números -  (crédito: Foto: Gilvan de Souza / CRF)
Caneco de BH e Arrascaeta no domingo não faz a dupla ultrapassar Zico. Roberto Assaf mostra os números - (crédito: Foto: Gilvan de Souza / CRF)

Voltamos ao insuportável. Antes, o equívoco partia de setores da imprensa que odeiam o Flamengo. Pois a coisa piorou. Agora é o próprio Flamengo que renega os seus títulos. Repetimos: há um grande erro em relação à contagem de títulos elaborada pelo jornal O Globo, há dois meses, e que acabou sendo adotada pela mídia com passividade.Inclusive pelos próprios jogadores que participaram das conquistas.

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Quem está afirmando aqui neste espaço foi curador do Museu do Flamengo no seu primeiro ano de construção (2021). E que é pesquisador do clube há 15 anos, contribuindo com alguns colegas que exercem – ou fizeram – atividade semelhante no cotidiano. Como Arturo Vaz, Celso Júnior, Bruno Lucena, Eduardo Vinícius (ambos falecidos nesta década), Marcelo Abinader e Maurício Neves. Dudu, que faleceu infeliz e prematuramente em 2024 – foi indicado por mim – e aceito pelo Flamengo – para prosseguir na curadoria do Museu, trabalho que levou adiante até a sua inauguração, faz seis meses.

Sem discutir outros nomes das duas gerações – 1980 e 2020 – vamos aos números corretos. Com referência apenas a dois dos intocáveis na relação dos principais craques da história do clube..

Zico ganhou 23

Torneio do Povo (1972), Taça Guanabara (1972, 1973, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982 e 1988), Taça Rio de Janeiro (1986), Estadual (1972, 1974, 1978, 1979, 1979, 1981 e 1986). E também Campeonato Brasileiro da CBF (1980, 1982 e 1983), Campeonato Brasileiro do Clube dos Treze (1987), Copa Libertadores da América (1981) e Mundial de Clubes (1981).

Júnior ganhou 22

Taça Guanabara (1978, 1979, 1980, 1981 e 1982), Taça Rio de Janeiro (1983 e 1991), Estadual (1974, 1978, 1979, 1979, 1981 e 1991), Campeonato Brasileiro (1980, 1982, 1983 e 1992), Copa Libertadores da América (1981), Mundial de Clubes (1981), Copa do Brasil (1990), Copa Estado do Rio de Janeiro / Capital (1991) e Taça dos Campeões Brasileiros (1992).

Arrascaeta e Bruno Henrique ganharam 18

Taça Guanabara (2020, 2021 e 2024), Taça Rio de Janeiro (2019), Estadual (2019, 2020, 2021 e 2024), Copa do Brasil (2022 e 2024), Campeonato Brasileiro (2019 e 2020), Supercopa do Brasil (2020, 2021 e 2025), Copa Libertadores da América (2019 e 2022) e Recopa Sul-Americana (2020).

É fundamental esclarecer que todos os títulos que não estão na relação divulgada pela mídia – de propósito ou por esquecimento – foram conquistados quase sempre no Maracanã, contra gigantes do futebol brasileiro, com públicos iguais ou muito superiores à capacidade atual do estádio. E com estrutura e reconhecimento oficiais das federações e confederações, ou seja, diplomação de atletas e troféus entregues pelas entidades, além de pôsteres publicados em jornais e revistas, exibidos orgulhosamente em todos os locais.

Mas vale lembrar que decisões de Taça Guanabara e de Taça Rio de Janeiro fomentaram larga movimentação na imprensa e nos torcedores. Afinal, tiveram influência em convocações para seleções e deixaram muita gente acordada por por madrugadas inteiras, gritando sem parar…

Esqueceram estes títulos?

Vamos a um só exemplo – para não estender demais o texto. O Flamengo ganhou a sua primeira Taça Guanabara em 1970. A Taça Guanabara foi criada em 1965, como competição isolada, e o título garantia a presença do campeão – e só do campeão – como representante do Rio de Janeiro na Taça Brasil, único torneio nacional da época. A decisão de 1970 foi disputada no domingo, 31 de maio, com público de 106.515 espectadores. O Flamengo disputou 14 partidas para conquistar o troféu. A decisão de 1970 teve um grande concorrente, a transmissão direta da abertura da Copa do Mundo, no México, para o Brasil.

Para ficar bem entendido: foi a primeira transmissão direta de Copa do Mundo para o Brasil. Até 1966, era pelo rádio. Mesmo assim, lá estavam mais de 100 mil pessoas no Maracanã. E o Flamengo ignora oficialmente o título. É como isso não tivesse ocorrido. Isso é um absurdo. A ignorância dos dirigentes é de estarrecer. De estarrecer.

Públicos

Vamos a alguns públicos de decisões de Taça Guanabara conquistadas pelo Flamengo, todos registrados antes de o Maracanã diminuir: 1972  (5 x 2 Fluminense – 137.002), 1973 (1 x 0 Vasco – 160.342), 1982 (1 x 0 Vasco – 100.967), 1984 (1 x 0 Fluminense – 99.898) e 1999 (Flamengo 2 x 1 Vasco – 96.681). O Flamengo foi campeão com 160 mil pessoas em um jogo e o clube ignora. De estarrecer. Santa ignorância!

As demais competições, além dessas, também não mencionadas pela mídia – propositadamente, na opinião deste espaço – ou pelo Flamengo – pelo desconhecimento de todos – estão no mesmo contexto. Vocês acham que José Boto tem alguma idéia disso? Provavelmente, nunca ouviu falar…

Não se discute aqui a quantidade de títulos conquistados por gerações distintas. Ou se uma foi melhor que a outra. Afinal, o objetivo aqui é qualificar as competições. Enfim, explicar a importância das que foram desprezadas pela mídia – e agora, por incrível que pareça – pelo próprio Flamengo.

Enfim, ainda há tempo para corrigir o equívoco da mídia. E do próprio Flamengo e de seus dirigentes que ignoram a história, como se fez aqui.

Redação Jogada10
RJ
postado em 06/02/2025 01:10 / atualizado em 06/02/2025 09:16
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