Brasileirão

Guia da Série D: conheça o grupo de Ceilândia e Capital no torneio

Gato Preto e Coruja representam o futebol candango em busca do sonhado acesso após 12 anos longe da terceira divisão; campeonato começa com polêmica nos direitos de transmissão e nos laudos dos estádios

A cobiça dos candangos: última participação de um time local na terceira divisão ocorreu em 2013 -  (crédito: Rafael Ribeiro/CBF)
A cobiça dos candangos: última participação de um time local na terceira divisão ocorreu em 2013 - (crédito: Rafael Ribeiro/CBF)

Entra ano, sai ano, e o sonho dos clubes do Distrito Federal segue o mesmo: o acesso. A nova tentativa começa neste sábado (19/4), com o início da Série D e a chance de dar fim ao jejum de 12 anos do futebol candango sem conseguir subir da última divisão do Campeonato Brasileiro. Representado pelo Ceilândia e o estreante Capital, o quadradinho conta com duas peças no tabuleiro de 64 clubes em busca das quatro vagas para a Série C de 2026. No entanto, a bola vai rolar em meio a polêmicas que ofuscam a segunda maior competição do país em termos numéricos.

A primeira rodada do torneio irá começar uma semana depois do previsto. O adiamento inicial foi em razão do problema com os laudos técnicos dos estádios que serão palco dos jogos. Até o momento, 24 continuam com pendências, o que irá obrigar muitos clubes a mandarem partidas longe de casa ou com portões fechados.

A principal polêmica, porém, é a situação da transmissão. Em tempos de fraudes e manipulações de resultados no futebol brasileiro, a Série D pode começar às escuras. A CBF ainda não chegou a um acordo sobre os direitos de transmissão do campeonato e somente diz estar negociando com empresas interessadas. O cenário é o mesmo do ano passado, quando não houve negócio fechado com nenhum meio e os próprios times que faziam as próprias transmissões em alguns jogos.

Desta vez, os clubes tentaram negociar os próprios direitos com os veículos, como o caso do Treze-PB, que acertou com o Canal Goat. Porém, após reunião do Conselho Arbitral da Série D, a CBF proibiu que as equipes negociassem por conta própria. A entidade, inclusive, ameaçou suspender o repasse financeiro que ajuda nas despesas de logística, transporte, arbitragem e até pagamento de salários dos times.

“Lamentavelmente, é um preço que o Treze não consegue pagar. Entendemos que um produto esportivo de viabilidade econômica ainda frágil, como a Série D, só conseguirá se valorizar se efetivamente existir para o público, se estiver disponível e se for ao ar. Resta aos clubes que quiserem e tiverem condições, segundo a CBF, custear suas próprias transmissões”, escreveu o clube, em nota.

A resposta da CBF foi em ofício assinado pelo diretor jurídico André Mattos, publicado na quarta-feira. O documento endereçado aos clubes justifica a decisão em razão da própria entidade negociar os direitos de maneira exclusiva para os possíveis detentores.

Dilemas à parte, a Série D continua no formato tradicional das temporadas passadas. São 64 clubes divididos em oito grupos regionalizados. Todos se enfrentam em partidas de turno e returno e os quatro com melhor pontuação em cada chave avançam para a segunda fase, na qual começa o mata-mata, sempre decidido em confrontos de ida e volta. No fim, as equipes que alcançarem a semifinal garantem vaga na terceira divisão do ano seguinte.

Entre os participantes estão figurões que disputaram a Série A na era dos pontos corridos, casos de Joinville, Santa Cruz, América-RN e Portuguesa.

 Jogo do gama e ceilandia estadio abadião
Jogo do gama e ceilandia estadio abadião (foto: Alan Rones)

Candangos no páreo

A realidade dos clubes candangos é novamente de superação para tentar se livrar das camisas de força que impedem os times da capital a alcançar patamares mais altos. Os responsáveis da vez por aceitar a missão são Ceilândia e Capital, a sétima dupla diferente a tentar o acesso pelo DF. O Gato Preto e a Coruja são membros do grupo A5, no qual disputarão ponto a ponto com os vizinhos. Aparecidense, Goiânia e Goianésia representam o Goiás, Mixto e Luverdense são do Mato Grosso e o Porto Velho de Rondônia.

Para quebrar a barreira da quarta divisão, a meta é superar a campanha feita pelo Brasiliense em 2024. Na ocasião, o Jacaré igualou a melhor trajetória de uma equipe candanga no torneio e chegou nas quartas de final, mas caiu nos pênaltis diante do Retrô.

Em 2023, o Ceilândia parou nas oitavas, sendo superado pelo Caxias na marca da cal. Desta vez, a equipe chega sem o artilheiro Felipe Clemente, que saiu após o Candangão, mas conta com o retorno de Romarinho. O elenco segue em formação e dá continuidade ao trabalho do treinador Adelson Batista, que comandou o Gato Preto em mais de 70 partidas pela Série D. De chave virada depois de cair na semifinal do estadual, o primeiro compromisso é contra o Goianésia, no domingo (20/4), às 15h30, fora de casa.

“Aproveitamos as semanas que tivemos até a estreia para recuperar atletas lesionados e entrosar os que chegaram. Tentamos amenizar o máximo possível das deficiências que tínhamos e é uma estreia difícil, mas esperamos fazer um bom jogo. O grupo é equilibrado, então todo ponto é importante. Temos a experiência e aprendemos mais sobre a competição, então confiamos muito no nosso trabalho, na força do elenco e na tradição do Ceilândia para chegar forte mais uma vez e conseguir o acesso”, contou ao Correio.

Vice-campeão pelo segundo ano consecutivo, o Capital garante calendário nacional para a próxima temporada
Vice-campeão pelo segundo ano consecutivo, o Capital garante calendário nacional para a próxima temporada (foto: Minervino Junior CB/DA Press.)

Do outro lado, o Capital é estreante e lança a candidatura em busca do sucesso. O time amargou o vice do estadual pela segunda vez consecutiva, mas segue vivo na terceira fase da Copa do Brasil e busca a consolidação nacional. A equipe teve a terceira troca de comando no ano e agora tem Roberto Fernandes no lugar de Marcelo Cabo. Além disso, o mercado foi agitado, com a chegada de cinco reforços, entre eles os atacantes Mateusão e Tobinha, ex-Brasiliense. O primeiro capítulo é contra a Aparecidense, no sábado (19/4), às 19h30, no estádio JK.

“É uma satisfação muito grande estar de volta à Brasília, um lugar que conheço bem, meu primeiro título foi aqui. É ainda melhor por estar em um clube moderno. Aqui encontrei vários jogadores que não só trabalharam comigo, mas que fomos campeões juntos”, disse o treinador. “Vim para somar, para acrescentar qualidade a um elenco que já é muito bom. Espero ser vitorioso aqui", destacou Mateusão.

Conheça os adversários

Kaio Nunes é destaque do time goiano, adversário de Ceilândia e Capital na Série D
Kaio Nunes é destaque do time goiano, adversário de Ceilândia e Capital na Série D (foto: Heber Gomes/Aparecidense)

Aparecidense

A Aparecidense está na Série D graças ao quinto lugar no Campeonato Goiano de 2024, mas nesse ano o cenário é diferente e com altos e baixos. A campanha no estadual por pouco não terminou em rebaixamento, mas a equipe escapou na última rodada. Sob o comando de Lúcio Flávio, ex-Botafogo, o clube avançou para a terceira fase da Copa do Brasil pela primeira vez na história. Um nome conhecido é Kaio Nunes, ex-Real Brasília e Brasiliense.

Goianésia será o primeiro rival do Ceilândia na caminhada da Série D
Goianésia será o primeiro rival do Ceilândia na caminhada da Série D (foto: Edivaldo Santana/Goianésia)

Goianésia

Primeiro adversário do Ceilândia, o Goianésia começou 2025 com o pé esquerdo, sendo rebaixado no Campeonato Goiano. A equipe somou somente duas vitórias em onze partidas e sequer entrou em campo nos últimos dois meses. Agora, o trabalho é com o recém-contratado treinador Gilberto Nascimento, ex Comercial, Jequié e Lagarto, que fará a estreia no comando da equipe justamente no pontapé inicial da Série D.

Goiânia passou por uma reformulação no elenco para enfrentar a maratona da Série D
Goiânia passou por uma reformulação no elenco para enfrentar a maratona da Série D (foto: Divulgação/Goiânia)

Goiânia

Entre os três times do estado de Goiás que estão na Série D, o Goiânia é quem viveu o pior momento no começo do ano, com rebaixamento no estadual e somente duas vitórias em 11 jogos. Porém, a equipe promoveu uma reformulação interna. Apesar do técnico William Campos continuar com a prancheta, o clube dispensou 22 jogadores e fez 17 contratações para tentar dar gás novo para a disputa do campeonato nacional.

Luverdense passou por 55 dias de intertemporada antes da largada na quarta divisão nacional
Luverdense passou por 55 dias de intertemporada antes da largada na quarta divisão nacional (foto: Divulgação/Luverdense)

Luverdense

O Verdão do Norte se prepara para viver uma temporada especial em 2025. A participação na quarta divisão do Brasileirão será a primeira em 21 anos de história do clube. O torneio será essencial para a avaliação da temporada do Luverdense. No campeonato estadual, acabou eliminado ainda na primeira fase. Para o desafio, trouxe peças importantes. Exemplos são o volante Danilo Borges, o zagueiro Felipe Costa e o atacante Felipe Diniz, ex-Remo.

Mixto herdou vaga para representar o Mato Grosso na Série D do Brasileirão
Mixto herdou vaga para representar o Mato Grosso na Série D do Brasileirão (foto: Gabriel Duenhas/Mixto EC)

Mixto

O alvinegro mato-grossense reencontra a competição nacional pelo segundo ano consecutivo. Na edição passada, havia retornado após 10 anos de ausência. Ao contrário da última vez, no entanto, chegará agora com a moral de ter alcançado a terceira posição no campeonato estadual. Em 2025, tentará superar a sexta colocação alcançada em 2013. No ano passado, parou na segunda fase, ao ser eliminado pela Portuguesa-RJ.

Porto Velho chega embalado pelo título estadual conquistado na quarta-feira (16/4)
Porto Velho chega embalado pelo título estadual conquistado na quarta-feira (16/4) (foto: Divulgação/FFER)

Porto Velho

Prestes a disputar a competição pela quinta vez consecutiva, o Porto Velho retorna como mais um a ter feito campanha marcante na última edição. Em 2024, foi 11º colocado. Caiu nas oitavas de final. Para alçar voos mais altos, terá a conquista do título estadual, o quinto nos últimos seis anos, como combustível. A equipe rondoniense é conhecida do futebol candango. Na segunda fase da Copa do Brasil deste ano, acabou eliminada pelo Capital.

*Estagiários sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

  •  Jogo do gama e ceilandia estadio abadião
    Jogo do gama e ceilandia estadio abadião Foto: Alan Rones
  • Kaio Nunes é destaque do time goiano, adversário de Ceilândia e Capital na Série D
    Kaio Nunes é destaque do time goiano, adversário de Ceilândia e Capital na Série D Foto: Heber Gomes/Aparecidense
  • Goianésia será o primeiro rival do Ceilândia na caminhada da Série D
    Goianésia será o primeiro rival do Ceilândia na caminhada da Série D Foto: Edivaldo Santana/Goianésia
  • Goiânia passou por uma reformulação no elenco para enfrentar a maratona da Série D
    Goiânia passou por uma reformulação no elenco para enfrentar a maratona da Série D Foto: Divulgação/Goiânia
  • Luverdense passou por 55 dias de intertemporada antes da largada na quarta divisão nacional
    Luverdense passou por 55 dias de intertemporada antes da largada na quarta divisão nacional Foto: Divulgação/Luverdense
  • Mixto herdou vaga para representar o Mato Grosso na Série D do Brasileirão
    Mixto herdou vaga para representar o Mato Grosso na Série D do Brasileirão Foto: Gabriel Duenhas/Mixto EC
  • Porto Velho chega embalado pelo título estadual conquistado na quarta-feira (16/4)
    Porto Velho chega embalado pelo título estadual conquistado na quarta-feira (16/4) Foto: Divulgação/FFER
  • Vice-campeão pelo segundo ano consecutivo, o Capital garante calendário nacional para a próxima temporada
    Vice-campeão pelo segundo ano consecutivo, o Capital garante calendário nacional para a próxima temporada Foto: Minervino Junior CB/DA Press.
AR
postado em 18/04/2025 06:00
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