
A Fórmula 1 retorna neste fim de semana para o Grande Prêmio da Áustria, a 11ª etapa da temporada de 2025 e desta vez sem o formato de sprint. A elite do automobilismo desembarca no Red Bull Ring, em Spielberg, com as tensões aumentando na McLaren e os adversários cada vez mais próximos do time britânico. As atividades de pista começaram na sexta-feira (27/6) com dois treinos livres e seguem neste sábado (28/6), com a classificação às 11h. A corrida será às 10h de domingo (29/6), transmitida por Band, BandSports e F1 TV.
O domínio nas pistas é da McLaren desde o início do ano, com Oscar Piastri e Lando Norris ocupando as primeiras posições do campeonato da Austrália em diante. O australiano se aproveitou da frieza e dos erros do adversário para abrir vantagem na liderança, mas a temperatura entre os dois está começando a esquentar no que promete ser uma briga que irá se estender até Abu Dhabi pelo título mundial.
A equipe permitiu que os pilotos disputem entre si, desde que tenham cuidado redobrado um com o outro, combinado intitulado de “papaya rules” (regras papaya, em alusão a cor dos carros). No entanto, o GP do Canadá quase terminou em desastre quando o britânico tentou tomar a posição de Piastri e bateu no muro, por pouco não acertando o colega em cheio.
Norris precisou abandonar a prova, assumiu o erro e pediu desculpas, mas é preciso ver qual será o impacto do episódio na cabeça do piloto, que já demonstrou sofrer psicologicamente quando pressionado, e se ele vai se segurar mais em um traçado no qual os mergulhos são comuns para tentar ultrapassar.
Com o cenário interno esquentando, apesar de ter tido o melhor carro ao longo da temporada, a McLaren precisa começar a olhar os adversários no retrovisor. Dono de histórico dominante na Áustria, Max Verstappen ostenta cinco pole positions consecutivas no circuito e ainda conta com boa parte da torcida, até por ser um GP na “casa” da Red Bull. O tetracampeão tem credenciais de sobra para não ser descartado da briga, porém segue em risco de ser suspenso por uma corrida caso receba mais um ponto na superlicença. Ele terá alívio um dia após a prova, quando as punições da edição do ano passado expiram.
A disputa em 2024, inclusive, reforça ainda mais os motivos para a líder do campeonato de construtores também ter cuidado com George Russell. O britânico venceu a última parada da F1 na Áustria e também ficou no topo do pódio no Canadá de forma incontestável. Em especial, as atualizações da Mercedes na suspensão traseira, mirando diminuir o superaquecimento dos pneus, aparenta ter funcionado. O controle da temperatura dos compostos é justamente um dos trunfos da McLaren.
Outros upgrades que mostraram efetividade foram os aplicados na Sauber. Nico Hulkenberg conseguiu pontuar nas últimas duas corridas, com o quinto lugar na Espanha e o oitavo no Canadá. Por isso, a expectativa cresce para os primeiros pontos de Gabriel Bortoleto na Fórmula 1. O brasileiro flertou com um lugar no top-10, mas não tem tido sorte, seja com estratégias ousadas da equipe ou azar no momento de entrada do carro de segurança.
Um ponto de esperança é que foi na Áustria onde o garoto de 20 anos subiu no topo do pódio pela primeira vez na campanha do título da Fórmula 2, no ano passado. Para melhorar, ele teve o sexto e o oitavo melhor tempo nas duas sessões de treino livre na sexta-feira.
“Foi um dia muito positivo. O time fez um ótimo trabalho com os upgrades, que parecem estar funcionando na direção certa, e eu estou me sentindo mais e mais confortável cada vez que entro no carro. Sempre amei esse circuito, foi bom para mim desde a F4, na F3 e na F2. Claro, nossa mentalidade é de que ainda é apenas sexta-feira e ainda precisamos trabalhar em algumas coisas, como sempre, mas a sensação é de que estamos construindo algo. Se mantivermos esse ritmo, acredito que possamos brigar pelo meu primeiro Q3 (última sessão da classificação) da temporada”, disse o brasileiro.
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Antes da largada do GP da Áustria, Piastri lidera o campeonato com 198 pontos, na frente do companheiro Norris (176) e de Verstappen (155). Entre as equipes, a McLaren está com 374, quase o dobro na frente da Mercedes (199) e da Ferrari (183). A próxima parada da Fórmula 1 será no Grande Prêmio da Grã-Bretanha, em 6 de julho, às 11h, no circuito de Silverstone.
A pista
A pista de 4.318 quilômetros, na qual os carros percorrem um total de 71 voltas, é uma das mais rápidas da categoria e repleta de pontos de ultrapassagem. Com retas longas para os pilotos acelerarem, o percurso possui três zonas de ativação de DRS (abertura da asa móvel traseira para diminuir o arrasto e dar maior velocidade aos carros), que ocupam a maior parte do trajeto e apenas 10 curvas, o menor número no calendário atual.
O fim da reta principal, na primeira curva, a Castrol, é o principal ponto para tomar a posição do adversário, mas a reta seguinte também fica a caráter para os pilotos arriscarem manobras. No entanto, a tática mais utilizada são os mergulhos, apostando em uma freada tardia, então é preciso ser certeiro para evitar tomar um X ou até uma batida.
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O principal ponto de atenção dos pilotos deve ser para os limites de pista. O Red Bull Ring se tornou um percurso famoso pelas infrações quando os carros saem da linha branca que delimita o traçado e punições podem ser vistas aos montes ao longo da corrida. Além disso, o asfalto abrasivo obriga cuidado com os pneus, que serão duro C3, médio C4 e macio C5. Com a altitude em Spielberg, o arrefecimento dos motores é prejudicado e pode fazer com que não rendem da forma comum, assim como os freios.
Curiosidades sobre o GP da Áustria
A primeira prova de Fórmula 1 na Áustria foi em 1964, no circuito de Zeltweg, e a segunda apenas em 1970, no traçado de Österreichring. Reformulada anos depois, em 1996, a pista foi rebatizada de A1-Ring e, após voltar ao calendário de vez em 2014, virou Red Bull Ring. Apesar de tradicional, esta será apenas a 38ª edição do GP, pois ficou fora por alguns anos devido à questões de segurança.
Quem se acostumou a ser dominante por lá foi Max Verstappen, vencedor em 2018, 2019, 2021 e 2023. O segundo com mais triunfos é Alin Prost, com três, enquanto do atual grid apenas Lewis Hamilton, Charles Leclerc e George Russell ostentam uma vitória cada.
O único brasileiro a vencer o GP da Áustria foi Emerson Fittipaldi, em 1972. Décadas depois, em 2014, Felipe Massa conquistou a pole position no Red Bull Ring, a última vez de um tupiniquim largando na posição de honra. Principal nome do país na categoria, Ayrton Senna chegou no máximo em segundo, mas disputou a prova em apenas quatro ocasiões. O motivo disso foi a FIA ter considerado a pista muito perigosa, então o circuito ficou fora do calendário entre 1988 e 1996. O mesmo ocorreu entre 1965 a 1969.
Além dos campeões mundiais, outro brasileiro é destaque quando se fala na corrida austríaca, mas este já nem tão positivo: o caso emblemático do “hoje não, hoje sim”. Em 2002, Rubens Barrichello, então na Ferrari, foi instruído pelo time de Maranello enquanto estava na liderança para deixar o alemão Michael Schumacher passar e vencer a prova. A ação pegou mal para a categoria, que naquele ano proibiu as equipes a darem ordem de ultrapassagem entre companheiros.
Programação:
Primeiro treino livre - sexta-feira (27/6), às 8h30
Segundo treino livre - sexta-feira (27/6), às 12h
Terceiro treino livre - sábado (28/6), às 7h30
Classificação - sábado (28/6), às 11h
Corrida - domingo (29/6), às 10h