Kungfu Wushu

Brasil fecha Mundial de Kungfu Wushu no DF com uma prata e dois bronzes

Beatriz Silva alcançou a final e foi um dos destaques da delegação brasileira na competição encerrada no fim de semana no Centro de Convenções Ulysses Guimarães

Beatriz Silva esteve muito próxima de conquistar a medalha de ouro no evento inédito encerrado no último domingo no Centro de Convenções Ulysses Guimarães -  (crédito: Arnaldo Saldanha )
Beatriz Silva esteve muito próxima de conquistar a medalha de ouro no evento inédito encerrado no último domingo no Centro de Convenções Ulysses Guimarães - (crédito: Arnaldo Saldanha )

Sede de um Campeonato Mundial de Wushu pela primeira vez, o Brasil foi ao pódio com três dos oito atletas da categoria Sanda (lutas). O último fim de semana rendeu a conquista de três medalhas da delegação brasileira na competição. A paulista Beatriz Silva (56kg) chegou até a final, mas caiu para a vietnamita Nguyen Thi Thu Thuy e levou a prata na mala. João Oliveira (até 75kg) e a paulista Nathalia Briquesi brindaram a delegação verde-amarelo com o bronze.

A vitória dos três brasileiros é marcada pela perseverança. Bia foi o principal destaque nacional no torneio. Nascida em Porto Ferreira, a paulista tem um vasto currículo com 10 títulos brasileiros e um feito no Pan-Americano: ela é uma das atletas brasileiras mais premiadas na modalidade. Em 2023, Beatriz repetiu o feito e conquistou uma prata no Mundial da China.

No caminho até a final, Beatriz Silva eliminou adversárias como a marroquina Siham Brigui nas oitavas, a francesa Melissa Bouamrane e superou a filipina Krisna Malecdan na disputa pela vaga para a decisão. "Foi a primeira vez que passei por três lutas antes da final em um evento só. Bater o peso, ganhar a luta no outro dia, bater o peso e ganhar a luta. Foi bem difícil. Mas o objetivo era a final. A chave foi boa, mas não é só sorte de chave. Tem que ter competência para acontecer", explicou.

A disputa pelo ouro não foi um desafio fácil. No tatame, a adversária mostrou superioridade para bater a brasileira. "A atleta do Vietnã foi melhor. Ela é experiente, já tinha sido campeã Mundial, esteve na minha categoria outras vezes. Eu acabei ficando a uma luta de lutar com ela em 2019. Sempre soube que essa luta ia acontecer um dia. Aconteceu aqui e ela me superou tecnicamente”, declarou.

A derrota não acinzentou o céu ensolarado da paulista. Conquistar a prata em casa fez valer o esforço e o mérito de chegar à final. "A cada luta eu olhava para a arquibancada, via rostos conhecidos, o pessoal torcendo. Foi uma experiência muito diferente. Ver isso aqui acontecendo no nosso país já é incrível. Participar, mais incrível ainda. Fazer a final e levar uma medalha pra casa? Estou realmente muito feliz com isso”, exclamou.

O sentimento de estar acolhido pelo lar também foi compartilhado com os companheiros de profissão. A competição foi ainda mais especial para João Oliveira, que possivelmente se despediu dos tatames em grande estilo. Cinco vezes campeão do Pan-americano e Sul-Americano, o pódio Mundial faltava na trajetória do atleta de 37 anos. "Eu estou feliz demais. É difícil explicar a emoção que eu estou de conseguir subir num pódio", afirmou.

A história de João é de superação. Com 28 anos de dedicação ao esporte, achou um dia que não praticaria mais a modalidade por um problema de saúde. O atleta teve uma luxação no dedo do pé, por conta de uma bactéria, e por pouco não foi amputado. "Fiquei internado 13 dias com risco de amputar, mas tinha um único foco: voltar. No ano seguinte, fui campeão pan-americano, campeão nacional. Este ano venci um campeonato aberto, que era para pegar ritmo, e cheguei aqui", relembrou. "O corpo envelhece, mas falo que meu espírito é jovem. Vim com o objetivo de subir ao pódio, de estar entre os melhores. É a coroação de uma trajetória”, finalizou.

Para Nathalia Biquesi, a ligação com o wushu também é especial. Na adolescência, o bullying e a depressão a pressionaram na juventude. Por isso, encontrou no esporte um escape. “É algo que me emociona pensar: passar por um período difícil, no qual entrou em depressão e queria fazer coisas muito ruins, e ver que o esporte me salvou. Literalmente”, declarou emocionada.

Aos 24 anos, ela estreou no Mundial e conquistou um pódio na categoria até 60kg. "É minha primeira vez num mundial e em casa. É algo inesquecível, inexplicável. Eu só sei que quero viver isso por muito tempo. Ter a torcida do lado, o treinador do lado, os amigos, é uma experiência inesquecível. E a gente vê também a grandeza do campeonato com todos esses países", celebra, referindo-se à conquista do bronze.

CAMPANHAS DOS BRASILEIROS NO SANDA
MASCULINO

56kg
Oitavas de final
Erick Ferreira x Tiago Martins (Portugal) - vitória portuguesa por nocaute

60kg
Oitavas de final
Gabriel Pedroso 2 x 0 Mirolav Godza (Rep. Tcheca)


Quartas de final
Gabriel Pedroso 0 x 2 Gideon Fred Padua (Filipinas)

65kg
Oitavas de final
Lucas Queiroz 0 x 2 Chengjin Wang (China)

75kg
Chave de 32
João Antonio de Oliveira 2 x 0 Mikael Faldt (Suécia)

Oitavas de final
João Antonio de Oliveira 2 x 0 Muhammet Can Haygul (Turquia)

Quartas de final
João Antonio de Oliveira 2 x 0 Adrian Michal Czachor (Polônia)

Semifinal
João Antonio de Oliveira 0 x 2 Mohsen Mohammadseifi (Irã)

80 kg
Oitavas de final
Davi Guimarães de Oliveira 2 x 0 Temirlan Amankulova (Quirguistão)

Quartas de final
Davi Guimarães de Oliveira 0 x 2 Soheil Mousavi (Irã)

FEMININO

52kg
Oitavas de final
Edineia Prado x Nazli Karakus (Turquia) - vitória turca por nocaute


56kg

Oitavas
Beatriz Silva 2 x 0 Siham Brigui (Marrocos)

Quartas
Beatriz Silva 2 x 0 Melissa Bouamrane (França)

Semifinal
Beatriz Silva 2 x 0 Krisna Malecdan (Filipinas)

Final
Beatriz Silva 0 x 2 Nguyen Thi Thu Thuy (Vietnã)

60kg
Quartas de final
Nathalia Briquesi Silva 2 x 1 Yosmairy Lara (Venezuela)

Semifinal
Nathalia Briquesi Silva 0 x 2 Kareena Kaushik (Índia)

*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

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postado em 08/09/2025 22:45 / atualizado em 08/09/2025 22:51
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