A polarização de Flamengo e Palmeiras vai além das disputas pelos títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores. As últimas quatro partidas na temporada acirram a corrida entre os dois clubes no campo das finanças e oferecem a possibilidade de um bônus, uma espécie de "13º" pela participação na Copa Intercontinental da Fifa em dezembro. Um deles pode chegar a quase meio bilhão em benefícios econômicos em 2025.
A quatro dias do duelo pela Glória Eterna, em Lima, no Peru, o time rubro-negro tem a primeira chance de xeque-mate na Série A, mas depende de uma combinação de resultados: precisa vencer o Atlético-MG nesta terça-feira (25/11), às 21h30, na Arena MRV, em Belo Horizonte, e o Palmeiras perder para o Grêmio, em Porto Alegre. Se empatar, o alviverde ficará em situação quase irreversível. Poderia alcançar os cariocas em número de vitórias nas últimas duas rodadas, porém tem contra si enorme desvantagem no saldo de gols: 50 x 29.
O ranking das premiações na temporada apresenta o Fluminense no topo. Semifinalista da Copa do Mundo de Clubes da Fifa no meio do ano, o time das Laranjeiras arrecadou R$ 363,1 milhões. O Palmeiras surge no retrovisor com R$ 312,3 milhões. Bem abaixo, aparece o Flamengo, contabilizando R$ 252 milhões no pódio do levantamento nesta temporada. A Série A e a Libertadores abastecem os cofres com um rico dinheirinho.
Se conquistar a Glória Eterna no sábado, o Palmeiras assumirá o primeiro lugar no balanço das premiações. A conta alviverde seria recompensada com R$ 128,1 milhões e chegaria a R$ 403,1 milhões na temporada de 2025. O Flamengo avançaria para R$ 342,8 milhões. Derrubaria o Palestra da segunda posição, mas não superaria o arquirrival Fluminense. No ano passado, o Brasileirão pagou R$ 48,1 milhões ao campeão Botafogo, R$ 45,7 milhões ao Palmeiras, R$ 43,3 milhões ao terceiro Flamengo e R$ 40,9 milhões ao Fortaleza.
"A Copa do Mundo de Clubes proporcionou uma premiação significativa aos clubes brasileiros. Além do ganho financeiro, há o intangível, que é a repercussão e a visibilidade internacional. No caso de Flamengo e Palmeiras, este sucesso de ambos não é de hoje e nem por acaso. São exemplos de gestões profissionais e conduzidas com boas práticas de governança. O resultado que acontece dentro de campo é uma consequência disso e outros clubes do futebol brasileiro deveriam se espelhar", avalia em entrevista ao Correio o especialista em finanças do esporte Moises Assayag, sócio-diretor da Channel Associados.
Cada centavo a mais do que o concorrente faz diferença no planejamento de contratações do Flamengo e do Palmeiras. Ambos mostraram força no mercado nas aquisições de jogadores como Carrascal, Samuel Lino e Emerson Royal no caso rubro-negro; e de Vitor Roque, Andreas Pereira e Khellven no alviverde. Os seis foram comprados neste ano no primeiro mandato de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, e no segundo de Leila Pereira.
"Há alguns anos, não se falava tanto em planejamento financeiro. Hoje, é impossível ignorar: clubes que tratam suas receitas de premiação como investimento no futuro, e não apenas como euforia momentânea, constroem sustentabilidade. O futebol brasileiro virou, também, um jogo de gestão e inteligência financeira", analisa o ex-volante e lateral-direito Rômulo Caldeira. O ex-jogador da Juventus, Lazio e Cruzeiro pendurou as chuteiras para virar um homem de negócios especialista em Finanças e Investimentos.
As recompensas da CBF no Brasileirão, da Conmebol na Libertadores e da Fifa para um dos dois na Copa Intercontinental vão turbinar as projeções para 2026. "O impacto dessas cifras vai além do caixa imediato. Essas premiações exponenciais, especialmente as dolarizadas vindas da Fifa e da Conmebol, deixaram de ser um bônus para se tornarem um pilar central do planejamento orçamentário. Isso alimenta um abismo competitivo: o dinheiro financia a performance, que, por sua vez, gera mais premiações. O sucesso em campo se monetiza", diz Thales Rangel Mafia, Gerente de Marketing da Multimarcas Consórcios.
