COPA DO BRASIL

Dorival Jr. e Coutinho disputam um 'tetra' particular no Maracanã

Treinador lançou o meia durante a campanha do Vasco na Série B de 2009 e o viu adquirir status de copeiro, com títulos na Itália, na Espanha e na Alemanha. Dono da prancheta quer repetir com o Corinthians sucessos com Santos, Flamengo e São Paulo

A final da Copa do Brasil entre Vasco e Corinthians, neste domingo (21/12), às 18h, no Maracanã, tem o poder de desunir quem antes esteve engajado na mesma causa. Há 16 anos, o técnico Dorival Júnior e o adolescente Philippe Coutinho, de 17 anos à época, devolveram o time carioca à primeira divisão do Campeonato Brasileiro na conquista da Série B com 76 pontos contra 69 do vice, Guarani. O meia-atacante entrou em campo no jogo do título contra o América-RN no lugar do volante Nilton na vitória por 2 x 1 no Maracanã pela 36ª rodada.

Dorival e Coutinho festejaram juntos. No domingo, somente um deles celebrará a conquista da Copa do Brasil. Maduros nas respectivas idades, o mestre e o discípulo fizeram daquela campanha a serviço do Gigante da Colina um marco no desenvolvimento das carreiras e tornaram-se talismãs na disputa de competições nesse formato. Cada um deles ganhou três troféus nas peregrinações pelo Brasil e o mundo da bola.

Anfitrião na partida de volta, Coutinho é tão copeiro quanto Dorival. Aos 33 anos, o dono da camisa 10 deixou títulos semelhantes na sala de troféus de clubes de ponta da Europa. Em 2010/2011, fazia parte do elenco da Internazionale campeã da Copa Itália contra o Palermo na vitória por 3 x 1. Era recém-chegado em um ninho de cobras do qual faziam parte Julio Cesar, Lúcio, Materazzi, Samuel, Zanetti, Sneijder, Eto'o, Diego Milito e Pandev sob o comando do técnico Leonardo, depois de ser comprado por 3,8 milhões de euros.

Em 2017/2018, Philippe Coutinho mudou de patamar e foi titular do Barcelona escalado por Ernesto Valverde na final da Copa do Rei da Espanha. Formou o meio de campo com Rakitic, Busquets e Iniesta, o quarteto responsável por abastecer Messi e Luis Suárez. Ele havia desembarcado na Catalunha para substituir Neymar, negociado com o PSG. Recebeu a camisa 14 da lenda Johan Cruyff e colaborou na goleada por 5 x 0 contra o Sevilla.

Phillipe Coutinho também foi pé-quente no Bayern de Munique. Reserva no timaço liderado por Hansi Flick, ex-técnico da Alemanha e atual do Barcelona, saiu do banco a três minutos do fim da partida para entrar no lugar de Thomas Müller. O camisa 10 ajudou a administrar o triunfo por 4 x 2 contra o Bayer Leverkusen e adicionou a terceira copa nacional ao currículo recheado.

Recorde

Philippe Coutinho estreou pelo Vasco em 18 de junho de 2009, no empate por 0 x 0 com o Duque de Caxias, em São Januário, pela Série B. Lançado por Dorival Júnior, começou como titular e formou dupla de ataque com o centroavante Elton em São Januário. "O Coutinho, realmente, chama atenção, é um jogador diferenciado. É um atleta que promete muito", elogiou ao aprovar a ascensão da joia da base para o elenco profissional.

A parceria deu liga. O primeiro título nacional de Dorival Júnior foi no Vasco na segunda divisão do Brasileirão naquele ano e abriu as portas para outros três. Na temporada seguinte, o paulista de Araraquara ganhou a Copa do Brasil pelo Santos. Tinha na prancheta Neymar, Paulo Henrique Ganso e Robinho na conquista diante do Vitória, em Salvador.

Dorival Júnior demorou a voltar ao topo no mata-mata nacional, mas quando retomou foi em grande estilo. Levou o Flamengo dos medalhões Arrascaeta, Gabriel Barbosa, Bruno Henrique, David Luiz e Pedro ao título em 2022. Na temporada seguinte, virou a casaca e premiou o São Paulo com a glória inédita justamente contra o ex-clube na decisão de 2023.

O duelo à parte do mestre Dorival Júnior contra o discípulo Philippe Coutinho pode colocar o técnico no patamar mais elevado da galeria dos treinadores campeões da Copa do Brasil. Luiz Felipe Scolari detém o recorde com quatro taças: uma pelo Criciúma em 1991, outra pelo Grêmio em 1994 e duas com a prancheta do Palmeiras em 1998 e 2012.

Empatados em número de copas nacionais, Dorival Júnior ou Philippe Coutinho alcançarão o tetra nacional no Maracanã, justamente no palco onde a fama de pé-quente de ambos ganhou impulso. Para o treinador, é a oportunidade da redenção depois de ser demitido da Seleção neste ano pelo ex-presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Coutinho sonha com a última Copa do Mundo na carreira em 2026 sob o comando de Carlo Ancelotti.

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