Carmen Souza
postado em 12/10/2025 06:00 / atualizado em 12/10/2025 06:00
Oportunidade exclusiva para mulheres negras (pretas e pardas) aborda saúde mental e carreira profissional - (crédito: Pexels)
A proposta é impulsionar mulheres negras em posições estratégicas de liderança política, social e econômica. E de forma significativa: R$ 3,5 mil mensais ao longo de 18 meses, a serem investidos em cursos de desenvolvimento individual, equipamentos e vivências para fortalecer o currículo e a trajetória das selecionadas. Ainda há a previsão de mentoria individual e coletiva e espaços de trocas com outras referências femininas negras.
Tamanho suporte faz parte do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, promovido pelo Fundo Baobá para Equidade Racial, em parceria com as fundações Ford e Kellogg, o Instituto Ibirapitanga e a Open Society Foundation. Mulheres negras cis, trans ou travestis, brasileiras ou naturalizadas, maiores de 18 anos e residentes em qualquer unidade da Federação podem se candidatar. São 30 vagas, para planos de desenvolvimento a serem executados entre abril de 2026 a setembro de 2027.
PARTICIPE
Inscrições abertas até terça-feira, dia 14, no site baoba.org. br. A divulgação do resultado está prevista para 9 de janeiro.
É bom lembrar
Lideranças femininas negras no Brasil ainda fazem parte do campo das excepcionalidades. Divulgado em julho, levantamento feito pelo Pacto Global da ONU e a 99jobs com 331 executivas negras do país mostra que 57% são as únicas com esse perfil no local em que atuam. O estudo mostra ainda que, enquanto essas mulheres chegam ao primeiro cargo de liderança com idade entre 36 e 44 anos, homens brancos assumem as mesmas posições com, em média, 25 a 28 anos.
Duas perguntas para
TAINÁ MEDEIROS, COORDENADORA DE PROJETOS DO FUNDO BAOBÁ
Qual avaliação da primeira edição do projeto, em 2019?
A primeira edição ofereceu apoio a 59 mulheres de todas as regiões do país. Entre elas, 85% nunca haviam recebido nenhum outro tipo de apoio ou investimento em seu processo de desenvolvimento de liderança. O programa se constituiu em um espaço de conexão, proporcionando o estabelecimento de parcerias entre as donatárias, o que potencializou o impacto em suas trajetórias, mas também nas redes, comunidades, territórios e espaços nos quais estavam envolvidas.
Quais as expectativas para a próxima edição?
As expectativas mantêm o objetivo de apoiar o fortalecimento da trajetória de mulheres negras comprometidas com o enfrentamento do racismo contra a população negra, e com a promoção da equidade racial e de gênero. Esperamos que o programa contribua para que elas ocupem espaços estratégicos em diversos setores da sociedade e tenham mais e melhores condições de atuar em prol de objetivos coletivos de transformação social e defesa de direitos, desenvolvendo e explorando ao máximo suas habilidades técnicas e socioemocionais para fortalecer seu exercício de liderança.
Covid-19 e os corpos negros
Elisa Mattos lança, na próxima sexta-feira, em Brasília, o livro de Vírus – medo, solidão e desprezo por corpos negros. A obra reúne crônicas escritas a partir de reflexões feitas pela escritora diante de conflitos individuais e coletivos ao longo da crise sanitária da covid-19. É o terceiro livro autoral da também jornalista e pesquisadora do Núcleo de Escritoras Pretas Maria Firmina dos Reis, do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (UnB). Será na Livraria da Vila, no Brasília Shopping, das 19h às 21h30.
CEP por direito
Anunciada pelo governo federal na última quarta-feira, a implementação do Código de Endereçamento Postal (CEP) em todas as favelas brasileiras terá impacto direto na população negra. Nesses locais, espalhados em 656 cidades brasileiras, vivem 16,3 milhões de pessoas, o equivalente a 8,1% da população do país. Dessas, 72,9% são pretas e pardas. O programa deve beneficiar cerca de 200 mil pessoas no DF, como moradores da Vila Cauhy (foto) e de Santa Luzia.