CULTURA

Festival Marco Zero leva dança e ancestralidade às escolas e ruas do DF

Evento gratuito reúne artistas de todo o país em apresentações e oficinas que promovem corpo, território, memória e coletividade.

Correio Braziliense
postado em 27/10/2025 16:34 / atualizado em 27/10/2025 16:57
Grupo de dança Cia Mutum -  (crédito: Divulgação/Thais Mallon)
Grupo de dança Cia Mutum - (crédito: Divulgação/Thais Mallon)

Por Ian Vieira

O Distrito Federal se prepara para receber a 8ª edição do Festival Marco Zero – Dança em Paisagem Urbana, que transforma espaços públicos e escolas em palcos de criação e movimento. Desta segunda-feira (27/10) até sexta-feira (31/10), artistas locais e de outras regiões do país se reúnem nas cidades de Ceilândia, Gama e Santa Maria para celebrar corpos, territórios e ancestralidades por meio da dança. O evento, que faz parte do calendário cultural da capital, propõe uma imersão nas expressões coletivas e nas narrativas corporais do Brasil contemporâneo.

O festival reafirma seu compromisso com a diversidade e a resistência, reunindo artistas indígenas, negros, periféricos e LGBTQIAPN+. Totalmente gratuito e apoiado pelo Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas, o Marco Zero aposta em um diálogo entre a rua e a escola, levando a reflexão sobre o movimento para o cotidiano das comunidades. A abertura acontece nesta segunda (27), às 17h, na Estação Ceilândia Central do Metrô, com o espetáculo Burburinho, de Jefferson Figueirêdo, uma celebração do frevo como expressão coletiva e popular. Mais informações estão disponíveis no site do evento: https://www.festivalmarcozero.com/

Já na programação restrita aos espaços educacionais, “X”, da Cia. Mutum, dirigida por Wally Fernandes, coloca em cena corpos pretos, trans e periféricos que revelam de forma poética às violências da desterritorialização. Ruído, da artista Bussy, propõe uma viagem poética entre o humano e o inumano. Em uma linguagem híbrida entre dança e performance, corpos são tomados por entidades invisíveis que buscam novas formas de comunicação — quando o movimento fala onde a voz não alcança. Corpágua, de Rô Colares, mergulha na simbologia da Mãe D’Água e nas relações entre corpo, floresta e emergência climática. A obra evoca a ancestralidade amazônica como força criadora e questiona a relação humana com os corpos de água e suas espiritualidades. Em 30 de outubro, a ação ritual Destravando a cidade, da alagoana Idiane Crudzá, encerra o Festival levando para o Centro de Ensino Médio 2 do Gama um encontro rezo-rua para rememorar, por meio da dança, as vidas que nascem na terra, apesar do asfalto. 

*Estagiário sob supervisão de Ana Sá. 

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