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CCBB Brasília inaugura exposição sobre a história da arte brasileira

Com entrada gratuita, a mostra reúne cerca de 100 obras do acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM RIO)

Sofia Sellani*
postado em 16/12/2025 20:49 / atualizado em 16/12/2025 21:49
Dentro da galeria da exposição Uma história da arte brasileira -  (crédito: Sofia Selani )
Dentro da galeria da exposição Uma história da arte brasileira - (crédito: Sofia Selani )

Uma viagem no tempo pelo modernismo, abstracionismo e concretismo, década de 1980 e pelas transformações dos anos 2000. Essa é a proposta da nova exposição do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília. Inaugurada nesta terça-feira (16/11), Uma história da arte brasileira traça um percurso da produção artística nacional ao longo dos séculos 20 e 21, a partir do acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM RIO). Com entrada gratuita e classificação livre, os ingressos devem ser retirados pelo site .

Reunindo cerca de 100 obras, a mostra propõe uma experiência que evidencia os caminhos da arte brasileira ao articular continuidades, rupturas, invenções e experimentações, além de diferentes gerações, geografias e contextos sociais. Por meio da curadoria de Raquel Barreto, curadora-chefe do MAM Rio, e de Pablo Lafuente, diretor artístico do MAM RIO, a exposição ocupa o térreo e o subsolo da Galeria 1 do CCBB e segue em cartaz até 8 de fevereiro do próximo ano. A visitação ocorre de terça a domingo, das 9h às 21h. 

Curadoria reúne obras em diferentes suportes de nomes essenciais da arte brasileira, como Alberto da Veiga Guignard, Amílcar de Castro, Beatriz Milhazes, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Hélio Oiticica, Luiz Zerbini, Lygia Clark, Lygia Pape, Sebastião Salgado e Sergio Camargo

Guia dentro da exposição

 Curadora-chefe do MAM Rio, Raquel Barreto
Curadora-chefe do MAM Rio, Raquel Barreto (foto: Juliana Cabral )

O objetivo do percurso é contar uma  possível narrativa da história da arte no Brasil. “A ideia é de que as pessoas que não conhecem tanto da arte brasileira possam ter uma ideia de temporalidade”, afirmou Raquel Barreto, ao explicar a escolha do título da exposição.

Marcando as primeiras décadas do século 20, ao entrar na galeria, a experiência começa com obras do modernismo. O período, que marcou desde 1910 a 1950, reflete as transformações nos campos social e político do país provocadas pela industrialização e turbulência política.  O cotidiano brasileiro, a formação da identidade nacional e o retrato do povo foram alguns dos temas centrais dessa produção artística.

Ao caminhar pelo centro da galeria, o visitante se depara com algumas esculturas escolhidas para ampliar a compreensão de que a arte brasileira não se limita à pintura. No entanto, ao acompanhar Barreto na explicação, Pablo Lafuente reforça que a história da arte brasileira não é exatamente linear. “As obras se cruzam e se influenciam”, destaca. A disposição inicial busca evidenciar a força e a sofisticação da produção artística brasileira.

Obra sem título de Gervane de Paula
Obra sem título de Gervane de Paula (foto: Sofia Sellani)

Na sequência, o percurso avança para o abstracionismo e o concretismo, movimentos que ganharam força na década de 1950. As obras marcadas por linguagens abstratas, refletem os manifestos e programas marcantes da época. Um exemplo é  o grupo ruptura de São Paulo, proponente do concretismo. “A ideia desses artistas é fugir um pouco da figuração e pensar na arte de uma forma mais conceitual e organizada”, explica Barreto ao mostrar as obras.

Acompanhando o corredor, o público chega às décadas de 1960 e 1970, quando a arte assume um caráter fortemente político. As obras refletem críticas ao contexto da ditadura militar, período em que muitos artistas foram perseguidos e exilados. Paralelamente, mulheres artistas passaram a refletir sobre a própria condição feminina e a traduzir essas questões em suas produções.

No subsolo, o percurso expositivo apresenta obras a partir da década de 1980. Nesse período, a produção artística passa a se distanciar da arte política predominante nas gerações anteriores. Segundo Barreto, inicia-se um processo intenso de experimentação, com a descentralização do eixo Rio–São Paulo.

Camila Soato ao lado da obra Saco de corrida, 2013
Camila Soato ao lado da obra Saco de corrida, 2013 (foto: Juliana Cabral)

Entre os destaques, está  a obra Saco de corrida, 2013,  da brasiliense Camila Soato. De acordo com a artista, a inspiração veio de memórias da infância. “Eu tenho memórias dessas brincadeiras que fazia, então trabalhei a partir de fotos retiradas da internet, buscando aquelas que remetem a essas brincadeiras”, explicou. “Trazer o cotidiano é uma maneira de democratizar a pintura. Ele é tão importante como qualquer celebridade e evento histórico”. Depois da fase de pesquisas, a obra foi produzida em dois dias e foi premiada no Prêmio Pipa no Rio de Janeiro como melhor exposição. 

A proposta dessa etapa é ampliar a compreensão do público sobre a arte contemporânea, que incorpora artistas negros, LGBTQIA+ e o uso de materiais inusitados. “É uma arte menos ‘séria’, que se permite mais jogos, relações com o cotidiano e leituras da cultura pop”, conclui Barreto.

Estagiária sob a supervisão de Ana Sá 

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