educação domiciliar

PRT-10 considerada inconstitucional o ensino domiciliar

O projeto foi aprovado em primeiro turno pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. Procuradora Ana Maria Villa Real avalia que medida pode resultar no "recrudescimento dos índices de violência infantojuvenil"

EuEstudante
postado em 24/11/2020 20:17 / atualizado em 24/11/2020 20:19
 (crédito: Jessica Lewis/Unsplash)
(crédito: Jessica Lewis/Unsplash)

A Procuradoria Regional do Trabalho da 10ª Região (PRT-10) posicionou-se contra os projetos de lei em tramitação na Câmara Legislativa que visam regulamentar a educação domiciliar no Distrito Federal, o parecer foi divulgado nesta terça-feira (24/11).


No texto, a procuradora Ana Maria Villa Real afirma que as propostas são inconstitucionais e podem resultar no "recrudescimento dos índices de violência infanto-juvenil". Em 17 de novembro, 11 parlamentares votaram a favor do projeto de lei, aprovando, então, o PL em primeiro turno.


Contudo, para a PRT-10, as novas regras são inconstitucionais. "(O projeto) ultrapassa a competência legislativa do DF, pois a Constituição Federal (...) estabelece que a edição de normas sobre 'diretrizes e bases da educação nacional' é (de) competência legislativa privativa da União", afirma o parecer da procuradoria.

Em outro ponto, a procuradora Ana Maria lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o tema só pode ser regulado pelo Congresso Nacional. "É importante mencionar que, além da flagrante inconstitucionalidade acima exposta, o STF teve a oportunidade de tratar sobre a matéria (...), tendo decidido que a prática de ensino domiciliar no território nacional, embora não seja contrária ao texto constitucional, deve ser precedida de regulamentação por lei formal, necessariamente editada pela União, por seu Legislativo — Congresso Nacional", diz a nota.


O ensino em domicílio para a Procuradoria "jamais propiciará uma educação de tamanha amplitude, pois, a partir do momento em que as crianças se afastam do convívio humano, que traz ínsita a ideia de diversidade, serão privadas dessa dimensão do aprendizado, que é essencial ao processo de construção da sua personalidade e cidadania".


Outra preocupação presente no texto da produradoria é que a permanência de crianças e adolescentes por mais tempo em casa aumente os casos de violência doméstica e de abuso sexual contra essa parcela da população.


Proeduc é a favor da educação domiciliar


Em contrapartida, na última segunda-feira (23/11), em nota técnica, a Promotoria de Justiça de Defesa da Educação do (Proeduc), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) posicionou-se favorável ao projeto ao afirmar que o DF tem autonomia e competência para elaborar o projeto de lei que autoriza a educação domiciliar.


No texto publicado, a Proeduc defendeu que o modelo de educação em debate está de acordo com o princípio fundamental do pluralismo político e com o sistema jurídico-legal em vigência. "A família tem a liberdade de escolher e promover a educação de maneira distinta da educação tradicional de massa, realizada no ambiente escolar, assegurando-se o pluralismo político no contexto educacional", diz o documento.

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