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Alfabetização é uma das etapas mais importantes da jornada escolar

A introdução da criança ao mundo das letras começa na educação infantil. Mas documentos norteadores educacionais estabelecem o 2º ano do ensino fundamental como o limite para ela aprender a ler e a escrever

Maria Eduarda Cardim
postado em 24/10/2021 06:03 / atualizado em 25/10/2021 15:29
Sofia Suarez com a professora Giuliana Cristina Silva: estudante do 1º ano, aluna já sabe ler e escrever -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
Sofia Suarez com a professora Giuliana Cristina Silva: estudante do 1º ano, aluna já sabe ler e escrever - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Depois de escolher uma instituição para os filhos começarem a vida escolar, os desafios e dúvidas dos pais não acabam. Isso porque se iniciam fases importantes de aprendizado. Logo depois da educação infantil, primeiro contato da criança com a escola, vem uma das etapas mais importantes na jornada escolar: a alfabetização. Aprender a ler e a escrever é um primeiro passo na vida acadêmica e, por isso, pode gerar preocupações dos responsáveis e da própria criança.

Para a professora alfabetizadora Edilaine Geres, que trabalha com o 1º ano do ensino fundamental há 17 anos, o que a sociedade entende por alfabetização é bem amplo e ainda existem equívocos e interpretações errôneas do conceito. “A gente entende, na verdade, que essa alfabetização começa quando a criança está na barriga da mãe, quando a mãe lê para ela, quando alguém em casa lê um jornal ou qualquer outra coisa”, indica.

A professora explica que já na educação infantil a criança vai ser introduzida ao mundo das letras para ser preparada para a alfabetização sistemática nos anos seguintes, que ocorre quando ela tem 6 anos. Os documentos norteadores educacionais estabelecem o 2º ano do ensino fundamental como o de escolaridade limite para a criança aprender a ler e escrever. A diretriz anterior trazia como prazo limite o 3º ano.

“Puxaram esse prazo para o 2º ano por conta de a obrigatoriedade da educação infantil ter sido garantida a partir dos 4 anos. Se essa criança está entrando antes na escola, entende-se que a gente deva fazer um trabalho pedagógico voltado intencionalmente para que ela, lá no 2º ano, já tenha adquirido boa parte da alfabetização, podendo estender algumas falhas ortográficas para corrigirmos no 3º ano”, explica Edilaine.

Há, basicamente, dois sistemas de alfabetização: o alfabético e o ortográfico. Depois de ser inserida no alfabético, a criança ainda apresentará falhar e escreverá com erros. Mas, depois, no ortográfico, serão ensinadas todas as regras ortográficas para que ela seja capaz de ler, escrever e se comunicar utilizando todas as regras.

Além de ter atuado a maior parte da vida profissional em sala de aula, Edilaine ministra curso de formação on-line para professores alfabetizadores e identifica que um dos maiores problemas é, justamente, a falta de conhecimento e de formação adequada desses profissionais. “Atendo professores de todo o Brasil, e a dificuldade é a mesma. A formação inicial é muito precária. Além disso, muitas leis ficam só no papel e faltam chegar à realidade”, diz.

Vida real


Para a professora do 1º ano do ensino fundamental do Colégio Presbiteriano Mackenzie Giuliana Cristina Silva, que tem 28 anos de sala de aula e sempre trabalhou com alfabetização, uma das maiores dificuldades encontradas foi ter chegado à sala de aula, após se formar, e encontrar uma realidade diferente. “A gente sai da faculdade achando que já sabe tudo e se depara com realidades diferentes. A gente acaba sem saber por que as crianças recebem os mesmos estímulos e tarefas e aprendem de forma tão diferente”, avalia.

Com a pandemia da covid-19, essas diferenças ficaram ainda mais evidentes, já que os pais tiveram que assumir um papel mais constante na alfabetização dos filhos. “Vimos três cenários quando voltamos ao presencial. Em um deles, as crianças vieram bem sedentas para aprender. No outro, recebemos crianças que os pais tiraram um ano sabático. E em uma outra realidade, pais com medo de o filho chegar à escola e não saber nada. Ensinaram do jeito deles e a gente teve que reconstruir a alfabetização”, revela.

O confronto dos métodos de ensino foi uma das preocupações da mãe de Sofia Suarez, 6 anos, a advogada Andreia Pires Suarez. A pandemia chegou quando Sofia estava no ensino infantil, na preparação para o 1º ano do ensino fundamental. Agora, a pequena está no processo de alfabetização e já sabe ler e escrever.

“No começo, foi tudo muito tumultuado, tanto para os pais quanto para escola, e foi preciso trocar muitas informações, porque eu não sou professora e a minha metodologia de ensino é muito antiga. Hoje, existem formas mais modernas de ensinar. Para não atrapalhar o que ela já vinha estudando, tive que reaprender para ajudar a ensiná-la.”

No final, tudo se encaminhou e Andreia ressalta que um dos pontos mais importantes foi não pressionar a filha neste período de alfabetização. “As crianças são incríveis, elas se adaptam bem, você só não pode colocar muito peso em cima delas. Tentei fazer de tudo para que fosse mais tranquilo para ela, para que encarasse toda essa fase de forma natural.”

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