ENSINO REMOTO

Ensino remoto seguirá presente na maioria das escolas, afirma especialista

Desde 2020, no início da pandemia, as escolas do Brasil usam a internet para poder dar continuidade às atividades pedagógicas, especialista acredita ser irreversível

Millena Gomes*
postado em 10/01/2022 14:57 / atualizado em 10/01/2022 16:54
 (crédito: Álvaro Henrique / Secretaria de Educação)
(crédito: Álvaro Henrique / Secretaria de Educação)

As instituições de ensino no Brasil passaram por um processo de transformação no modelo de aprendizagem em 2020, desde que a pandemia começou. O ensino remoto, modelo que ficou conhecido na pandemia, ao se juntar ao ensino presencial, dão origem ao ensino híbrido, no qual muitos estudantes permanecem até hoje. A previsão é de que, em 2022, as escolas continuem utilizando o sistema remoto. O especialista em educação e tecnologia Alfredo Freitas acredita que o uso ensino híbrido é irreversível.

Com a retomada gradual das aulas presenciais nas escolas e universidades brasileiras, a estimativa é de que os hábitos educacionais e recursos tecnológicos, muito usados nesta pandemia, passem a fazer parte da base curricular educacional de 2022. Uma pesquisa feita recentemente com dirigentes municipais no país mostra que mais de 4,4 mil municípios usam a internet para auxiliar na estruturação pedagógica durante a pandemia.

“O ensino on-line salvou o ano letivo de 2020, 2021 e seguirá auxiliando na formação escolar em 2022'', explica Alfredo. O especialista avalia que a nova cepa do coronavírus, chamada de Ômicron, descoberta no final de 2021, dificulta o retorno presencial absoluto. Para ele, o Orçamento Federal deveria preencher a verba distribuída para a educação.

Apesar das vantagens que o ensino remoto apresenta, como a economia de tempo, conteúdos compartilhados instantaneamente e flexibilidade de horário e de locomoção, alguns estudantes estão vulneráveis à evasão escolar por conta da falta de internet.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feita em abril deste ano, revelou que pelo menos 4,1 milhões de estudantes não tinham acesso à internet, o que dificulta ou impossibilita quaisquer acesso às aulas remotas, atividades pedagógicas e aumenta a chance de evasão escolar. Segundo o especialista, algumas cidades no Brasil estão há dois anos sem estudo presencial em escolas públicas. “Infelizmente essas crianças são prejudicadas em excesso. Isso é um grande descaso com essas pessoas que precisam da educação, porque se elas tiverem uma boa educação, vão conseguir um futuro, melhorar a vida de suas famílias, melhorar a vida delas mesmas. Fizeram um modelo de educação que não agregou em nada”, explica Alfredo.

De acordo com ele, as escolas precisam se certificar dos equipamentos que o estudante possui, bem como a própria escola pública e a cidade. E oferecer aos estudantes uma forma de ir até a escola, ou seja, oferecer para esses estudantes acesso à internet e a um equipamento. “Então a gente teria que resolver. Talvez, caso a caso, um estudante precise de um computador, um outro de celular, outro de tablet, e tentar resolver esse problema de acesso a equipamentos”, esclarece Alfredo.

Alfredo Freitas também afirma que a internet 5G no Brasil poderá facilitar o processo de hibridização do ensino no Brasil. Com mais agilidade e cobertura, a expectativa é de que ela ofereça aos usuários mais conforto e tecnologia. “Com maior velocidade, os professores terão mais recursos para ensinar os estudantes, que por sua vez, terão mais agilidade e possibilidades para aprender”, diz ele. “Recursos como videoaulas gravadas, plataformas on-line para interação, aulas on-line e ao vivo, além de outras ferramentas on-line estão ajudando escolas e universidades brasileiras a manter a qualidade do ensino durante o período de pandemia,  quando não podíamos ter aulas presenciais. O ensino via internet é irreversível, inclusive porque está se adaptando às salas de aula”, complementa Alfredo.

Segundo ele, a internet é uma ferramenta tecnológica que será apenas meio entre “professor-aluno’’, mas que precisa ser adaptada. Alfredo também explica que a internet nas escolas, e para estudantes de baixa renda, deveria ser uma prioridade, assim como a merenda escolar e o transporte. “Porque muitas crianças precisam da merenda escolar para complementação de sua alimentação. O poder público deveria encontrar uma forma de trazer o estudante para a escola. Tem ou deveria ter a obrigação, pelo menos para as crianças mais pobres, de fazer com que elas tivessem condições de receber ensino”, explica.

Algumas pessoas cometem um erro muito grave, segundo Alfredo, quando vão comparar o ensino de internet com o presencial. “No ensino presencial é indiscutível que nós temos instituições fracas, muito fracas, razoáveis, boas e excelentes. No ensino de internet, nós também temos instituições muito fracas, fracas, razoáveis, boas e excelentes. As instituições fracas e muito fracas no ensino de internet são instituições que usam a internet para massificar o ensino, elas usam a internet para colocar um professor em uma sala de aula, com 100 a 150 pessoas. Ou seja, para reduzir os custos da educação, e reduzir custos da educação é essencialmente reduzir um tempo de dedicação do professor para cada estudante”, afirma.

 *Sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo

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