Eu, Estudante

ENSINO REMOTO

Ensino remoto seguirá presente na maioria das escolas, afirma especialista

Desde 2020, no início da pandemia, as escolas do Brasil usam a internet para poder dar continuidade às atividades pedagógicas, especialista acredita ser irreversível

As instituições de ensino no Brasil passaram por um processo de transformação no modelo de aprendizagem em 2020, desde que a pandemia começou. O ensino remoto, modelo que ficou conhecido na pandemia, ao se juntar ao ensino presencial, dão origem ao ensino híbrido, no qual muitos estudantes permanecem até hoje. A previsão é de que, em 2022, as escolas continuem utilizando o sistema remoto. O especialista em educação e tecnologia Alfredo Freitas acredita que o uso ensino híbrido é irreversível.

Com a retomada gradual das aulas presenciais nas escolas e universidades brasileiras, a estimativa é de que os hábitos educacionais e recursos tecnológicos, muito usados nesta pandemia, passem a fazer parte da base curricular educacional de 2022. Uma pesquisa feita recentemente com dirigentes municipais no país mostra que mais de 4,4 mil municípios usam a internet para auxiliar na estruturação pedagógica durante a pandemia.

“O ensino on-line salvou o ano letivo de 2020, 2021 e seguirá auxiliando na formação escolar em 2022'', explica Alfredo. O especialista avalia que a nova cepa do coronavírus, chamada de Ômicron, descoberta no final de 2021, dificulta o retorno presencial absoluto. Para ele, o Orçamento Federal deveria preencher a verba distribuída para a educação.

Apesar das vantagens que o ensino remoto apresenta, como a economia de tempo, conteúdos compartilhados instantaneamente e flexibilidade de horário e de locomoção, alguns estudantes estão vulneráveis à evasão escolar por conta da falta de internet.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feita em abril deste ano, revelou que pelo menos 4,1 milhões de estudantes não tinham acesso à internet, o que dificulta ou impossibilita quaisquer acesso às aulas remotas, atividades pedagógicas e aumenta a chance de evasão escolar. Segundo o especialista, algumas cidades no Brasil estão há dois anos sem estudo presencial em escolas públicas. “Infelizmente essas crianças são prejudicadas em excesso. Isso é um grande descaso com essas pessoas que precisam da educação, porque se elas tiverem uma boa educação, vão conseguir um futuro, melhorar a vida de suas famílias, melhorar a vida delas mesmas. Fizeram um modelo de educação que não agregou em nada”, explica Alfredo.

De acordo com ele, as escolas precisam se certificar dos equipamentos que o estudante possui, bem como a própria escola pública e a cidade. E oferecer aos estudantes uma forma de ir até a escola, ou seja, oferecer para esses estudantes acesso à internet e a um equipamento. “Então a gente teria que resolver. Talvez, caso a caso, um estudante precise de um computador, um outro de celular, outro de tablet, e tentar resolver esse problema de acesso a equipamentos”, esclarece Alfredo.

Alfredo Freitas também afirma que a internet 5G no Brasil poderá facilitar o processo de hibridização do ensino no Brasil. Com mais agilidade e cobertura, a expectativa é de que ela ofereça aos usuários mais conforto e tecnologia. “Com maior velocidade, os professores terão mais recursos para ensinar os estudantes, que por sua vez, terão mais agilidade e possibilidades para aprender”, diz ele. “Recursos como videoaulas gravadas, plataformas on-line para interação, aulas on-line e ao vivo, além de outras ferramentas on-line estão ajudando escolas e universidades brasileiras a manter a qualidade do ensino durante o período de pandemia,  quando não podíamos ter aulas presenciais. O ensino via internet é irreversível, inclusive porque está se adaptando às salas de aula”, complementa Alfredo.

Segundo ele, a internet é uma ferramenta tecnológica que será apenas meio entre “professor-aluno’’, mas que precisa ser adaptada. Alfredo também explica que a internet nas escolas, e para estudantes de baixa renda, deveria ser uma prioridade, assim como a merenda escolar e o transporte. “Porque muitas crianças precisam da merenda escolar para complementação de sua alimentação. O poder público deveria encontrar uma forma de trazer o estudante para a escola. Tem ou deveria ter a obrigação, pelo menos para as crianças mais pobres, de fazer com que elas tivessem condições de receber ensino”, explica.

Algumas pessoas cometem um erro muito grave, segundo Alfredo, quando vão comparar o ensino de internet com o presencial. “No ensino presencial é indiscutível que nós temos instituições fracas, muito fracas, razoáveis, boas e excelentes. No ensino de internet, nós também temos instituições muito fracas, fracas, razoáveis, boas e excelentes. As instituições fracas e muito fracas no ensino de internet são instituições que usam a internet para massificar o ensino, elas usam a internet para colocar um professor em uma sala de aula, com 100 a 150 pessoas. Ou seja, para reduzir os custos da educação, e reduzir custos da educação é essencialmente reduzir um tempo de dedicação do professor para cada estudante”, afirma.

 *Sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo