ESCOLHA A ESCOLA DO SEU FILHO

Valores da família devem ser levados em consideração na escolha da escola

Busca pela instituição de ensino ideal é embasada também nos valores de cada família. Especialista explica que escolas têm a função social de lutar contra exclusões

Jéssica Andrade - Especial para o Correio
postado em 29/10/2022 06:03
Isaura Sarto e Gustavo Taglialegna com os filhos Vittorio (D) e Lorenzo: formação de cidadãos plenos -  (crédito: Fotos: Minervino Junior/CB/D.A Press)
Isaura Sarto e Gustavo Taglialegna com os filhos Vittorio (D) e Lorenzo: formação de cidadãos plenos - (crédito: Fotos: Minervino Junior/CB/D.A Press)

À medida que o fim do ano se aproxima, os pais e responsáveis iniciam uma peregrinação em busca da melhor instituição para os filhos. Enquanto alguns farão a matrícula pela primeira vez, outros vão trocar de escola porque querem ou precisam. Em ambos os casos, para acertar na escolha, eles devem levar em consideração os valores ensinados pelo colégio.

Segundo o professor Simão de Miranda, pós-doutor em educação e doutor em psicologia escolar e do desenvolvimento humano, para além do conteúdo acadêmico, uma escola que se esmere em ensinar com extrema competência os conteúdos escolares é a que educa para a emancipação do aluno. Para ele, a escola precisa representar o conjunto dos conhecimentos produzidos e acumulados ao longo da história humana. "Sem perder de vista a promoção dos valores humanos basilares que visem a construção de um outro mundo possível, sobretudo mais humano, mais respeitoso, mais justo, mais inclusivo. Uma escola que favorece às crianças os processos de humanização, que é a antítese da barbárie’, completa Miranda.

Ele explica que a escola possui uma função social: a de lutar contra as exclusões, as desigualdades, a domesticação, a alienação, a opressão, o autoritarismo. "A escola precisa ensinar o conhecimento sistematizado dos currículos, mas precisa formar cidadãos plenos e conscientes dos seus papéis na sociedade", afirma o professor, que atualmente atua como formador de docentes na Secretaria de Educação do Distrito Federal.

Foi com base nesses valores que a advogada Isaura Sarto escolheu a escola dos filhos Vittorio, 11 anos, e Lorenzo Sarto, 8. "Quando eu comecei a procurar escola, tinha que ser uma instituição acolhedora, atenta, plural, que respeitasse as diferenças e as diversidades. E, sobretudo, tivesse valores humanos bem definidos. Essa sou eu. Esses são valores pessoais que acredito e não abro mão", revela.

Ao encontrar a Escola Maria Montessori, na Asa Sul, Isaura soube que seria a instituição ideal. "Além de me identificar com todos os valores, percebi que ali as individualidades dos meus filhos seriam trabalhadas. Eles são respeitados da forma que são, com todas as singularidades. Além disso, o método montessoriano é fascinante. Sinto muito orgulho ao vê-los buscando conhecimento de forma autônoma e independente", afirma a advogada.

  • 19/10/2022 Crédito: Minervino Junior/CB. Caderno Escolha a Escola do seu filho. Escola Maria Montessouri valores da família na escola. Diretora pedagógica Márcia Fatureto. Minervino Junior/CB
  • Isaura e Gustavo escolheram uma escola acolhedora para Vittorio, 11, e Lorenzo, 8 Minervino Junior/CB/D.A Press
  • Isaura Sarto e Gustavo Taglialegna com os filhos Vittorio (D) e Lorenzo: formação de cidadãos plenos Fotos: Minervino Junior/CB/D.A Press
  • 19/10/2022 Crédito: Minervino Junior/CB. Caderno Escolha a Escola do seu filho. Escola Maria Montessourivalores da família na escola. Isaura Sarto(mãe), Gustavo Taglialegno, com os filhos Vittorio Sarto e Lorenzo Sarto(menor) Minervino Junior/CB
  • 19/10/2022 Crédito: Minervino Junior/CB. Caderno Escolha a Escola do seu filho. Escola Maria Montessourivalores da família na escola. Isaura Sarto(mãe), Gustavo Taglialegno, com os filhos Vittorio Sarto e Lorenzo Sarto(menor) Minervino Junior/CB

Busca ampla

Segundo Márcia Fatureto, diretora pedagógica da Maria Montessori, cada vez mais as famílias buscam escolas acolhedoras, inclusivas, que promovam o aprendizado em todos os aspectos: cognitivos, sociais, emocionais e humanos. E que, ainda, oportunize a construção de relações saudáveis. "A escola não tem mais o papel de ensinar apenas o conteúdo acadêmico, mas de contribuir na formação dos seres humanos éticos, morais, com consciência ambiental e social. Repito: a diferença é uma escola inclusiva", enfatiza.

O método pedagógico montessoriano, difundido pela médica Maria Montessori (1870-1952) é conhecido mundialmente e foi um marco para a educação básica por aliar as atividades à liberdade e individualidade de cada criança. Em Brasília, a escola existe há 52 anos, tem formação católica e é mantida por freis Carmelitas.

Márcia Fatureto explica que o método é estabelecido sobre um tripé: profissionais capacitados, ambiente organizado e materiais montessorianos. "O ensino é desenvolvido por faixa etária e o material é o que faz toda a diferença. Eles ficam à disposição e a criança tem a autonomia de escolher qual material vai explorar. Os professores tem o papel de direcionar aquela atividade ao ensino. Com isso, ela aprende no tempo dela".

Além do respeito à autonomia e individualidade de cada aluno, segundo a diretora, a escola é pautada por valores ambientais, pela solidariedade, respeito ao outro, justiça, liberdade, acolhimento, valorização do ser, inclusão das diferenças e combate ao preconceito.

De acordo com Fatureto, esses valores são indispensáveis, especialmente no pós-pandemia. "A pandemia foi uma quebra no desenvolvimento. Tivemos que retornar com atividades para resgatar conceitos que elas já tinham mas perderam", completa a diretora.

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