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Estudantes do DF criam app de doações e recebem convite de Harvard, MIT e Google

Grupo de três estudantes de escola do Itapoã recebeu convite para experiência nos Estados Unidos após apresentar projeto em evento que visa promover interação entre tecnologia e solidariedade

Por Yandra Martins* — “Vimos uma carência no mercado de doações e abraçamos a oportunidade”, diz Pablo Cauã Novais sobre a criação do aplicativo Solidário Express. Novais, Pedro Henrique Pontes, Maria Luiza Miranda e Wanderson Carlos Braz são os idealizadores da plataforma, que se destacou na 4ª edição da Olimpíada Brasileira de Tecnologia (OBT).

Com o projeto apresentado no evento — que tem como objetivo arrecadar recursos para viabilizar e manter a plataforma, além de descentralizar doações —, os estudantes receberam convite para uma experiência que os levará a conhecer a sede do Google, a Universidade de Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). Doações para a viagem podem serem enviadas por meio do link.

Com a meta de alcançar pessoas e instituições com menor visibilidade, o aplicativo pretende conectar diretamente doadores e donatários. “O impacto gerado terá relevância social que ultrapassa o aprendizado técnico: será a oportunidade de aplicar o conhecimento em prol do bem comum, fortalecendo o papel da escola como agente de mudança na sociedade”, afirma Wanderson Braz.

Novais conta que a ideia surgiu a partir da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, quando os estudantes perceberam a centralização das doações destinadas ao estado. Considerando a solidariedade mobilizada — que, ao somar esforços do governo federal e da população fora do estado, ultrapassou R$ 60 bilhões —, a equipe CBRbrabos desenvolveu a proposta para descentralizar e tornar mais transparente o fluxo de ajuda.

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O aplicativo está em fase de desenvolvimento e em busca de patrocínio. O sistema previsto pelos estudantes prevê mecanismos para garantir a legitimidade das instituições beneficiárias, por meio de fiscalização rigorosa e exigência de documentação comprobatória.

Divulgação - Apresentação do projeto Solidário Express durante o evento

A estudante Maria Luiza Miranda relata a experiência de apresentar a plataforma na Escola Avançada de Tecnologia, em São José dos Campos. “A resposta foi, em geral, positiva. Recebemos diversas propostas de aplicação para o projeto, o que confirmou nossa expectativa de que a esfera das doações é um problema em âmbito nacional”, diz.

Os alunos do Colégio Barão do Rio Branco promovem, em conjunto com o professor-orientador, uma vaquinha virtual de R$ 60 mil para custear a ida da equipe ao evento nos EUA, ao qual foram convidados pelo Instituto Alpha Lumen (IAL) e pelo MIT Brazil dias após a apresentação em São Paulo. Além do desafio financeiro, a equipe precisa lidar com a pressão gerada pelo convite para Boston. “Uma das dificuldades é administrar as expectativas criadas com o convite”, comenta Braz.

Apesar dos obstáculos, os estudantes destacam a motivação de proporcionar experiências que os desafiem academicamente e os coloquem em patamar competitivo típico de olimpíadas científicas. Para Pedro Henrique Pontes, o convite para Boston representou “um reconhecimento” pelo trabalho da equipe. “A sensação é de recompensa — a compreensão de que o esforço árduo traz resultados, ainda mais por se tratar de uma surpresa tão grande”, afirma.

*Estagiária sob a supervisão de Pedro Grigori