O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi concluído ontem com 28,1% de ausentes, índice próximo do observado no ano passado. O governo celebrou, porém, o fim da queda contínua no número de inscritos nos últimos exames. Foram 3.939.242 inscrições confirmadas, 13,1% a mais do que em 2022. No balanço da prova, divulgado à noite, constavam apenas "problemas pontuais" durante a aplicação, segundo o ministro da Educação, Camilo Santana. Porém, a Polícia Federal investiga a divulgação de fotos das provas nas redes sociais após o fechamento dos portões.
Uma imagem contendo o tema da redação e os textos de apoio circulou ainda durante a realização do exame. Outras, da prova inteira, também foram identificadas. Os participantes são proibidos de usar celulares ou outros equipamentos eletrônicos. Duas diligências foram realizadas. Uma no Distrito Federal e em Pernambuco. A corporação foi acionada pelo Inep, que realiza o exame, ligado ao Ministério da Educação. Segundo o órgão, a princípio, não há suspeita de vazamento prévio, já que as fotos foram publicadas após o início do teste, que começou às 13h30. Também é procedimento padrão que irregularidades no Enem sejam investigadas pela PF.
"Fizeram duas diligências. Uma em Pernambuco, onde um proprietário de um conteúdo digital divulgou a imagem. Outra diligência aqui no Distrito Federal. Eu conversei com o ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), com o superintendente da Polícia Federal", anunciou Camilo em coletiva de imprensa na noite de ontem. "A polícia está engajada em fazer toda a investigação e poderá fazer outras diligências nas próximas horas para identificar a divulgação dessas fotos após o início da aplicação das provas", completou.
"A polícia está engajada em fazer toda a investigação e poderá fazer outras diligências nas próximas horas para identificar a divulgação dessas fotos após o início da aplicação das provas" Camilo Santana, ministro da Educação
O governo organizou ontem uma sala de situação na sede do Inep para acompanhar a aplicação do exame. Pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no local, que supervisiona a segurança e a logística da prova que, neste ano, conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça. A comitiva presidencial era composta pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja; pelos ministros da Educação, Camilo Santana, e da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta; pelo presidente da autarquia responsável pela prova, Manuel Palacios.
Lula comemorou o aumento de inscritos no exame. Em 2022, o Enem atingiu o menor número de candidatos em 17 anos, com menos de 3,5 milhões, "e agora voltou a 3,9 milhões de jovens que se inscreveram", disse. "Uma demonstração do apetite dos nossos meninos e meninas em estudar e, quem sabe, concluir seus estudos em uma universidade. Estou muito feliz, porque 63% dos 3,9 milhões são mulheres. Uma boa notícia é saber que as mulheres estão batendo recorde atrás de recorde na tentativa de se formar e se transformarem em mulheres independentes, com profissão. Isso é muito bom para que a gente possa pensar nesse país mais democrático, mais igualitário e sem preconceito de gênero", comentou o presidente.
Lula voltou a defender que recursos destinados à educação são, na verdade, investimentos e não gastos. O presidente comentou que acredita que o governo deve caminhar "para que as pessoas não paguem taxa no Enem". "A gente vai ter que fazer uma combinação para que torne mais atrativo a esses jovens se inscreverem para fazer o Enem e para poder entrar em uma universidade", declarou.
Em todo o país
O balanço do primeiro dia do Enem foi divulgado em coletiva de imprensa, na sede do Inep, em Brasília, por Camilo Santana e pelo presidente do Instituto, Manuel Palacios. Dos 3.939.242 candidatos, 28,1% se ausentaram, índice próximo ao ano passado, de 28,3%, segundo dados corrigidos da pasta.
Dos participantes que foram fazer a prova, 4.293 acabaram eliminados por usar equipamentos eletrônicos ou materiais impressos, não seguirem orientações dos fiscais ou por saírem do local antes do horário mínimo, duas horas após o início do exame. Foram presos 15 participantes, e cinco celulares, apreendidos.
Outros 905 estudantes foram afetados por problemas logísticos e não puderam fazer a prova. Eles poderão solicitar a reaplicação da prova entre 13 e 17 de novembro, no site do Inep. O ministério frisou, porém, que os dados divulgados ontem são parciais e podem mudar. Foram apuradas, até a noite, 98,3% das informações.
"Foi um ano em que a gente conseguiu reverter um pouco a tendência que era decrescente das inscrições do Enem. Cerca de 500 mil a mais do que em 2022. É o esforço que o governo tem feito para retomar que os jovens realizem o Enem, e o sonho de entrar em uma universidade", celebrou Camilo.
Amazonas teve a maior taxa de abstenção: 44%. O Acre vem em segundo, com 33%. Camilo destacou que, em São Paulo, onde havia preocupação com os efeitos das chuvas e da interrupção do fornecimento de energia elétrica, a abstenção foi abaixo da média nacional, com 26,8%. "Todas as escolas de São Paulo tiveram a aplicação da prova", frisou o ministro, citando que o Ministério de Minas e Energia atuou para garantir o fornecimento de energia nos locais.
Questionado sobre a manutenção do índice de abstenção em relação ao ano passado, o presidente do Inep destacou o aumento no número de inscrições. "O percentual se manteve, mas temos muito mais jovens fazendo o Enem nesta edição", pontuou. A aplicação do Enem envolveu 1.750 municípios, com 9.396 locais de prova, 1.086 coordenadores e 132.413 salas de aplicação, de acordo com o balanço.