Formação de Liderança

Estudantes da FGV fazem expedição na Chapada dos Veadeiros

Seguindo todos os protocolos de segurança, alunos do curso de administração pública fizeram estudo sobre os aspectos econômicos, políticos e sociais da região. As lições contribuem para os futuros profissionais adquirirem noções de liderança

Isabela Oliveira*
postado em 23/11/2020 13:39 / atualizado em 24/11/2020 16:29
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Graduandos do curso de administração pública da Fundação Getulio Vargas (FGV) participaram de uma excursão no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO). A expedição faz parte da formação dos estudantes e tem como base a superação de desafios para formar a boa liderança e a coletividade.

Além de colocarem a teoria de sala de aula em prática, os alunos conheceram uma nova cultura e tiveram noções sobre a relevância do parque. Antes da expedição, que ocorreu entre 13 e 15 de novembro, eles planejaram a viagem e fizeram um estudo sobre as questões econômicas, políticas e sociais da Chapada.

Durante todo o ano, os estudantes escolheram as trilhas, montaram o projeto e estudaram sobre a região da Chapada dos Veadeiros, principalmente sobre políticas públicas voltadas para quilombolas. Eles fariam um projeto social na Comunidade Quilombola Kalunga, de Cavalcante (GO), mas devido à pandemia não foi possível.

Professores e alunos foram testados para Covid-19 antes da viagem. Aqueles que tiveram contato com quem estava com sintomas ou foi diagnosticado com a doença não participaram. Ao todo, 10 estudantes tiveram a oportunidade de vivenciar a experiência, seguindo regras de segurança sanitária (uso de máscaras, álcool gel e distanciamento).


Trilhas auxiliaram estudantes a superar desafios

Nos dias de expedição, os alunos foram desafiados a fazer trilhas de 12 km pelo Parque Nacional. À noite, eles faziam momentos de confraternização e aproveitavam, em distanciamento, para conversar e fazer reuniões de turma, pois estavam desde o início da pandemia apenas em contato virtual.

Segundo Gehovany Figueira, 41 anos, aluno do 2º semestre e participante da expedição, as trilhas foram essenciais para que eles aprendessem a superar desafios. No primeiro dia de caminhada, ele ficou responsável por acompanhar as pessoas que tivessem alguma dificuldade, como bolhas nos pés ou cansaço.

Para Gehovany a expedição não só pôde auxiliar na formação de liderança como também em permitir, mesmo que distantes, o contato com os outros colegas que estavam se vendo apenas pelo Zoom desde março
Para Gehovany a expedição não só pôde auxiliar na formação de liderança como também em permitir, mesmo que distantes, o contato com os outros colegas que estavam se vendo apenas pelo Zoom desde março (foto: Arquivo pessoal)

 

Figueira está na segunda graduação, é formado em direito, e trabalha como técnico de judiciário no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). No dia a dia, ele percebe que poucas pessoas no serviço público têm formação qualificada e essa foi a principal razão de ter buscado a Fundação Getulio Vargas. “Não adianta ter o cargo de gestor, você tem que ter qualificação técnica para isso”, afirma.

Os custos com a pousada e o ônibus foram pagos pela Fundação, mas o ideal para outras expedições é que os estudantes procurem patrocínio para que também possam colocar em prática, pois faz parte da ementa do curso saber captar recursos.

“Pedagogicamente, essa é uma parte do aprendizado. Eles têm que criar um projeto que mostre a potenciais patrocinadores de que a gente está trabalhando para melhorar a vida dos outros”, explica o diretor da Escola de Políticas Públicas e Governo da FGV em Brasília, Edson Kondo, de 64 anos.

 

O professor Edson Kondo é diretor da FGV e foi o responsável por redesenhar o planejamento do curso de administração pública e inserir as expedições para contribuir na formação humana dos estudantes
O professor Edson Kondo é diretor da FGV e foi o responsável por redesenhar o planejamento do curso de administração pública e inserir as expedições para contribuir na formação humana dos estudantes (foto: Arquivo pessoal)
 

 

Expedições valorizam o lado humano

Segundo o professor Kondo, a ideia de desenhar um conteúdo programático do curso voltado para expedições surgiu do ideal da FGV de que as pessoas precisam estar preparadas para mudanças. Além disso, mais importante do que a qualificação profissional, o estudante precisa entender o próximo para poder trabalhar em equipe.

“Nós tiramos os alunos da sala de aula e criamos um ambiente de desafio em que eles têm que trabalhar em equipe”, conta o diretor. “Nós criamos condições para que as pessoas descubram virtudes entre os colegas.”

Os alunos então devem conhecer a região em que vivem e passar por situações que despertem neles virtudes como liderança e coletividade. Mas isso também dá a oportunidade para que eles conheçam os colegas em momentos de vulnerabilidade.


“É muito mais do que uma viagem”

Para os alunos, a experiência não foi só uma viagem à Chapada, mas uma possibilidade de exercitar valores como resiliência, trabalho em equipe e o foco da expedição: liderança. Essas competências complementam ambas formações: profissional e pessoal.

A estudante Thaís Araújo, 31, também está na segunda graduação e deseja juntar as duas profissões, jornalismo e administração, para futuramente trabalhar com políticas públicas. As trilhas, segundo Thaís, foram essenciais para o exercício da resiliência e para mostrar que todos eles conseguem, mesmo com as adversidades.

Thaís Araújo está na segunda graduação e quer trabalhar diretamente no setor público na formação de políticas públicas
Thaís Araújo está na segunda graduação e quer trabalhar diretamente no setor público na formação de políticas públicas (foto: Arquivo pessoal)

 

Durante as caminhadas, eles estavam preparados para qualquer tipo de clima, mas não esperavam passar por momentos de chuva forte, caminhos sinuosos, além do cansaço físico e mental. “Foram dias de intensa caminhada, mas que trouxeram aprendizados que vão ficar eternizados”, pontua a jornalista de formação.


Próxima parada: como sobreviver na selva

Em 2021, a turma poderá se desafiar na Amazônia. A expedição será de uma semana na região, e os alunos devem se planejar e fazer um levantamento sobre a relevância do estado do Amazonas para o Brasil. Eles visitarão a sede do Exército em Manaus e também viverão uma noite de sobrevivência na floresta Amazônica.

Nos últimos anos do curso, as expedições serão internacionais. A ideia é que os alunos visitem a Patagônia (entre a Argentina e o Chile) ou Machu Picchu (Peru), entendam o que é ser latino-americano e estudem as lutas históricas pela libertação e independência.

E por fim, no último ano, eles farão o trecho de Santiago de Compostela, da França à Espanha. A trilha terá a duração de um mês, com estudos relacionados às questões das mudanças climáticas ou pandemias. Para conhecer mais sobre a Fundação e o curso, acesse o site.

*Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá

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