Aluno egresso do Colégio Militar de Brasília (CMB), Thiago José Velôso de Souza, 18 anos, garantiu vaga para estudar em uma das instituições mais renomadas do mundo, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês), localizado nos Estados Unidos. O processo de aplicação foi disputado por 33.240 inscritos.
“É um sonho se tornando realidade”, descreve Thiago. O instituto, por entender que o jovem não teria condições de custeio integral das despesas, concedeu uma bolsa de estudos que cobrirá os gastos de permanência em Cambridge, onde fica a instituição. Ele destaca que foi um processo extenso e complicado, mas, agora, se prepara para integrar o corpo discente a partir de setembro.
Ainda em 2020, enquanto cursava o 3° ano do ensino médio, iniciou o processo de aplicação em instituições americanas. O processo, apesar de trabalhoso, rendeu bons frutos. Além do MIT, outras instituições também se interessaram pelo perfil do brasiliense, como a Georgia Tech e o Williams College. No entanto, é para o MIT que está decidido a ir.
Nem sempre o horizonte esteve claro
Também estavam no radar Princeton University e, do Brasil, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Militar de Engenharia (IME). “São universidades de excelentíssimo nível, mas como fui aprovado pelo MIT e minha primeira opção era que, caso passasse fora do país , iria para os EUA, acabou que fui para fora do país mesmo”, ressalta.
Thiago, porém, conta que não foi sempre que enxergou a possibilidade de garantir uma oportunidade fora do país. A mudança de chave ocorreu no 9° ano do ensino fundamental. Na época, já tinha o interesse em fazer intercâmbio, mas foi após um colega relatar a experiência com um curso de verão no exterior que o horizonte se abriu para o estudante. “Foi aí que comecei a pesquisar de verdade”, recorda.
No processo de aplicação, que ocorreu em 2020, entre os requisitos estava apresentar os resultados do SAT (Teste de Aptidão Escolar, em português) e reunir cartas de recomendação de professores. Para isso, contou com mentorias do Prep Estudar Fora e da Brasa (sigla em inglês para Associação de estudantes brasileiros no exterior), que, além da orientação, ajudaram com auxílio financeiro.
Conquistas e impacto contam na aplicação
Thiago ressalta que o apoio da família foi essencial no processo. “É um sonho bem distante para o estudante brasileiro. Então, ter alguém que te apoia não somente no quesito financeiro, mas também no sentido de acreditar que aquilo vai dar certo é realmente muito importante, por isso minha família foi muito essencial”, observa.
Além disso, o suporte da escola contribuiu positivamente. Em 2014, o jovem foi aprovado em um concurso para filhos de não militares e entrou no CMB. Dentro da instituição deu os primeiros passos rumo às olimpíadas científicas. Em 2020, Thiago representou não só Brasília, mas o Brasil, junto a outros três estudantes, na Olimpíada Internacional de Química.
“Essa conquista demandou demais de mim, de estudar dias e noites me preparando”, ressalta o estudante também premiado na Olimpíada Brasileira de Química, que é apoiada pelo Conselho Federal de Química. “Isto é algo muito bem avaliado pelas universidades de fora: o quanto você se esforça além do que lhe é pedido. Mas também é importante que devolvamos esse conhecimento para a comunidade”.
Durante o ensino médio, Thiago ainda guardava tempo para ajudar os amigos com dificuldade nas disciplinas de exatas, fazendo parte de projetos de mentoria e tutoria. Além disso, pôde participar da banda do colégio como clarinetista, do clube de robótica e das simulações das Organizações das Nações Unidas (ONU). Fora isso, ainda integrou o Latin American Leadership Academy, realizado no México.
O futuro ainda é incerto, mas há um sonho de impactar o país
Thiago observa que o currículo das universidades brasileiras difere do das instituições americanas. No início da formação, o estudante passa por disciplinas de diferentes departamentos. Essa característica deve ajudar o brasiliense na decisão de qual curso a seguir.
Ele afirma que, certamente, decidirá pelo campo da engenharia, mas ainda tem dúvidas sobre a área escolher, se engenharia da computação ou engenharia química. “Provavelmente, vou fazer os dois, já que permitem essa modalidade. Mas também permitem cursar economia ou negócios ao mesmo tempo”, revela.
Até setembro, quando as aulas estão marcadas para terem início, Thiago espera que grande parcela da população dos EUA esteja vacinada contra a covid-19, o que deve permitir o retorno para o modelo presencial. E a previsão de formatura é para 2025, quando pretende retornar ao Brasil e aplicar o que aprendeu no exterior.
“Pretendo criar minha empresa de biotecnologia aqui, mas quem sabe me tornar o ministro da Educação ou da Ciência”, almeja. “É bom sonhar alto porque, talvez, se a gente focar, a gente vai atingir”.
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*Estagiário sob a supervisão da editora Ana Sá