Durante a 140ª Reunião Extraordinária do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), os reitores das universidades federais receberam as especialistas em epidemiologia Lúcia Campos Pellanda e Ethel Leonor Noia Maciel para que apresentassem um panorama da pandemia de covid-19.
As professoras destacaram as novas variantes, que vêm afetando a população mais jovem, além da necessidade de continuar com as medidas de segurança: evitar aglomerações e usar máscaras. A reunião foi feita virtualmente na última quinta-feira (8/4).
De acordo com Lúcia Pellanda professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a pandemia está descontrolada no Brasil e isso amplia a possibilidade de surgirem novas variantes em todos os estados. Segundo a especialista, o número de mortes pelo novo coronavírus mostra que 2021 começou de uma forma “bastante trágica”.
Para ela, ainda é delicado falar acerca das projeção de infectados, porque há diversos fatores envolvidos. Porém, o não cumprimento das medidas de segurança como o uso de máscaras e o distanciamento social pode fazer o Brasil chegar a mais de 500 mil mortes em julho.
A epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Ethel Maciel chama atenção ao fato de que as variantes têm causado novos sintomas e afetado à população mais jovem e, inclusive, levando a óbito pessoas sem doenças pré-existentes.
Especialista destaca ações dos países que conseguiram conter o vírus
Lúcia Pellanda afirmou que os países que têm se destacado na contenção das infecções pelo coronavírus têm características em comum, como comunicação unificada, decisões rápidas e baseadas na ciência, testagem e rastreamento para o rápido isolamento de infectados, isolamento social eficiente para prevenção da transmissão respiratória, além da vacinação.
A professora Lúcia Pellanda pondera que há duas estratégias básicas: prevenção e mitigação. A professora cita o caso da Nova Zelândia, que efetivou a contenção e não deixou a doença avançar no país. Para a estratégia da mitigação, é preciso aumentar o número de leitos hospitalares, por exemplo.
Pellanda reforçou que a estratégia mais eficaz na contenção da transmissão por vias respiratórias é o uso de máscaras de forma adequada, distanciamento interpessoal, proibição de aglomerações (encontro de pessoas que não morem juntas) e ventilação, pois ambientes fechados potencializam a possibilidade de transmissão do vírus.
Faltam insumos nos hospitais
Segundo Ethel Maciel, nesse momento, o Brasil vive um colapso generalizado com sistemas hospitalares incapazes de absorver o número de doentes, profissionais da saúde adoecendo por infecção pelo coronavírus ou por outros fatores, como estresse de jornadas múltiplas de trabalho.
Ela também destaca a falta de insumos para o tratamento adequado da população infectada, como medicamentos para sedação e equipamentos para ventilação mecânica, por exemplo.
Especialista pondera que o uso de vacinas de diferentes eficácias exigem uma estratégia de imunização diferente
Sobre as vacinas, Ethel explica que as duas disponíveis para aplicação hoje no Brasil têm eficácias diferentes e isso modifica a estratégia de vacinação da população. A epidemiologista afirma que a eficácia da vacina é um parâmetro para que possamos avaliar a imunidade coletiva. Como as vacinas têm eficácias distintas, é preciso vacinar mais pessoas para atingir um nível de imunidade seguro.
Os reitores lembraram que três vacinas foram desenvolvidas por universidades federais e estão em processo de pesquisa laboratorial. Se avançarem nos testes, poderão ir para as fases clínicas em breve. Desde o início da pandemia, a estrutura física e humana das instituições está à disposição da população no enfrentamento da pandemia.