Bolsa-estágio

Pesquisa revela as carreiras que melhor remuneram estagiários

Segundo levantamento do Nube, a média nacional da bolsa de estágio ficou em R$ 1.007,06. Cursos mais bem pagos são agronomia, ciências atuariais e econômicas

Isabela Oliveira*
postado em 14/03/2021 14:18 / atualizado em 14/03/2021 14:44
Este é o melhor período para encontrar uma boa oportunidade. As contratações estão em alta até o fim do primeiro trimestre. A bolsa dos estagiários subiu, e o valor médio nacional é de mais de R$ 1 mil. Confira dicas para conquistar sua chance  -  (crédito: Arquivo Pessoal)
Este é o melhor período para encontrar uma boa oportunidade. As contratações estão em alta até o fim do primeiro trimestre. A bolsa dos estagiários subiu, e o valor médio nacional é de mais de R$ 1 mil. Confira dicas para conquistar sua chance - (crédito: Arquivo Pessoal)

A média nacional das bolsas de estágio é de R$ 1.007,06, segundo pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube). Os cursos de ensino superior, tecnólogo e técnico mais bem pagos são, respectivamente, agronomia, tecnologia em banco de dados e técnico em edificações.

Agronomia estava em quarto lugar no último estudo e, agora, desbancou ciências atuariais com uma diferença de 4%. Os futuros agrônomos recebem, em média, R$ 1.847,97 ao mês. Para os cursos tecnólogos, o de banco de dados permanece no topo, com remuneração média de R$ 1.360,20. Secretariado caiu quatro posições, e gestão comercial entrou na lista dos cursos mais bem pagos.

No nível técnico, o curso de edificações saiu do quarto lugar para o primeiro, com uma bolsa média de R$ 916,32. A área de eletro teve queda com os cursos de eletromecânica, eletroeletrônica e eletrotécnica, que deram lugar a marketing, rede de computadores e contabilidade.

Aprendendo a lidar com pessoas

"O agronegócio sustentou a economia do país e o agro alimentou o Brasil e outros países do mundo inteiro" Maria Clara Magalhães, estudante de agronomia e estagiária
"O agronegócio sustentou a economia do país e o agro alimentou o Brasil e outros países do mundo inteiro" Maria Clara Magalhães, estudante de agronomia e estagiária (foto: Arquivo Pessoal)

Estudante do curso superior mais bem remunerado do mercado, Maria Clara Teixeira Magalhães, 22 anos, já tem duas experiências de estágio. Ela estuda agronomia na Universidade de Brasília (UnB) e estagiou no campo, na Fazenda Água Limpa (FAL-UnB), e, agora, estagia na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ela está no estágio há um ano e seis meses e participa da elaboração de planilhas e compilação de dados.

O principal desafio que ela enfrenta, além de lidar diariamente com pessoas, o que não ocorria no estágio em fazendas, é conciliar a atividade com o curso. Para ela, o agronegócio não foi impactado pela pandemia, pois as necessidades dos brasileiros, quanto à alimentação, por exemplo, continuam existindo e aumentando.

“O agronegócio sustentou a economia do país e alimentou o Brasil e países do mundo inteiro”, ressalta a estudante do 8º semestre. Para o futuro, ela almeja uma carreira financeiramente estável: “Pretendo trabalhar, de preferência, em multinacional ou fazer concurso público, visando a uma estabilidade financeira”.


Áreas aquecidas

"Agronomia cresceu bastante nos últimos anos, e é o agrobusiness que tem a carreira de estágio com a maior bolsa-auxílio do Brasil" Seme Arone, presidente do Nube
"Agronomia cresceu bastante nos últimos anos, e é o agrobusiness que tem a carreira de estágio com a maior bolsa-auxílio do Brasil" Seme Arone, presidente do Nube (foto: Nube/Divulgação)

De acordo com Seme Arone Junior, presidente do Nube, as carreiras mais bem remuneradas nos cursos superiores, tecnólogos e técnicos estão em alta porque o mercado tem muitas vagas. Dentre as áreas de maior destaque em relação ao ano anterior estão os cursos de engenharia, tecnologia e agronomia.

“Agronomia cresceu bastante nos últimos anos, e é o agrobusiness que tem a carreira com a maior bolsa-auxílio do Brasil”, pontua o presidente do Nube. Para os cursos técnicos, o destaque fica com o técnico em edificações. “Vale a pena a gente lembrar que, mesmo com a crise, houve uma retomada muito grande do setor de construção civil por causa da alta na busca de um imóvel para morar e dos juros menores”, ressalta.

Análise por regiões

A região Sul segue como a que melhor paga estagiários, com bolsa média de R$ 1.136,80. O Centro-Oeste, antes ocupando a segunda posição, deu lugar ao Sudeste (média de R$ 1.007,89). O Nordeste também ultrapassou o Centro-Oeste com uma diferença de menos de um real: R$ 981,18 e R$ 980,73, respectivamente. No Norte, o resultado ficou em R$ 776,62.

Ao ponderar o desempenho por idade, quem tem entre 24 e 29 anos ficou na frente dos demais quanto ao salário, com média de R$ 1.161,15. O presidente do Nube acredita que a maior concentração se deu nos jovens adultos pelo perfil mais maduro. “As empresas, quando vão contratar, buscam o perfil comportamental de melhor comunicação, maturidade, compromisso, e esse perfil está nessa faixa de 24 a 29 anos”, diz.

Estágio a distância

Nem tudo na pandemia foi perdido. Seme Arone, do Nube, acredita que 2021 tem tudo para democratizar ainda mais as vagas de estágio e ser um ano melhor para quem não conseguiu conquistar a primeira experiência no ano passado. Também há chance de aumento das bolsas: para 2021, a expectativa do Nube é de um aumento entre 3% e 5% no valor pago aos estagiários.

“A possibilidade de trabalhar a distância pode trazer mais vagas e ajudar estudantes que não conseguiram chances em outras regiões a terem acesso às oportunidades das empresas que procuram profissionais e não conseguem encontrar”, afirma. “Vamos democratizar o acesso por causa da tecnologia, podendo aumentar o valor das bolsas em algumas carreiras pela melhor distribuição de vagas.”

 





Homens X mulheres

A pesquisa do Nube analisou a diferença entre o desempenho dos estagiários homens e das estagiárias mulheres, que foi de 8,8%. O público masculino retira mensalmente R$ 1.057,40, enquanto o feminino, R$ 964,23.

Seme Arone, presidente do Nube, explica que não pode haver diferenciação de gênero durante a contratação. Por isso, essa diferença não está relacionada às mesmas posições ou funções, mas, sim, à escolha do curso.

“Isso acontece porque há uma concentração de homens em carreiras de exatas e faltam profissionais. As áreas de exatas acabam remunerando melhor esses profissionais por causa da oferta e da demanda; você tem mais vagas e menos pessoas”, explica.


Representatividade feminina impactada

Segundo levantamento feito pelo Ciee, a pandemia impactou a representatividade feminina entre estagiários. O índice de mulheres passou de 65%, em 2020, para 63% no início deste ano.

Pedagogia, curso com presença majoritariamente feminina, apresentou queda de nove pontos percentuais em relação a 2020. O curso de psicologia se manteve estável, e o de engenharia civil regrediu 2% em comparação com o ano anterior.

A pesquisa também analisou a idade de entrada no mercado de trabalho. Em 2020, estagiárias entre 17 e 19 anos representavam 12% do total de estudantes mulheres. Porém, em 2021, essa relação caiu para 10%. Na faixa etária entre 20 e 25 anos, passou de 82% para 58%.


Participação feminina


Confira as porcentagens da presença de estagiárias em sete cursos em 2020 e 2021 segundo estudo do Ciee:

Ano - 2020 2021

» Direito - 27% 26%
» Pedagogia - 24% 15%
» Administração - 14% 11%
» Ciências contábeis - 4% 3%
» Psicologia - 3% 3%
» Enfermagem - 2% 3%
» Engenharia civil - 3% 1%

 

*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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