empreendedorismo

Igreja estimula moradores de rua a abrirem o próprio negócio

Projeto social da paróquia Nossa Senhora das Mercês, na Asa Sul, usa o empreendedorismo como forma de superação da pobreza. Ação foi reconhecida pela Câmara Legislativa do Distrito Federal

Millena Gomes*
postado em 04/05/2022 20:13 / atualizado em 04/05/2022 20:13
O projeto social da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, na Asa Sul, auxilia população a empreender e abrir o próprio negócio para superar a pobreza -  (crédito: Arquivo pessoal)
O projeto social da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, na Asa Sul, auxilia população a empreender e abrir o próprio negócio para superar a pobreza - (crédito: Arquivo pessoal)

Moradores em situação de vulnerabilidade social de Brasília passaram a contar com ajudas inusitadas: orientações sobre empreendedorismo e capacitação profissional. A iniciativa é da paróquia Nossa Senhora das Mercês, na Asa Sul, que decidiu extrapolar as tradicionais entregas de cestas básicas. Reconhecida pela Câmara Legislativa do DF, a ação, denominada Coração Aberto, estimula essa população a iniciar negócios próprios, de forma cooperada, associada ou individualmente.

Em um espaço montado na área externa da igreja, localizada na quadra 615, voluntários recebem e escutam os relatos de quem precisa de apoio, seja para conseguir um documento, solicitar acesso a benefícios públicos, ou que esteja em busca de trabalho. O projeto é financiado por meio de vendas de petas, biscoito feito à base de polvilho azedo e doações regulares da comunidade. O dinheiro vem de outros dois projetos sociais da igreja, a Feirinha do Frei e o Sagrado Art’Brechó.

No ano passado, a igreja passou a investir na oferta de cursos sobre educação financeira e a formar profissionais regulares para abrir o próprio empreendimento. Eles são orientados, por meio de atendimento social, a abrir uma microempresa individual ou uma conta para microempreendedor individual (MEI). Para o idealizador do projeto, pároco Rogério Soares, a meta é superar a pobreza sem a necessidade de pedir esmola. "Ensinamos a pessoa a vender. O tempo que ela gasta pedindo esmola na rua, ela pode estar trabalhando”, diz o frei.

Cerca de mil pessoas já foram atendidas pela ação, entre feirantes e vendedores de petas. O projeto também conta com a assistência de 18 voluntários para realizar os atendimentos sociais. Só ano passado foram realizadas 3,5 mil consultas. Além dessas opções, o pároco ainda auxilia na distribuição de cestas básicas para as que não conseguem vender ou abrir uma conta MEI, além de orientação para que elas consigam recorrer a auxílios sociais do governo.

Frei Rogério frisa que o objetivo maior é “certificar que as pessoas atendidas possam retomar a autonomia da própria vida”, e que “as ajudas oferecidas a quem está em situação de vulnerabilidade social não devem funcionar como uma falsa segurança, que faça a pessoa permanecer por tempo indefinido nessa condição”.

Na última semana de abril, para marcar um ano de projeto, o Coração Aberto foi alvo de ação solene reconhecida pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. Pelo menos 30 profissionais ajudados pelo projeto puderam expor seus produtos em uma feira montada na área externa da Câmara.


*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende

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