FOCO E RESILIÊNCIA

"A medicina me cobrou um preço alto"

Williamar Dias, 35 anos, diz que é preciso ter foco, pensar positivo e se preparar emocionalmente para enfrentar o curso mais velho

Diogo Albuquerque*
postado em 19/03/2023 06:00 / atualizado em 19/03/2023 06:00
Williamar, 35 anos, diz não sofrer preconceito pela idade na sala de aula da UnB -  (crédito:  Arquivo pessoal)
Williamar, 35 anos, diz não sofrer preconceito pela idade na sala de aula da UnB - (crédito: Arquivo pessoal)

Para Williamar Dias Ribeiro, 35 anos, a idade nunca foi um fator que o levou a sofrer preconceito. Estudante do 4º ano de medicina na Universidade de Brasília (UnB), Willimar afirma que nunca teve problema em sua turma devido à idade. "A UnB é diferenciada, porque é um ambiente muito diverso, com muitas pessoas diferentes. Na minha turma, fui acolhido com muito respeito e até apelidado carinhosamente como 'xerife'", conta o estudante.

O sonho de estudar medicina veio ainda quando era criança, quando a mãe precisou ficar internada no Hospital Universitário de Brasília (HUB), por três meses, para tratar uma doença autoimune. "Durante as visitas no hospital, via aqueles estudantes todos vestidos de branco e a forma como eles cuidavam da minha mãe e ficava cativado. Foi aí que veio a vontade de estudar medicina, para cuidar das pessoas", lembra Williamar, que tem como intenção, também, contribuir com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Williamar foi aprovado para o curso pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de 2019, por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que fez em 2018. Para ele, a felicidade ao saber da aprovação foi algo "inexplicável". "Foi um sonho que começou com muitos desafios. Estudei todos os dias, das 20h à meia-noite, por dois anos."

Durante a sua preparação para conquistar a aprovação em medicina, Williamar lembra que fazia muita redação, resolvia questões e lia temas da atualidade em jornais e revistas. "Quando comecei a estudar pra medicina, preparei um cronograma de estudos e, com ajuda de cursinhos on-line, ia me preparando enquanto trabalhava na enfermagem. O meu foco era principalmente nas redações. No início, era difícil, mas fui me acostumando. Essa foi a minha rotina por dois anos", diz.

Além de estudante de medicina, Ribeiro é técnico em enfermagem pelo Instituto Técnico de Educação de Brasília (Iteb) e atua na Secretaria de Estado de Saúde do DF. Ele reforça que precisa conciliar os estudos na faculdade com o trabalho em turnos inversos na secretaria. Williamar argumenta que a experiência é um diferencial positivo para os estudos. "Já vivenciei diversas situações que servem como experiência e que consigo aplicar no dia a dia", diz.

Depois de se formar, Williamar pretende seguir na área psiquiátrica. Para quem deseja seguir na profissão, o estudante adverte que é preciso ter foco e resiliência, já que o curso exige muito do futuro profissional. "A medicina me cobrou um preço muito alto. São batalhas diárias e somos avaliados constantemente. É preciso ter foco, pensar positivo e se preparar emocionalmente, já que é indispensável ter uma dedicação quase que exclusiva e contínua", assume.

 *Estagiário sob supervisão de Ana Sá 

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