A jornada profissional de Regiane Cançado, 43, começou aos 17 anos, como professora da Secretaria de Educação do DF. A oportunidade surgiu após fazer o magistério, um curso técnico profissionalizante de nível médio que forma professores, ainda no ensino médio, para atuarem na educação básica.
Aos 25 anos, já casada, a educadora teve sua primeira filha, Flor de Lis. Hoje, a primogênita está com 18 anos e pôde assistir de camarote ao crescimento da família: os seis irmãos — José Henrique, 13; Açucena Maria, 11; Israel Henrique, 9; João Henrique, 7; Miguel Henrique, 4; e Emanuel Henrique, 2, vieram em seguida.
Para ela, a dificuldade na maternidade não era ter os filhos, mas ter com quem deixá-los com segurança física e afetiva. "Sempre fomos eu e meu esposo, não temos aquela famosa rede de apoio [...]. As crianças vão à escola no meu horário de trabalho mais consistente, então saímos juntos e cada um fica no seu destino", explica.
"Brincadeiras"
Regiane conta que ouviu piadas e comentários desnecessários de colegas de trabalho, como "agora parou", "não tem TV em casa" ou "vai ficar acabada depois da gravidez", referindo-se ao número de filhos e às mudanças naturais de seu corpo. No entanto, ela não se deixou abalar: usa esses preconceitos como combustível para priorizar a saúde física e investir na autoimagem.
"A primeira coisa que olham quando digo que tenho sete filhos é a minha aparência. Esse é um fator que me motiva ao autocuidado, e a não deixar pesar sobre os meus filhos a responsabilidade sobre meus fardos. Assim, todos os dias acordo antes da família e, após minha oração, faço meu exercício físico em casa mesmo [...]. Depois disso, me arrumo, passo meu batom, que é para sorrir colorido; e fico pronta para os desafios que virão, seja para ficar em casa ou para ir ao trabalho", enumera.
"Um dia de cada vez e, para cada dificuldade, a solução para o dia.""
Regiane Cançado, 43 anos
Saldo positivo
Para dar conta das demandas familiares e profissionais, ela diz que "rotina" é a palavra. "Eu tenho a minha rotina de mãe, esposa, mulher e trabalhadora. Sempre priorizando o mais importante: a família. Mas sem deixar a desejar nas outras áreas. A disciplina complementa a rotina e, mesmo com as surpresas do dia a dia, o saldo é positivo. Um dia de cada vez e, para cada dificuldade, a solução para o dia."
Atualmente, ela conta que a meta familiar é adquirir uma casa. "Somos nove pessoas em um apartamento de três quartos e sentimos falta de mais espaço. A viagem em família para a praia também é um sonho", revela.
Equilíbrio
Em alguns momentos, Regiane gostaria de ficar mais tempo em casa para implementar educação domiciliar, embora os filhos frequentem escolas. "Mas me sinto muito útil e realizada no meu trabalho também. Estou em um momento de ápice na carreira, sou especialista na educação de crianças com risco no desenvolvimento, entre 0 e 4 anos, em um programa chamado Educação Precoce. Isso me leva cada vez mais a procurar me aperfeiçoar nos estudos", diz, orgulhosa.
Além de correr atrás de seus próprios sonhos, ela concilia planos para a família e contribuições para a sociedade. Está concluindo uma especialização em neuropsicopedagogia clínica e começou a oferecer cursos pela internet para outras mães que precisam de ajuda com a rotina dos filhos. O projeto é voltado para mulheres "que querem os filhos bem desenvolvidos enquanto pessoas, e que mesmo assim consigam ter o tempo delas para se desenvolverem enquanto pessoa e mulher".
Planos
"Penso que Deus tem um plano para cada pessoa. Para umas mães, é ficar em casa educando em tempo integral. Para mim, é exercer a maternidade e dar continuidade à profissão. São muitos os desafios, mas confiar em Deus é fundamental, e a parceria dentro da família é o que possibilita isso", emociona-se.