Bicentenário da Independência

Dom Pedro I ignorou parceria na autoria do Hino da Independência

Cantor, instrumentista e excelente compositor de música patriótica, Dom Pedro compôs o primeiro hino do Brasil, mas não atribuiu trecho mais popular a real autor, Evaristo da Veiga

Eu Estudante
postado em 07/09/2022 15:00 / atualizado em 07/09/2022 15:34
O Imperador dom Pedro I do Brasil compondo o Hino da Independência, em 1822, retratado por Augusto Bracet -  (crédito: domínio público)
O Imperador dom Pedro I do Brasil compondo o Hino da Independência, em 1822, retratado por Augusto Bracet - (crédito: domínio público)

Dom Pedro, com toda a educação que era imposta a um príncipe, teve aulas de música na corte. Seu tutor foi o maestro Marcos Antônio da Fonseca Portugal, que chegou ao Brasil em 1811, quando o príncipe tinha 13 anos. Assim, o jovem aprendeu a tocar instrumentos, típicos de sua época.

O príncipe não apenas cantava bem, como compunha e tocava vários instrumentos, como piano, flauta, clarinete, violino, baixo, trombone, harpa e violão e ainda era capaz de reger a própria música.

Excelente compositor de música patriótica, Dom Pedro compôs o primeiro hino do Brasil, atualmente cantado como Hino da Independência, e também o Hino Constitucional ou Hino da Carta, adotado oficialmente como hino nacional português até a proclamação da República lusa, em 1910.

Antes mesmo da Independência, o jornalista e poeta Evaristo da Veiga já tinha escrito os versos "Já podeis da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil, já raiou a liberdade, no horizonte do Brasil", em agosto de 1822.

Dom Pedro I, em 1824, apaixonou-se pelos versos de Evaristo da Veiga e resolveu compor ele mesmo uma música para o poema, criando assim aquele que se tornaria o Hino da Independência. “Brava gente brasileira! Longe vá temor servil; Ou ficar a pátria livre; Ou morrer pelo Brasil”.

Quando Dom Pedro abdicou do trono em 1831, o hino acabou perdendo sua condição de símbolo nacional e só voltou a ser executado nas comemorações do centenário da Independência, em 1922.

Ainda assim, a participação do imperador foi tão valorizada que, durante quase uma década, não só a música, mas também a letra foi atribuída a ele. Evaristo da Veiga precisou reivindicar os seus direitos, comprovando ser o autor dos versos em 1833.

Hino da Independência

Já podeis, da Pátria filhos
Ver contente a mãe gentil
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
Já raiou a liberdade
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil

Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil
Houve mão mais poderosa
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil

Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil
Vossos peitos, vossos braços
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil

Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Parabéns, ó brasileiro
Já, com garbo varonil
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil
Do universo entre as nações
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil

Brava gente brasileira
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Composição: Dom Pedro I / Evaristo Da Veiga

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