Estados Unidos

Arnold Schwarzenegger compara invasão do Capitólio ao nazismo

Além de classificar Trump como um "tweet velho", ator e político republicano também contou como foi dura a vida das pessoas que aderiram ao nazismo depois que se deram conta do horror que provocaram

Jéssica Gotlib
postado em 10/01/2021 16:48 / atualizado em 10/01/2021 16:58
Posicionado em frente à bandeira dos EUA e do estado da Califórnia, do qual foi governador, Schwarzenegger falou em vídeo sobre os perigos de se tolerar movimentos como os da semana passada -  (crédito: AFP/Eric Feferberg)
Posicionado em frente à bandeira dos EUA e do estado da Califórnia, do qual foi governador, Schwarzenegger falou em vídeo sobre os perigos de se tolerar movimentos como os da semana passada - (crédito: AFP/Eric Feferberg)

O ator e político republicano Arnold Schwarzenegger publicou na própria conta no Twitter um vídeo com duras críticas ao presidente Donald Trump e ao grupo que invadiu o Congresso Nacional dos Estados Unidos na última quarta-feira (6/1). Ainda que correligionários, Schwarzenegger se opôs fortemente aos atos de vandalismo e violência protagonizados pelos seguidores do atual presidente.

“Quarta-feira foi a Noite dos Cristais bem aqui nos Estados Unidos. Os vidros quebrados foram os das janelas do Capitólio norte-americano, mas a corja não quebrou apenas as janelas do Capitólio, eles quebraram os ideais que considerávamos garantidos”, comparou o ator.

A referência é ao violento ataque de militares e civis alemãs contra os judeus do país, considerado por historiadores como o ponto de virada do país rumo ao Holocausto. Natural da Áustria, Schwarzenegger dividiu com a audiência relatos das marcas deixadas pela experiência de participar desse horror nas pessoas da cidade em que cresceu.

“Vindo da Europa, eu vi em primeira mão como as coisas podem sair do controle. Sei que há um temor neste país e em todo o mundo que algo assim possa acontecer outra vez aqui. Não acredito que vá acontecer, mas precisamos estar conscientes das terríveis consequências do egoísmo e do cinismo”, ponderou. Ele também lembrou que homens como o próprio pai e vizinhos bebiam para suportar o fardo das próprias ações.

“Nem todos eles eram extremistas antissemitas ou nazistas, muitos apenas se juntaram, passo a passo, pelo caminho. Eram pessoas que viviam nas casas ao lado da minha (...) Eu não o culpo totalmente, porque o nosso vizinho estava fazendo a mesma coisa com a família dele, assim como o próximo vizinho. Eles sofriam dores físicas devido aos fragmentos em seus corpos e sofriam dores psicológicas devido ao que viram e fizeram”, compartilhou.

Ele também criticou duramente a postura de Trump. “Ele sairá como o pior presidente da história. A parte boa é que em breve será tão irrelevante quanto uma mensagem velha no Twitter”, determinou. Foram mais de sete minutos de um desabafo que levou o ator a defender o regime político do país.

“Nós precisamos de reformas, claro, para que isso nunca aconteça novamente. Precisamos responsabilizar as pessoas que nos trouxeram a este ponto imperdoável. E precisamos olhar para além de nós mesmos, nossos partidos e desacordos, e colocar nossa democracia em primeiro lugar”, convocou.

Por fim, o ator, que foi governador da Califórnia, conclamou os norte-americano à união em torno do governo eleito, ainda que este seja oposição ao próprio partido. “Precisamos nos curar, não apenas como republicanos ou democratas, mas como americanos”, assegurou.

“Agora, para começar este processo, não importa qual seja sua filiação política, peço que se junte a mim para dizer ao presidente eleito Biden: 'Presidente eleito Biden, desejamos a você muito sucesso como nosso presidente. Se você tiver sucesso, nossa nação terá sucesso. Nós o apoiamos de todo o coração enquanto você busca nos unir’”, finalizou.

Confira o vídeo completo em inglês:

 

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