Depois das férias de Natal, o contágio de covid-19 atingiu níveis recordes na Espanha, onde várias regiões exigem um confinamento quase total, que o governo central descarta por hora.
Madri foi uma das últimas a anunciar um endurecimento das restrições na sexta-feira (15), como proibir reuniões nas residências, adiar o toque de recolher em uma hora até as 23h e o fechamento dos bares às 22h.
Em um mês, a incidência da epidemia mais que dobrou na Espanha, de 194 casos por 100 mil habitantes em duas semanas para 523 na quinta-feira, segundo os últimos dados publicados pelo Ministério da Saúde.
Na semana passada, o país ultrapassou a barreira simbólica de dois milhões de casos confirmados oficialmente. A verdadeira quantidade, porém, é bem maior, segundo estudo divulgado em dezembro pelo governo, que revelou que 10% da população, cerca de 4,7 milhões de pessoas, contraíram o vírus.
Na quinta-feira, o país registrou 201 mortes em 24 horas, elevando o número oficial de mortes para mais de 53 mil, número que também subestima o impacto real, visto que no início da epidemia muitas pessoas morreram sem fazer o PCR.
Mas depois das férias de Natal, durante as quais o governo relaxou levemente algumas restrições, "houve uma mudança significativa na tendência", disse Fernando Simón, epidemiologista-chefe do Ministério da Saúde, na quinta-feira.
As unidades de terapia intensiva (UTI), com uma ocupação média de pacientes com covid de 28%, "estão sofrendo", acrescentou.
As autoridades atribuem esse aumento às reuniões familiares de Natal, e não ao impacto da nova cepa mais contagiosa do vírus que apareceu no Reino Unido, dos quais 88 casos foram confirmados e há mais 200 sob investigação.
"A variante britânica teve muito pouco efeito sobre o que temos observado até agora", disse Simón. Para conter o aumento nos casos, cinco regiões pediram ao governo central que lhes permitisse impor o confinamento nos municípios ou bairros mais afetados.
Mas o executivo do socialista Pedro Sánchez descarta essa medida drástica por enquanto, com a população e os atores econômicos ainda traumatizados pelo confinamento aplicado entre março e junho, um dos mais rígidos do mundo.
Isso "não parece necessário por enquanto", avaliou Simón, em uma posição que contrasta com outros países como o Reino Unido, que reconfigurou sua população.
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