Quase 3.500 partidários do opositor preso Alexei Navalny foram detidos na Rússia durante uma série de protestos marcados por episódios de violência e confrontos com a polícia, que as autoridades estavam investigando neste domingo (24/1).
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas no sábado em várias cidades russas, de Moscou a Vladivostok, para exigir a libertação de Navalny, um inimigo jurado do Kremlin e ativista anticorrupção.
Essas manifestações não autorizadas resultaram em prisões, às vezes brutais, e confrontos entre os manifestantes e a polícia.
No total, os agentes prenderam quase 3.500 pessoas, incluindo 1.360 em Moscou e 523 em São Petersburgo, afirmou a ONG OVD-Info, especializada em monitorar manifestações da oposição, neste domingo.
As forças de segurança realizaram o maior número de prisões durante as manifestações da oposição na história da Rússia moderna.
De acordo com o presidente do Conselho Consultivo para os Direitos Humanos do Kremlin, Valeri Fadeyev, a maioria das pessoas presas em Moscou durante esses protestos "ilegais" foram liberadas.
O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, disse neste domingo estar preocupado com a "deriva autoritária" na Rússia, um dia depois de Estados Unidos e União Europeia (UE) também condenaram a repressão dos protestos.
Moscou, por sua vez, acusou a Washington de "interferência" nos protestos pela liberdade de Navalny. Sua embaixada na capital russa publicou uma lista dos locais da manifestação, pedindo aos americanos que não fossem.
Violência de ambos lados
O Comitê de Investigação Russo, encarregado das principais investigações criminais no país, anunciou na noite de sábado que investigará o uso da violência contra as forças de segurança durante os protestos.
Em outro comunicado, sua seção local em São Petersburgo, a segunda maior cidade do país, anunciou a prisão de um manifestante de 36 anos, acusado de bater em dois policiais.
A procuradoria de Petersburgo anunciou na noite de sábado que iria investigar não só a violência contra a polícia, mas também "por parte das forças da ordem".
O Ministério Público divulgou seu comunicado após a transmissão na imprensa local de um vídeo no qual uma mulher foi vista caindo no chão após ser chutada por um agente das forças de ordem.
A mulher, identificada como Margarita Yudina, perguntou a três policiais no vídeo por que eles estavam detendo um jovem manifestante desarmado. Um dos policiais a chutou no estômago.
Yudina foi hospitalizada na noite de sábado com um ferimento na cabeça, afirmou um representante do hospital Djanelidze, em São Petersburgo, à AFP neste domingo.
Várias cidades do país registraram confrontos entre a polícia e os manifestantes no sábado, enquanto dezenas de milhares de pessoas gritavam "Putin ladrão!" ou "Navalny, estamos com você!".
Em Moscou, centenas de pessoas chegaram na noite de sábado à prisão Matroskaya Tishina, onde Alexei Navalny está pom cassetetes e prendeu alguns.
Em prisão preventiva e alvo de vários processos judiciais, Navalny, de 44 anos, foi preso no dia 17 de janeiro ao retornar da Alemanha, onde se recuperou de um envenenamento que atribui ao Kremlin.
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