A Venezuela tem reservadas entre 1,4 milhão e 2,4 milhões de doses da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 por meio do sistema Covax, que chegariam ao país este mês, informou nesta terça-feira (2) a missão da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"A Venezuela tem acesso a vacinas do mecanismo COVAX. Foram reservadas entre 1.425.000 e 2.409.600 doses da vacina da AstraZeneca contra a Covid, que chegariam ao final de fevereiro", escreveu Paolo Balladelli, chefe da missão da OMS e da Organização Pan-americana da Saúde (OPS) no país.
O mecanismo Covax foi criado para garantir a distribuição de vacinas a países mais desfavorecidos, e é dirigido pela OMS, a Aliança para as Vacinas Gavi e a Coalizão para a Promoção de Inovações em prol da Preparação para as Epidemias (Cepi) para fornecer doses para ao menos 20% da população de cada país participante.
A Venezuela está entre os 37 países da América Latina e do Caribe que receberão imunizantes através do Covax. "É imprescindível contar com o apoio de todas as forças e proceder ao pagamento até 9 de fevereiro", disse Balladelli.
Não está claro de onde sairão os recursos para custear estas vacinas. O governo de Nicolás Maduro, em meio à maior crise econômica da sua história recente, não tem acesso às reservas do país no exterior, cujo controle recai no líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por meia centena de países.
O Parlamento, que agora é controlado pelo chavismo, pediu em janeiro que estes recursos bloqueados sejam liberados para a compra de vacinas. Maduro já acordou de qualquer forma com a Rússia, sua aliada, a aquisição de dez milhões de vacinas Sputnik V e disse esperar que a imunização maciça na Venezuela comece em abril, sendo "otimista".
Miguel Pizarro, representante de Guaidó na ONU, expressou nesta terça-feira em um tuíte seu apoio a que a Venezuela entre no sistema Covax, com a condição de que se crie "um programa de vacinação criado por sociedades médicas" e "um acordo que permita ao UNICEF e à OPAS levar este programa adiante".
O Ministério da Comunicação de Maduro ainda não respondeu ao pedido da AFP de um comentário sobre o anúncio de Balladelli. A missão da OMS no país tampouco deu mais detalhes.
Com 30 milhões de habitantes, o país caribenho acumula 127.346 casos confirmados e 1.196 mortes, segundo cifras oficiais, questionadas por organizações como a Human Rights Watch por considerá-las pouco confiáveis.
A pandemia encontrou a Venezuela mergulhada em uma forte crise, com três anos de hiperinflação e sete de recessão.
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