O governador de Nova York, Andrew Cuomo, acusado de assédio sexual, se recusou mais uma vez a renunciar nesta sexta-feira (12/3), apesar de um número crescente de legisladores democratas influentes pedindo sua destituição.
"Não vou renunciar", insistiu Cuomo em uma entrevista coletiva, na qual pediu para aguardar o resultado da investigação da procuradora-geral do estado sobre as alegações. "Eu não fiz as coisas das quais me acusam", acrescentou.
Cuomo sugeriu ser vítima da "cultura do cancelamento", a guerra cultural em ascensão nos Estados Unidos, que gera polêmica sobre as medidas que devem ser adotadas para enfrentar a discriminação contra minorias raciais, étnicas ou sexuais.
"As figuras políticas tomam partido por uma série de razões, incluindo oportunismo político ou para ceder à pressão. Mas as pessoas sabem como fazer a diferença entre o jogo político, a 'cultura do cancelamento' e a realidade", disse Cuomo.
Procedimento de destituição
Seis mulheres acusam o governador democrata de 63 anos de assédio sexual ou má conduta. Ele está no cargo há uma década e foi considerado um herói em 2020 por seu gerenciamento da pandemia.
Cuomo mantém sua posição contrária a de outros homens no poder que, desde o início do movimento #MeToo no final de 2017, tiveram que renunciar após serem acusados de assédio sexual ou agressão, às vezes sem investigação prévia.
Mas a pressão pra que renuncie segue alta após a última denúncia, que veio à tona na quarta-feira, e parece a mais grave: uma funcionária o acusa de ter colocado a mão sob a blusa dela no final de 2020.
Cerca de 60 legisladores do estado de Nova York estão exigindo sua renúncia e na quinta-feira deram um primeiro passo para o processo de impeachment: o Comitê Judiciário da Câmara recebeu luz verde para iniciar uma investigação que decidirá se o procedimento será iniciado.
Os últimos parlamentares democratas a pedir a renúncia de Cuomo nesta sexta-feira foram a jovem estrela da ala mais à esquerda do Congresso dos Estados Unidos, Alexandria Ocasio-Cortez, também chamada pelas iniciais AOC, e o experiente Jerry Nadler.
A denúncia "é preocupante para a segurança e bem-estar imediatos da equipe do governador", disse AOC, que representa os bairros Queens e Bronx, em uma declaração conjunta com outro colega de Nova York, Jamaal Bowman.
“Acreditamos nessas mulheres, nas notícias, acreditamos no promotor e nos 55 legisladores de Nova York que chegaram à conclusão de que o governador Cuomo não pode mais liderar efetivamente diante de todos esses desafios”, concluem em seu comunicado.
Outro legislador nova-iorquino na Câmara dos Representantes, o veterano Jerry Nadler, também considerou que "as repetidas acusações contra o governador e a maneira como ele respondeu a elas tornam impossível que ele continue governando". Ele "perdeu a confiança dos nova-iorquinos" e "deve renunciar", declarou.
Este procedimento, sem precedentes desde 1913, requer maioria simples na câmara baixa e dois terços na câmara alta.
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