A duas semanas das eleições peruanas, os 18 candidatos presidenciais organizam comícios com apoiadores que se aglomeram, enquanto os casos de covid-19 alcançam números alarmantes no país.
Apesar de o Júri Nacional Eleitoral ter pedido em janeiro aos candidatos para que evitassem organizar atos em massa enquanto o Peru enfrenta os embates da segunda onda da pandemia, ninguém atendeu a este pedido.
Neste fim de semana, o candidato ultraconservador Rafael López Aliaga tirou a máscara para mandar beijos, enquanto caminhava a pé rodeado de cerca de 200 seguidores pelo bairro têxtil e comercial de Gamarra, em Lima.
Aglomerações semelhantes aconteceram durante um ato da esquerdista Verónika Mendoza nas ruas de San Juan de Lurigancho, o distrito mais populoso da capital, embora ela não tenha tirado a máscara.
Comícios com centenas de pessoas foram vistos nos últimos dias em outros bairros de Lima e em províncias, enquanto os contágios de covid-19 batem o recorde de quase 12.000 por dia no país andino.
- Adiar as eleições? -
Os peruanos vão às urnas em 11 de abril para eleger o sucessor do presidente interino, Francisco Sagasti, e renovar o Congresso de 130 membros, mas a pandemia não dá trégua. No Peru, mais de 1,5 milhão de pessoas se infectaram com a covid-19, com mais de 50.000 mortes.
Em janeiro, o ex-presidente Martín Vizcarra, que agora busca um cadeira no Congresso, sugeriu adiar a votação para 23 de maio por razões sanitárias, mas ninguém apoiou sua proposta.
Há 18 candidatos presidenciais em uma campanha muito acirrada. Nenhum deles chega a mais de 15% nas pesquisas, o que prevê uma definição em segundo turno, previsto para 6 de junho.
Muitos candidatos abraçam seus apoiadores, outros dançam com eles, e alguns inclusive comem junto aos seus partidários. Em janeiro, Vizcarra e seu aliado, o candidato presidencial Daniel Salaverry, compartilharam um prato de ceviche em um ato de campanha.
"Vemos que os candidatos intensificaram suas campanhas, praticamente todos estão realizando atividades de alto risco de transmissão" da covid-19, disse à AFP o chefe da Comissão de Saúde Pública do Colégio Médico do Peru, Augusto Tarazona.
Desde antes da campanha eleitoral, as autoridades já não evitavam as aglomerações. Com 70% dos peruanos trabalhando na informalidade, milhares vão para as ruas promover suas campanhas, a maioria deles em feiras informais.
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