Pandemia

Índia enfrenta segunda onda do vírus; Jogos de Tóquio em risco

Mais de 200.000 novos casos de covid-19 foram registrados nas últimas 24 horas e as autoridades enfrentam a escassez de vacinas e a falta de tratamentos e leitos de hospital

Agência France-Presse
postado em 15/04/2021 18:36 / atualizado em 15/04/2021 18:37
 (crédito: INDRANIL MUKHERJEE)
(crédito: INDRANIL MUKHERJEE)

A segunda onda de coronavírus na Índia acelerou nesta quinta-feira (15/4) com um número recorde de infecções, enquanto um político importante japonês advertiu que a covid-19 pode provocar o cancelamento dos Jogos Olímpicos.

Enquanto alguns países, como o Reino Unido, iniciam o retorno à normalidade e ampliam a distribuição de vacinas, nações do sul da Ásia enfrentam novas ondas de infecções.

A Índia registrou o recorde de mais de 200.000 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas e as autoridades enfrentam a escassez de vacinas, a falta de tratamentos e de leitos de hospital.

Depois de baixar a guarda e permitir a celebração de festas religiosas, comícios políticos e eventos esportivos, a Índia registrou este mês dois milhões de novos contágios, um número que parece que continuará crescendo.

Esta semana a Índia superou o Brasil e se tornou o segundo país com mais contágios.

Apesar do desespero de Nova Délhi para tentar evitar a repetição do doloroso, sobretudo economicamente, confinamento do ano passado, alguns estados – como Maharashtra e sua capital, Mumbai - já adotaram medidas restritivas para evitar mortes.

Milhões de trabalhadores migrantes abandonaram Mumbai em cenas que recordam o êxodo das cidades indianas em 2020, quando o governo paralisou todas as atividades praticamente da noite para o dia.

Ao mesmo tempo, a campanha do governo para vacinar 1,3 bilhão de cidadãos não têm o efeito esperado. Até o momento foram aplicadas apenas 114 milhões de vacinas e os estoques estão acabando, segundo as autoridades.

A França, por sua vez, se tornou o terceiro país europeu a superar a marca sombria das 100 mil mortes, depois do Reino Unido (127.000 mortos) e Itália (115.000).

"Não esqueceremos nenhum nome", afirmou o presidente Emmanuel Macron.

- Olimpíadas em risco -


No Japão, o vírus provoca o temor de um cancelamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O número dois do principal partido que governa o país, Toshiro Nikai, disse: "Precisamos cancelar sem hesitação se eles (os Jogos) não forem mais possíveis", declarou Toshihiro Nikai

Pouco depois, várias autoridades minimizaram as declarações de Nikai, mas a opinião pública é cada vez mais contrária ao evento. Várias cidades cancelaram o rodízio da tocha olímpica.

O impacto do coronavírus nos eventos esportivos e culturais tem sido uma catástrofe e continua frustrando os planos de atletas, artistas, empresas e governos.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que não quer "frustar o espetáculo da Copa América", mas afirmou que espera ver a evolução da onda de contágios de covid-19 antes do início da competição, marcada para 13 de junho em Buenos Aires.

A América Latina (845.000 mortes) sofre uma nova onda de casos na Argentina e Uruguai, enquanto o Brasil vive uma "catástrofe humanitária" pela atuação caótica das autoridades, denunciou a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O papa Francisco manifestou seu apoio a todos os brasileiros, ricos e pobres, jovens e idosos, que enfrentam "uma das provas mais difíceis de sua história".

A pandemia provocou mais de 2,97 milhões de mortes no mundo, segundo um balanço atualizado da AFP.

- Vacinação nas mesquitas -


No Reino Unido, multidões se reuniram nas mesquitas durante o Ramadã, não apenas para rezar, mas também para receber a vacina.

A pandemia afetou especialmente as minorias étnicas do país, que acumula 127.000 mortes, o balanço mais grave da Europa.

E apesar das dúvidas sobre as vacinas que persistem em alguns grupos sociais, o Reino Unido segue adiante com uma campanha de vacinação que já atingiu 32 milhões de pessoas.

Os líderes locais se mostram moderadamente otimistas à medida que as vacinas começam a chegar a estas comunidades.

"A mensagem está chegando", afirma Hasnayn Abbasi, um médico que coordena o centro de vacinação da mesquita de East London.

Apesar dos problemas da campanha de vacinação na Europa, há mtivos para certo otimismo.

A proporção de mortes por covid-19 na Europa entre os maiores de 80 anos caiu para seu nível mais baixo desde o início da pandemia chegando a 30% graças à vacinação, disse o diretor regional da OMS nesta quinta-feira.

A Grécia planeja eliminar a quarentena para os turistas vacinados procedentes de certos países a partir da semana que vem, anunciou o governo com o objetivo de reativar a indústria do turismo.

No entanto, outros países continuam muito cautelosos com as vacinas.

O governo da Noruega decidiu adiar sua decisão sobre o uso da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, apesar de as autoridades de saúde tenham recomendado desistir definitivamente do imunizante desse laboratório anglosueco.

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