Milhares de muçulmanos xiitas participaram de uma procissão religiosa em Lahore, no leste do Paquistão, nesta terça-feira (4/5), ignorando as medidas de distanciamento social enquanto o país luta para conter a pandemia da covid-19.
O governo do Paquistão havia proibido qualquer comemoração em massa pelo aniversário da morte do imã Ali, genro do profeta Maomé e figura fundadora do islamismo xiita. Esta norma foi ignorada por entre 8.000 e 10.000 pessoas, segundo as autoridades, que se reuniram em Lahore, muitas delas sem máscara.
Encontros religiosos, como a recente peregrinação hindu Kumbh Mela que atraiu milhões de pessoas, são apontados como responsáveis, em parte, pela catastrófica situação sanitária na Índia. Desde o início da pandemia, o país registra mais de 20 milhões de casos e 222.000 mortes, conforme balanço oficial divulgado nesta terça-feira.
O Paquistão, que acumula cerca de 800 mil casos de coronavírus e 18 mil mortes, ainda está longe desse saldo, mas observa com preocupação o que está acontecendo no país vizinho.
De maioria sunita, o Paquistão tem a segunda maior comunidade xiita do mundo depois do Irã, que representa entre 10% e 15% de seus 220 milhões de habitantes.
Nesta terça (4/5), houve reuniões multitudinárias em outras cidades paquistanesas. Vestidos de preto, os fiéis entoaram cantos religiosos, batendo no peito em uníssono, enquanto alguns se flagelavam.
O governo não conseguiu convencer os líderes religiosos xiitas a desistirem da celebração.
O fato de a máscara não ser usada e de as medidas de distanciamento social não serem respeitadas preocupa as autoridades, já que apenas uma pequena parte da população paquistanesa está vacinada e há grande relutância à vacina contra a covid-19.
Nada foi feito, porém, para regulamentar as atividades religiosas durante o Ramadã. As mesquitas permanecem abertas, e poucos respeitam as recomendações do governo durante as grandes reuniões de fiéis ao anoitecer.
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