O empresário italiano Gianluigi Torzi, ligado ao Vaticano pela controversa compra de uma propriedade de luxo, foi preso em Londres, informaram fontes judiciais nesta quarta-feira (12/5).
O homem de 42 anos compareceu ao tribunal de Westminster "após uma ordem emitida pela Itália", explicou à AFP um funcionário judicial.
"Ele ficará em prisão preventiva até 18 de maio", quando será definida a data da extradição solicitada pela Itália, que o acusa de fraude fiscal e lavagem de dinheiro.
Ao determinar sua prisão, a Procuradoria de Roma considerou que "Gianluigi Torzi, com a colaboração de testas de ferro e de homens de confiança, usou várias empresas, inclusive com sede no exterior, como fachada para sua atividade empresarial, em grande parte baseada na sonegação de impostos, que prevê a utilização de receitas ilícitas em especulação financeira".
Por sua vez, a justiça do Vaticano, que solicitou assistência jurídica às autoridades italianas, investiga Torzi por opacos arranjos financeiros e pela rede de empresas e consultorias, quase todas italianas, que criaram um rombo de mais de 454 milhões de euros (cerca de US$ 500 milhões) nas finanças da Santa Sé.
De acordo com a investigação italiana, Torzi transferiu parte de seus lucros para duas empresas inglesas e investiu em ações de companhias listadas na bolsa de valores italiana, envolvendo um valor superior a 4,5 milhões de euros (5,3 milhões de dólares).
Em um evento incomum, o Vaticano deteve Torzi por alguns dias em junho de 2020 no âmbito da investigação aberta após o escândalo provocado pela compra de um imóvel de luxo em Londres com recursos da Secretaria de Estado.
No obscuro investimento de mais de 400 milhões de dólares para a aquisição de um edifício no coração financeiro de Londres, ocorrida entre 2014 e 2018, Torzi teria recebido milhões de euros a título de comissão.
O Vaticano pediu o congelamento dos bens de Torzi em Londres, mas um juiz inglês reverteu o congelamento das três contas bancárias do corretor italiano porque o Vaticano não apresentou provas suficientes para o caso.
Em novembro, o papa Francisco retirou os fundos da Secretaria de Estado e ordenou o corte de todos os vínculos com o fundo de investimento suspeito como parte de uma campanha interna em favor da transparência de suas contas.
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