Estados Unidos

Donald Trump mantém suspense sobre nova candidatura em 2024

Trump participou da convenção do Partido Republicano da Carolina do Norte, uma das primeiras aparições públicas de alto nível desde que deixou a Casa Branca em janeiro

Agência France-Presse
postado em 06/06/2021 11:45
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, discursa na convenção estadual do NCGOP em 5 de junho de 2021 em Greenville, Carolina do Norte.  -  (crédito: Melissa Sue Gerrits / Getty Images / AFP)
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, discursa na convenção estadual do NCGOP em 5 de junho de 2021 em Greenville, Carolina do Norte. - (crédito: Melissa Sue Gerrits / Getty Images / AFP)

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, banido das redes sociais, mas ainda muito influente em seu Partido Republicano, fez no sábado (5/06) seu primeiro discurso televisionado em meses, no qual sugeriu que poderia concorrer às eleições de 2024.

Trump, que falou para quase 1.200 convidados na convenção do Partido Republicano da Carolina do Norte, adotou um tom mais comedido do que o normal.

Durante um longo discurso de cerca de uma hora e meia em Greenville, no sudeste dos Estados Unidos, o bilionário de 74 anos voltou a sugerir a ideia de uma nova candidatura em 2024. É "um ano que aguardo ansiosamente", disse ele entre aplausos.

O ex-presidente repetiu suas acusações infundadas de fraude eleitoral nas eleições presidenciais de novembro de 2020. "Esta eleição ficará na história como o maior crime do século", lançou o homem que ainda não reconheceu explicitamente a vitória de seu sucessor democrata, Joe Biden, quase cinco meses após deixar a Casa Branca.

Na plateia, uma mulher usava um boné com a mensagem: "Trump venceu".

Banido das redes sociais desde que vários de seus apoiadores invadiram o Capitólio em 6 de janeiro, Trump não fazia um discurso televisionado desde fevereiro.

Apesar desse silêncio imposto, continua influente entre os republicanos e distribui, por meio de comunicados diários, seu apoio às eleições parlamentares de meio de mandato, em novembro de 2022,ou críticas virulentas a seus inimigos.

Duras críticas a Biden

"A sobrevivência dos Estados Unidos depende de nossa capacidade de eleger republicanos em todos os níveis, começando com as eleições de meio de mandato do próximo ano", disse ele.

A imigração ilegal "está em níveis recordes", "nossas empresas estão sendo saqueadas por ciberataques estrangeiros", os preços da gasolina "dispararam", acrescentou ele, pintando um quadro desastroso do início do mandato de Biden.

"A América é desprezada e humilhada no cenário mundial", curvando-se "à China", acusou.

O 45º presidente dos Estados Unidos também abordou outros grandes temas populares entre os republicanos, como a defesa do direito de portar armas ou a alegada "doutrinação" de alunos em escolas públicas onde se fala de racismo, provocando aplausos.

O público ficou em silêncio, entretanto, quando Trump disse que estava "muito orgulhoso" por ter comprado "bilhões de dólares" da vacina contra a covid-19, "antes mesmo de saber se funcionava".

"Salvamos milhões e milhões de vidas", declarou ele, sem obter resposta.

Os Estados Unidos são o país com o maior número de mortes por covid-19, com quase 600.000 óbitos.

O magnata do mercado imobiliário também denunciou "promotores de esquerda radical de Nova York", quando um grande júri foi formado em maio para determinar quais acusações poderiam ser feitas contra ele ou seu grupo empresarial.

Apesar do trauma da invasão do Capitólio e de sua teoria, repetidamente desmantelada, de fraude eleitoral, poucos republicanos se distanciaram de Trump.

Muitos ainda o veem como um recurso valioso para as eleições de meio de mandato, durante as quais esperam retomar o controle do Congresso.

Uma influência sem precedentes para um presidente americano que foi derrotado após um único mandato.

O terrível balanço da pandemia durante sua presidência e "um discurso perigoso aparentemente não são suficientes para os republicanos romperem com um presidente perdedor", disse um porta-voz do Partido Democrata, Ammar Moussa.

Acusado pela Câmara de Representantes de "incitar a insurreição" no ataque ao Capitólio, Trump foi absolvido pelo Senado em fevereiro após um segundo julgamento de impeachment, por falta de votos do lado republicano.

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