Durban, África do Sul - Os distúrbios e saques na África do Sul, que já deixaram ao menos 121 mortos, foram provocados e planejados, afirmou o presidente Cyril Ramaphosa nesta sexta-feira (16/), em Durban, porto da região de Kwazulu-Natal (leste), tomada por uma onda de violência há uma semana.
"Foram provocados, há pessoas que planejaram e coordenaram isso. Vamos processar essas pessoas. Identificamos um bom número delas. Não permitiremos a anarquia e o caos" no país, acrescentou Ramaphosa. A polícia sul-africana investiga 12 suspeitos de estarem por trás da explosão de violência dos últimos dias.
Na quinta-feira (15/7), o governo anunciou que "uma dessas pessoas já foi detida, e a vigilância das outras 11 foi reforçada". A ministra da Presidência, Khumbudzo Ntshavheni, denunciou "uma sabotagem econômica".
Os primeiros incidentes explodiram na semana passada, um dia depois da prisão do ex-presidente Jacob Zuma. Ele foi condenado a passar 15 meses atrás das grades por desacato à Justiça. Os incidentes se espalharam para a região metropolitana de Joanesburgo, em meio ao desemprego galopante e às novas restrições para combater a pandemia da covid-19 no país.
Autoridades sanitárias locais e a Organização Mundial da Saúde (OMS) expressaram preocupação com o fato de que as recentes manifestações e os saques em massa vão causar um aumento dos casos. A África do Sul passa por uma terceira onda terrivelmente mortal, alimentada pela variante Delta do coronavírus. É o país africano mais afetado pela covid-19, com 2,2 milhões de casos e quase 66 mil mortes.
Nesta primeira visita ao local dos incidentes desde o início da crise, uma das mais graves desde o fim do Apartheid, o presidente garantiu que está em contato permanente com as autoridades da província e policiais.
Ramaphosa disse estar "extremamente preocupado com o que aconteceu". Segundo ele, a violência na província de Zulu deixou 95 mortos.
"Estabilidade"
A destruição "nos faz regredir, em termos de recuperação econômica", lamentou o presidente. "Poderíamos ter feito melhor. Fomos surpreendidos pela situação', admitiu, respondendo às críticas à ação do governo.
Mas esta situação "poderia ter sido muito pior", se a polícia não tivesse agido, avaliou ele.
O presidente também prometeu que até 25 mil soldados, dez vezes mais do que no início da semana, serão destacados para garantir a relativa calma restaurada em Joanesburgo. Até o momento, mais de 2.000 pessoas foram presas, de acordo com o último balanço.
A situação melhora claramente em Joanesburgo. A megalópole está "bastante calma", disse Ntshavheni na quinta-feira, atribuindo a diminuição no número de incidentes ao envio de soldados para reforçar a polícia.
Em KwaZulu-Natal (KZN), "as coisas estão melhorando" também, afirmou a ministra da Presidência, acrescentando que "estamos no caminho da estabilidade", mas ainda não é muito sólido.
Indignados com sua prisão, apoiadores do ex-presidente Jacob Zuma bloquearam estradas e queimaram pneus na região, antes que a violência - incêndios, destruição e saques - se alastrasse para Joanesburgo, a maior cidade e pulmão econômico do país.
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