A Coreia do Sul vive uma onda antifeminista que reivindica desde a eliminação do Ministério da Igualdade de Gênero ao fim da política de cotas.
No entanto, a potência econômica mundial, líder no setor de tecnologia, continua a ser uma sociedade profundamente patriarcal com pouco respeito pelos direitos das mulheres.
Nos últimos anos, o movimento #MeToo deu voz às mulheres que, entre outras coisas, reivindicam a legalização do aborto e denunciam gravações de vídeos pornográficos com câmeras escondidas.
Feministas mais radicais juram que nunca se casarão, não terão filhos ou relações sexuais com homens. Outras destroem suas maquiagens para criticar padrões de beleza.
Porém, nos últimos meses, um movimento em sentido contrário invade a internet e as redes sociais.
Grupos antifeministas, muitos de direita, atacaram a tricampeã do tiro com arco nos Jogos de Tóquio, An San, por seus cabelos curtos, exigindo que a atleta devolvesse as medalhas e pedisse desculpas.
Políticos conservadores se aproveitam
Criado em fevereiro, o canal no Youtube de um desses movimentos tem mais de 300 mil seguidores.
Recentemente, conseguiram um pedido de desculpas de uma empresa, e até de um Ministério, por uma campanha publicitária que, segundo eles, usa imagens nas quais "feministas radicais" debocham de pênis pequenos.
Muitos rapazes se sentem injustiçados e veem no serviço militar obrigatório uma discriminação que atrasa a sua entrada no mercado de trabalho e do qual as mulheres estão isentas.
Oh Jae-ho, do Instituto de Pesquisa Gyeonggi, acredita que a porcentagem de mulheres no mercado de trabalho aumentou nas últimas décadas, enquanto o serviço militar continua exclusivamente masculino. “Eles têm a sensação de que estão sendo injustamente solicitados a compensar os privilégios sexistas dos homens de gerações anteriores”, acrescenta.
Jinsook Kim, pesquisadora da Universidade da Pensilvânia, acredita que políticos se aproveitam do ressentimento de homens frustrados para tentar garantir seus votos.
O deputado Ha Tae-keung, candidato à presidência do conservador Partido do Poder Popular (PPP), pediu a eliminação do Ministério da Igualdade de Gênero para reduzir "o enorme custo social causado pelas divisões em questões de gênero".
O líder do PPP, Lee Jun-seok, fez o mesmo pedido e, em várias ocasiões, se opôs à inclusão de cotas para favorecer o acesso das mulheres a determinados cargos.
Lee acredita que as jovens não enfrentam mais discriminação nem no acesso à educação, nem no mercado de trabalho.
No entanto, entre os países da OCDE, a Coreia do Sul é o que tem a maior disparidade salarial por gênero.
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