AFEGANISTÃO

"A guerra acabou", diz Mohammed Naeem, porta-voz do Talibã no Catar

O talibã disse ver um "futuro brilhante para o afegão" e assegurou que o novo governo pretende manter relações diplomáticas com todo o mundo, mas avisou: "Não permitiremos que ninguém interfira em nossos assuntos"

Rodrigo Craveiro
postado em 24/08/2021 06:00
 (crédito: PMNews/Reprodução)
(crédito: PMNews/Reprodução)

Porta-voz do escritório político do Talibã em Doha, no Catar, Mohammed Naeem afirmou ao Correio, por meio do WhatsApp, que as forças estrangeiras devem cumprir com o cronograma de retirada — até 31 de agosto. “O Acordo de Doha deu às forças estrangeiras a oportunidade de se retirarem de nosso país sob um pacto. Elas devem sair, e não permanecer por mais tempo”, advertiu.

Questionado sobre possíveis consequências, caso os militares adiem a saída, Naeem afirmou que as tropas “querem deixar o Afeganistão”. O talibã disse ver um “futuro brilhante para o afegão” e anunciou: “A guerra acabou”. Naeem assegurou que o novo governo do Talibã pretende manter relações diplomáticas com todo o mundo, mas avisou: “Não permitiremos que ninguém interfira em nossos assuntos”.

Os EUA prometeram a retirada militar para 31 de agosto. Qual será a reação do Talibã se esse prazo for prorrogado?
Nós esperamos que as forças estrangeiras completem sua retirada de acordo com a data estabelecida por eles. A situação de segurança no aeroporto é bem estável. O Acordo de Doha deu às forças estrangeiras a oportunidade de se retirarem de nosso país sob um pacto. Elas devem sair, e não permanecer por mais tempo.

O Talibã está facilitando a retirada dos civis e militares estrangeiros que ainda estão no Afeganistão?
Esforços estão em andamento para resolvermos este assunto em breve. Nós esperamos que este tema seja resolvido por meio do diálogo.

Quais serão as consequências, caso eles não saiam antes?
Nós não esperamos que fiquem por mais tempo, pois eles também querem deixar o Afeganistão.

Que futuro vocês vislumbram para o Afeganistão?
Nós antevemos um futuro brilhante para o Afeganistão. Havia dois grandes problemas em nosso país que tornaram a vida da população mais difícil e impediram o progresso: a ocupação e a guerra. Agora, a guerra acabou. Os afegãos são um povo corajoso e humilde. Agora a hora é deles. O apelo que fazemos para a comunidade internacional é para que ajudem o povo afegão. Essa nação tem estado em apuros há quatro décadas. Agora que o Afeganistão deu um suspiro de alívio, todos deveriam ajudar e apertar as mãos.

Como vê o fato de que alguns países não pretendem manter relações diplomáticas com o Talibã?
Nós queremos boas relações com a comunidade internacional e com os vizinhos do Afeganistão. Nós ainda temos relações com estas nações. Não permitiremos que ninguém use o solo afegão contra terceiros. E não permitiremos que ninguém mais interfira em nossos assuntos.

Há denúncias de que o Talibã violaria direitos humanos no Afeganistão. O que tem a dizer sobre isso?
Nós estamos comprometidos com os direitos humanos, com os direitos das minorias e com os princípios universais, à luz dos valores e dos recursos naturais de nosso povo e de nosso país. Atualmente, mulheres trabalham e estudam em Cabul e em outras cidades. 

 

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