Os marroquinos votaram nesta quarta-feira (8) nas eleições legislativas e locais que vão decidir o futuro do islâmico Partido Justiça e Desenvolvimento (PJD), há uma década no poder e que denunciou "graves irregularidades" durante as votações.
As colégios eleitoras encerraram às 19h locais (15h em Brasília) e a contagem dos votos já começou, confirmaram os jornalistas da AFP.
De acordo com a imprensa local, o Ministério do Interior anunciará os primeiros resultados provisórios às 00h30 locais (20:30h em Brasília). O resultado final deve ser conhecido na quinta-feira.
“Acompanhamos com grande preocupação o desenrolar das eleições a nível nacional. Observamos várias irregularidades”, afirmou o governante Partido da Justiça e Desenvolvimento (PJD) em comunicado publicado à tarde.
Este partido islâmico moderado denunciou "a distribuição obscena de dinheiro" perto das seções eleitorais, assim como a "confusão" sobre algumas listas eleitorais, já que alguns cidadãos não conseguiram encontrar seus nomes nelas.
O PJD instou as autoridades a intervirem "severa e rapidamente" para não "manchar a transparência das eleições".
A taxa de participação atingiu 36% em todo o país às 17h, de acordo com o Ministério do Interior.
"Desde de manhã, a adesão dos cidadãos é notável, talvez uma prova de que a taxa de participação será respeitável e isso é muito importante", comentou o chefe de governo Saad-Eddine El Othmani, o secretário do PJD.
No entanto, é a primeira vez que os cerca de 18 milhões de eleitores votam em seus 395 deputados e mais de 31.000 governantes comunais e regionais.
Para o jornal L'Economiste, a taxa de participação é "a verdadeira chave das eleições" nesta quarta-feira. Nas legislativas de 2016, a participação ficou em 43%.
O chefe de governo sai do partido que liderar as eleições legislativas. Ele é nomeado pelo rei Mohamed VI e forma um Executivo por um mandato de cinco anos.
Neste país de 36 milhões de habitantes, porém, as grandes decisões em setores estratégicos, como agricultura, energia e indústria, partem de iniciativas do monarca.
O PJD, liderado pelo primeiro-ministro em final de mandato Saad-Eddine El Othmani, espera se reeleger para um terceiro mandato.
O partido conquistou uma vitória eleitoral histórica após os protestos do "Movimento de 20 de fevereiro" - versão marroquina da Primavera Árabe de 2011 - que exigia o fim da "corrupção e do despotismo".
Reforma eleitoral
Por duas semanas, a campanha eleitoral - marcada pela ausência de grandes comícios devido à pandemia - foi bastante apática.
Nos últimos dias, porém, o tom subiu entre o PJD e seu adversário liberal, a União Nacional de Independentes (RNI), os dois favoritos na disputa.
Outros partidos que se destacam, segundo a imprensa local, são os liberais Partido Autenticidade e Modernidade (PAM) e o Partido de Istiqlal (centro-direita), ambos na oposição.
Durante a campanha, o PJD denunciou o uso "massivo" de dinheiro para comprar candidatos e votos, mas sem fornecer nomes. Já o líder do PAM, Abdellatif Ouahbi, acusou diretamente o RNI, que negou os fatos.
Com essas eleições, será a primeira vez desde seu início no Marrocos em 1960 que a distribuição de cargos será calculada a partir do número de eleitores inscritos, e não segundo os votantes.
Este novo cálculo prejudicará os grandes partidos e beneficiará os pequenos. Apenas o PJD se opôs à reforma.
Se obtivesse o mesmo resultado de 2016, o partido islâmico obteria, segundo estimativas, entre 80 e 85 cadeiras, ante 125 da época. Se ele vencer novamente, isso complicará a formação de uma nova coalizão de governo.
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